Entre as andanças e as travessias nas ruas da cidade: territórios e uso de drogas pelos moradores de rua
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2019.1.30759Palavras-chave:
Territórios de drogas, Moradores de rua, Políticas públicas.Resumo
Esse artigo é parte de uma pesquisa etnográfica concluída em 2016. Propõe-se aqui discutir os territórios de drogas apropriados pelos moradores de rua que vivem na região central de Belo Horizonte, os sistemas de significados e os usos de drogas e sua representação simbólica. A organização dos espaços urbanos pelos moradores de rua que fazem uso de drogas segue uma lógica própria decorrente dos significados a eles atribuídos, da forma de percepção da cidade e de sua funcionalidade para acessar recursos necessários à sua condição de vida. A compreensão da forma de organização dos espaços urbanos foi possibilitada pelo mapeamento realizado juntamente com interlocutores e participantes dessa investigação nas “andanças e travessias”. Foi constatado que as definições dos limites físicos da cidade servem para demarcar as desigualdades e diferenças sociais e sustentam as políticas de drogas proibicionistas e as intervenções de controle social.
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