Quando os ritmos corporais dos pedestres nos espaços públicos urbanos revelam ritmos da urbanização

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2016.1.22234

Palavras-chave:

Ritmanálise (Henri Lefebvre). Mudança social. Vida cotidiana. Ritmo. Espaço urbano.

Resumo

Cabe evidenciar duas contribuições metodológicas da ritmanálise de Henri Lefebvre para o problema de como sociedade se transforma pela mediação de práticas sociais que se (re)produzem nos e através dos objetos e espaços mais ou menos tecnológicos que povoam a vida cotidiana em cidades impactadas pela possibilidade da modernidade. Elucidarei primeiramente a ritmanálise, e sua articulação com o pensamento lefebvriano. Virá à tona então a peculiaridade teórica de meu argumento, cuja pertinência empírica demonstrarei brevemente na sequência. Recorrendo a dados fotográficos e etnográficos de minha pesquisa sobre as ruas e praças públicas do perímetro historicamente mais antigo da São Paulo atual (Frehse, 2011), demonstrarei o que corpos humanos que passam ou se deixam ficar fisicamente com regularidade ali revelam sobre o ritmo das mudanças socioculturais nessa megacidade atualmente – e, assim, sobre a ritmanálise como via de apreensão empírica de indícios da mudança social possível na vida cotidiana, no espaço urbano.

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Biografia do Autor

Fraya Frehse, Universidade de São Paulo (USP), SP, Freie Universität Berlin, Berlim

Fraya Frehse é professora do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, onde coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Sociologia do Espaço. Bacharel e licenciada em ciências sociais, mestre e doutora em antropologia social pela mesma Universidade, Frehse é pós-doutora em sociologia (da cidade) pela Freie Universität Berlin e pela Humboldt-Universität zu Berlin sob os auspícios da Alexander von Humboldt Foundation. Foi pesquisadora visitante na Universidade de Oxford, na École des Hautes Études en Sciences Sociales, na Freie Universität Berlin, na Humboldt-Universität zu Berlin e na Technische Universität Darmstadt, tendo sido titular da Cátedra “Sérgio Buarque de Holanda” de Estudos Brasileiros na Freie Universität Berlin. Com publicações em línguas diversas sobre temáticas relativas à cidade, ao espaço, à vida cotidiana e à imagem fotográfica, ela é também autora de Ô da Rua! O Transeunte e o Advento da Modernidade em São Paulo (Edusp, 2011) e de O Tempo das Ruas na São Paulo de Fins do Império (Edusp, 2005), além de organizadora de três dossiês sobre estudos urbanos e socioespaciais na América Latina em revistas acadêmicas nacionais e internacionais.

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Publicado

2016-05-20

Como Citar

Frehse, F. (2016). Quando os ritmos corporais dos pedestres nos espaços públicos urbanos revelam ritmos da urbanização. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 16(1), 100–118. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2016.1.22234