Cultivando e cristalizando resistências
práticas alimentares e de saúde nas literaturas e nos escritos indígenas Guarani e quilombolas
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-864X.2024.1.45793Palavras-chave:
saberes indígenas e quilombolas, história ambiental, Patrimônio Alimentar, sementes de milho sagradas, abelhas sem ferrãoResumo
As literaturas e os escritos indígenas e quilombolas podem ser pensados como fontes documentais que expressam o cotidiano de suas comunidades. Antônio Cândido (1982, 2006) em Literatura e sociedade e Os parceiros do rio Bonito nos sensibiliza para a importância das práticas alimentares e dos modos de vida que emergem de coletividades afrodescendentes, camponesas, indígenas e ribeirinhas. O objetivo deste artigo é discutir a resistência realizada pelas ações de proteção da diversidade das sementes do milho e das abelhas inscritas no patrimônio alimentar dessas comunidades com base nos registros dos saberes e dos modos de vida do povo Guarani e de povos quilombolas, diante dos impactos causados pelo uso indiscriminado de agrotóxicos e de sementes transgênicas. Busca-se, neste texto, uma abordagem que analise os saberes tradicionais pelo viés da história ambiental e da história da alimentação. As fontes indígenas e quilombolas analisadas foram: O presente de Jaxy Jaterê; Oremba’e Eí Yma Guare (O mel do passado); Modos de viver Guarani e o cultivo de sementes crioulas; e A terra dá, a terra quer.
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