Lygia Santos
A trajetória de uma intelectual negra no Rio de Janeiro (1934-1980)
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980864x.2021.3.40396Palavras-chave:
Intelectual negra, Identidade negra no Rio de Janeiro, História do samba e da negritudeResumo
O artigo analisa a trajetória e os projetos de identidade afro-brasileira agenciados por Lygia Santos. Mulher e intelectual negra, filha dos músicos Donga e Zaira de Oliveira, investiga-se a sua relação com a produção cultural no Rio de Janeiro no período entre 1934 a 1980, a partir da análise de sua posição social contextualizada em três configurações sócio-políticas: na sua família, no Renascença Clube e na “Casa de Lygia Santos”. Através desses espaços compreende-se a formação das identidades construídas pela personagem, bem como ela se tornou mediadora de projetos culturais associados às memórias e identidades negras no Rio de Janeiro. O artigo faz uso de testemunhos orais, pesquisas em jornais e arquivos para construir um perfil da trajetória e dos projetos da intelectual negra.
Downloads
Referências
ALBERTI, Verena; PEREIRA, Amilcar Araújo. Histórias do movimento negro no Brasil: depoimentos ao CPDOC. Rio de janeiro: Pallas: CPDOC-FGV, 2007.
ATHAYDE, Antônio Carlos. Clube do Samba começa a receber novos sócios com baile no Flamengo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 9, 23 jul. 1979b.
ATHAYDE, Antônio Carlos. Clube do Samba começa a se reunir depois do carnaval. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 9, 10 jan. 1979a.
BARROS, Maurício. Gilberto Gil – Refavela. Rio de Janeiro: Cobogo, 2017.
BASTOS, Rafael José de Menezes. Les Batuts – uma antropologia da noite parisiense. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 20, n. 58, p. 177-198, jun. 2005.
BENZECRY, Lena. Das Rodas de Samba às Redes do Samba – mediações e parcerias que promoveram o g0ênero musical à sociedade de consumo. 2008.
Dissertação. 150 f. (Mestrado em Memória Social) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
BOBBIO, Noberto. Intelectuais e política. São Paulo: Unesp, 1990.
BOJUNGA, Claudio, COUTINHO, Wilson. Tem grana no samba. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 fev. 1988. Caderno B, p. 4.
BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína (org.) Usos e Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 2005. p.181-191.
BRAGA, Amanda. História da beleza negra no Brasil – discursos, corpos e práticas. São Carlos: Edufscar, 2015.
BRASIL. Câmara dos Deputados Federais. Projeto de Lei nº 3152/80, 13 de junho de 1980. Declara de utilidade pública o “Renascença Clube”, com sede no município do Rio de Janeiro. Brasília, 1980.
CANCELI, Elizabeth; MESQUITA, Gustavo; CHAVES, Wanderson. Guerra Fria e Brasil – para a agenda de integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Alameda, 2019.
CHARLE, Christophe. Nascimento dos intelectuais contemporâneos (1860-1898). História e educação, Pelotas, n. 14, p. 141-156, set. 2003.
CHARTIER, Roger. Intelectual. In: BURGIE, A. Dicionário de Ciências Históricas. Rio de Janeiro: Imago, 1993, p. 446-551.
DIPLOMA de Lygia Santos no curso de magistério primário do Instituto de Educação, 1953. Arquivo Da Faculdade De Direito UFRJ. Pedido de diploma nº 23079.017801/03-30, 27 maio 2003.
DIPLOMA de Lygia Santos no ensino básico do Instituto de Educação, 1950. Arquivo Da Faculdade De Direito Da UFRJ. Pedido de diploma nº 23079.017801/03-30, 27 maio 2003.
DOMINGUES, Petrônio. Uma história não contada: negro, racismo e branqueamento em São Paulo no pós-abolição. São Paulo: Editora SENAC, 2019.
FONSECA, Victor Manuel Marques. No Gozo dos Direitos Civis: Associativismo no Rio de Janeiro, 1903-1916. Rio de Janeiro Arquivo Nacional, 2008.
GIACOMINI, Sonia Maria. A alma da festa: família, etnicidade e projetos num clube social da Zona Norte do Rio de Janeiro: o Renascença Clube. Belo Horizonte: Editora UFMG; Rio de janeiro: IUPERJ, 2006.
GOMES, Angela de Castro; HANSEN, Patrícia Santos. Intelectuais, mediação cultural e projetos políticos: uma introdução para a delimitação do objeto de estudo. In:
GOMES, Angela de Castro; HANSEN, Patrícia Santos (org.). Intelectuais mediadores – práticas culturais e ação política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016. p. 7-41.
GUIMARÃES, Antônio. Racismo e Anti-racismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2005.
HOOKS, bell. Intelectuais Negras. Estudos feministas, Campinas, ano 3, n. 2, p. 464-478, 1995.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação – episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2020.
MAIO, Marcos Chor. Costa Pinto e a crítica ao “negro como espetáculo”. In: COSTA PINTO, Luís A. O negro no Rio de Janeiro – relações de raça numa sociedade em mudança. Rio de Janeiro: UFRJ, 1998. p. 17-51.
MELO, Diogo Jorge de Melo. Na casa de Lygia Santos, a dama da sabedoria: Museologia, cultura e etnicidade em um projeto de vida. 2018. Monografia (Especialização em Relações Étnico-Raciais e Educação) – Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, Rio de Janeiro, 2018.
MOTA, Jackeline. Pro samba correr o mundo. Samba em Revista, Rio de Janeiro, n. 2, p. 4-11, 2009.
MOURA, Roberto. Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1995.
MUNANGA, Kabenguele. Reconstruíndo a mestiçagem. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.
NETO, Agenor Brito dos Santos; PEREIRA, Amilcar Araújo. “Legítimos propagadores do racismo negro”? o movimento negro contemporâneo e a luta contra o racismo durante a ditadura civil militar no Brasil. In: DELLAMORE, Carolina; AMATO, Gabriel; BATISTA, Natália (org.). A ditadura aconteceu aqui. São Paulo: Letra e Voz, 2017. p. 107-129.
NOGUEIRA, Oracy. Preconceito Racial de marca e preconceito racial de origem. Tempo Social, revista de sociologia da USP, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 267-298, nov. 2006.
O’DONNELL, Julia. A invenção de Copacabana – cultura urbana e estilos de vida no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
OLIVEIRA, Samuel Silva Rodrigues de. Zósimo Bulbul: a prática de história oral no Centenário da Abolição (1988) e a história de vida de um artista negro (1937-1959). História Oral, Rio de Janeiro, v. 24, p. 239-257, 2021.
PEREIRA, Amilcar Araújo. “O Mundo Negro”: a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil (1970-1995). 2010. 268 f. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010.
PINTO, Luís A. Costa. O negro no Rio de Janeiro – Relações de raça numa sociedade em mudança. 2. ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 1998.
RATTS, Alex. Eu sou atlântica – sobre a trajetória e vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial, 2001.
REGISTRO social. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, p. 15, 16 jul. 1957.
SANSONE, Lívio. Negritude sem etnicidade: o local e o global nas relações raciais e na produção cultural negra do Brasil. Salvador: Edufba, 2004.
SANTOS, Joel Rufino dos. O movimento negro e a crise brasileira. Política e Administração, Rio de Janeiro, v. 2, p. 287-307, jul./set. 1985.
SANTOS, Lygia. Lygia Santos. In: COSTA, Haroldo. Fala, Crioulo. Rio de Janeiro: Record, 1982. p. 159-169.
SANTOS, Lygia; SILVA, Marília Trindade Barboza. Paulo Portela: traço de união entre duas culturas. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1980.
SANTOS, Márcia. [Entrevista concedida à Diogo Melo no Museu da Imagem e do Som]. Rio de Janeiro, RJ, set. 2017.
SILVA, Joselina da. Jornal SINBA: a África na construção identitária brasileira dos anos setenta. In: MENDES, Amauri, SILVA, Joselina da (org.). O Movimento Negro Brasileiro – escritos sobre os sentidos de democracia e justiça social no Brasil. Belo Horizonte: Nandyala, 2009. p.184-206.
SILVA, Lúcia. A Paris dos trópicos e a Pequena África na época do Haussmann tropical. In: SANGLARD, Gisele; ARAÚJO, Carlos Eduardo Moreira; SIQUEIRA, José Jorge (org.). História Urbana – memória, cultura e sociedade. Rio de Janeiro: FGV, 2013. p. 201-225.
SILVA, Lúcia. Freguesia de Santana na cidade do Rio de Janeiro – territórios e etnia no último quartel do século XIX. Revista Eletrônica do Centro Interdisciplinar de Estudos sobre a Cidade, Rio de Janeiro, v. 7, n. 10, p. 262-281, jan./ago. 2015.
SIRINELLI, Jean-François. Os intelectuais franceses: um objeto para história do tempo presente? In: DUTRA, E. (org.). O Brasil em dois tempos. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. p.129-141.
SIRINELLI, Jean-François. Os intelectuais. In: REMOND, Rene. Por uma história política. Rio de Janeiro: FGV, 1996. p. 231-271.
SOARES, Carlos Eugênio Líbano. Valongo, cais dos escravos: memória da diáspora e modernização portuária na cidade do Rio de Janeiro, 1668-1911. 2013. 127 f. Relatório de Estágio pós doutoral. Programa de Pós-graduação em Arqueologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
SOARES, Carlos Eugênio Líbano. Valongo. In: GOMES, Flávio; SCHWARCZ, Lilia M. Dicionário da Escravidão e Liberdade. São Paulo: Cia. das Letras, 2018. p. 419-426.
VELHO, Gilberto. Memória, identidade e projeto. In: Projeto e metamorfoses – antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. p. 97-106.
VIANNA, Hermano. O mistério do samba. Rio de Janeiro: Zahar: Ed. UFRJ, 2002.
XAVIER, Giovanna. Intelecutais Neg@s no pós-abolição: ativismo científico e curadoria no ensino de História. In: “A gente só sabe o final quando se encerra”: novas formas de ensinar e apreender histórias do Brasil Repúblicano. Niterói: Eduff, 2021. p. 17-49.
XAVIER, Giovanna. Maria de Lourdes Vale Nascimento: uma intelectual negra do pós-abolição. Niterói: Eduff, 2020.
ZAÍRA, Márcia. [Entrevista concedida à Diogo Melo na residência de Lygia Santos]. Rio de Janeiro, RJ, set. 2017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Diogo Jorge de Melo, Samuel Silva Rodrigues de Oliveira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Estudos Ibero-Americanos implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Estudos Ibero-Americanos como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.