O protagonismo midiático da multidão nos movimentos sociais
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-864X.2016.3.23604Palavras-chave:
movimentos sociais, multidão, sociologia das mídias, redes sociais electrônicasResumo
A importância adquirida por movimentos sociais e pela sua expressão multitudinária e midiática na vida política e social de países como o Egito, a Tunísia, o Brasil, a Turquia ou a Ucrânia é aceita com unanimidade pelos analistas na imprensa e nos estudos acadêmicos. Este artigo pretende refletir sobre aspectos que, todavia, não parecem estar devidamente identificados e estabelecidos: o momento de multidão como, ainda e sempre, o ponto de viragem no impacto de um movimento social; a relevância da multidão para além do eventual fracasso dos objetivos que a motivaram; a explicação da manutenção da importância das midias “tradicionais” na era da Internet e das redes sociais eletrônicas; a filiação histórica das principais características do fenômeno multitudinário e o acento correto no que é realmente novo, caso do marcado empoderamento do indivíduo em algumas multidões contemporâneas, como as do Brasil em 2013, e a fluidez do ativismo nas democracias desenvolvidas.
Downloads
Referências
ANDERSON, Benedict. Imagined Communities. Londres: Verso, 1991.
ASWANY, A. A. O Estado do Egito. O que tornou a revolução possível. Lisboa: Quetzal, 2011.
BAUDRILLARD, Jean. À l'ombre des majorités silencieuses. Paris: Éditions Denoël/ Gonthier, 1982.
BORCH, Christian. The Politics of Crowds. Cambridge: Cambridge University Press, 2013.
BOUGNOUX, Daniel. La crise de la représentation. Paris: La Découverte, 2006.
CARDOSO, Gustavo; DI FÁTIMA, Branco. Movimento em Rede e Protestos no Brasil: Qual Gigante Acordou? In: Revista Eco- Pós. Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 143-176, maio/ago. 2013. Disponível em: . Acesso em: 03 jul. 2014.
CASTELLS, Manuel. Communication Power. Oxford: Oxford University Press, 2009. ______. Networks of Outrage and Hope. Cambridge: Polity, 2013.
CHAMPAGNE, Patrick. Faire l'opinion. Paris: Les Éditions de Minuit, 1990.
CHIAROMONTE, Alessandro. Party-System Volatility, Regeneration and De- Institutionalization in Western Europe (1945-2015). In: Party Politics, 2015. p. 1-13. Disponível em: <http://ppq.sagepub.com/content/early/2015/08/24/13540688 15601330. full>. Acesso em: 06 Abr. 2016
COOLEY, Charles Horton. Democracy and Crowd Excitement. Social Organization, Nova York: Charles Scribner's Sons, 1909. p. 149-156.
DELLA PORTA, Donatella; DIANI, Mario. Los Movimientos Sociales. Madrid: Editorial Complutense, 2011.
ELTANTAWY, N.; WEST , J. B. Social Media in the Egyptian Revolution: Reconsidering Resource Mobilization Theory. In: International Journal of Communication, v. 5, p. 1207-1224, 2011.
FILLIEULE, Olivier; MATHIEU, Mathieu; PÉCHU, Cécile (Dir.). Dictionnaire des mouvements sociaux. Paris: Sciences Po. Les Presses, 2009.
FILLIEULE, Olivier; PÉCHU, Cécile. Lutter ensemble. Paris: L'Harmattan, 2014.
FILLIEULE, Olivier; TARTAKOWISKY, Danielle. La manifestation. Paris: Sciences Po. Les Presses, 2008.
FILLIEULE, Olivier; AGRIKOLIANSKY, Éric; SOMMIER, Isabelle (Dir.). Penser les mouvements sociaux. Paris: La Découverte, 2010.
FISHMAN, Robert M. Democratic Practice after the Revolution: The Case of Portugal and Beyond. In: Politics & Society, v. 39, n. 2, p. 233-267, 2011. http://dx.doi. org/10.1177/0032329211405439
FOMINAYA, Cristina Flesher. The Madrid Bombings and Popular Protest: misinformation, Counter-Information, Mobilisation and Elections after '11-M'. In: DRURY, John; STOTT Clifford (Ed.). Crowds in the 21st Century. Londres: Routledge, 2011. p. 17-35.
GHONIM, Wael. Revolution 2.0. Boston, Ms: Houghton Mifflin Harcourt, 2012.
GITLIN, Todd. The Whole World is Watching. Berkeley, CA: University of California Press, 2003.
GITLIN, Todd. Occupy Nation. Nova York: Harper Collins, 2012.
GLADWELL, Malcolm. The Tipping Point. Little: Brown, 2000.
GOODWIN, Jeff; JASPER, James M.; POLETTA, Francesca (Ed.). Passionate Politics. Chicago; Londres: Chicago University Press, 2001.
HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Multidão. Porto: Campo das Letras, 2005.
KATZ, Eliuh; LAZARSFELD, Paul. Personal Influence. Nova York: The Free Press, 1955.
KOOPMANS, Ruud. Movements and Media: Selection Processes and Evolutionary Dynamics in the Public Sphere. In: Theory and Society. v. 33, n. 3-4, p. 367-391, 2004.
LIMA, Fernando. O Meu Tempo com Cavaco Silva. Lisboa: Bertrand, 2004.
MATHIEU, Lilian. La démocracie protestataire. Paris: Sciences Po. Les Presses, 2011.
MCCLELLAND, J. S. The Crowd and the Mob. Londres: Unwin Hyman, 1989.
NEVEU, Érik. Médias et protestation collective. In: FILLIEULE, Olivier;AGRIKOLIANSKY Éric; SOMMIER, Isabelle (Dir.). Penser les mouvements sociaux. Paris: La Découverte, 2010. p. 245-264.
NEVEU, Érik. Sociologie des mouvements sociaux. Paris: La Découverte, 2011. Noelle -Neumann , E. The Spiral of Silence. Chicago: Chicago University Press, 1975.
NUNNS, A.; IDLE, N. Tweets from Tahrir. New York: OR Books, 2011. Disponível em: <http://books.google.pt/books?id=5umjr9H-cH8C&printsec=frontcover&hl=pt- PT#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 02 jul. 2014.
ROSANVALLON, Pierre. La contre-démocracie. Paris: Seuil, 2006.
SCHNAPP, Jeffrey T.; TIEWS, Matthew (Ed.). Crowds. Stanford, CA: Stanford University Press, 2006.
SIMMEL, Georg. On Individuality and Social Forms. Chicago;
Londres: The University of Chicago Press, 1971.
SOLÉ, Jacques. Révolutions et révolutionnaires en Europe, 1789-1918. Paris: Gallimard, 2008.
SOLHA, Hélio L. A Media e as manifestações de junho: controle e disputa. 2013. In: HAROCHE, Claudine; LOPES Myriam Bahia; DÉLOYE, Yves (Org.). Ensaios sobre a arrogância. Belo Horizonte: NEHCIT/EA UFMG, 2015. p. 72-82.
SOMMIER, Isabelle. Le renouveaux des movements contestataires à l'heure de la mondialisation. Paris: Flammarion, 2003.
TARDE, Gabriel. A Opinião e as Massas. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
TILLY, Charles. The Politics of Collective Violence. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.
TILLY, Charles; WOOD, Lesley J. Social Movements: 1768-2008. Boulder, Londres: Paradigm, 2009.
TILLY, Charles; TARROW, Sidney. Contentious Politics. Oxford: Oxford University Press, 2007.
TÖNNIES, Ferdinand. Comunidad y Asociación. Barcelona: E. Península, 1979.
TORRES, Eduardo Cintra. Representações da Multidão Política na Televisão. In: Freire FILHO, João; BORGES, Gabriela (Eds.). Estudos de Televisão. Porto Alegre: Sulina, 2011. p. 149-180.
TORRES, Eduardo Cintra. A Multidão e a Televisão. Representações Contemporâneas da Efervescência Colectiva. Lisboa: Universidade Católica Editora. 2013a.
______. Durkheim's Concealed Sociology of the Crowd. In: Durkheimian Studies, British Centre for Durkheimian Studies, University of Oxford, v. 20, n. 1 (26), p. 89-114, Winter 2014. Disponível em: <http://berghahn.publisher.ingentaconnect.com/ content/berghahn/durk/2014/00000020/00000001/art00005>. Acesso em: 06 abr. 2016.
______. A Multidão Medieval e Moderna: Representações Políticas em Fernão Lopes e D. Francisco Manuel de Melo. In: SILVA, Pedro Alcântara da; SILVA, F. Carreira da (Org.). Ciências Sociais: Vocação e Profissão. Lisboa: ICS, 2013b. p. 95-116.
______. Representação Ficcional da Greve Geral e da Multidão Operária no Porto em 1903. In: LOURENÇO, A. A; SANTANA, M. Helena; SIMÕES, M. João (Coord.). O Século do Romance. Coimbra: Centro de Literatura Portuguesa, 2013c. p. 75-87.
______. An Early Example of Media, Social Movements and Crowd Interaction: The Oporto General Strike of 1903. In: TORRES, Eduardo Cintra; MATEUS, Samuel (Ed.). From Multitude to Crowds: Collective Action and the Media. Frankfurt: Peter Lang Ed., 2015. p. 111-141.
TURNER, Ralph H.; KILLIAN, Lewis M. Collective Behavior. 3. ed. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall. 1987.
VV.AA. Cidades Rebeldes. S.l: Carta Maior e Boitempo. 2013. Disponível em: <http://ujceara.files.wordpress.com/2014/01/cidadesrebeldes-passelivreeasmanifestac3a7c3b5 esquetomaramasruasdobrasil.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2014.
WOUTERS, Ruud. From the Street to the Screen: Characteristics of Protest Events as Determinants of Television News Coverage. In: Mobilization, v. 18, n. 1, p. 83-105, 2013.
ZOLA, Émile. Germinal. Paris: Gallimard. 1978. Recebido: 09 de março de 2016
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2016 Eduardo Cintra Torres
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Estudos Ibero-Americanos implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Estudos Ibero-Americanos como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.