Cicatrizes da memória: fotografias de desaparecidos políticos em acervos de museus

Autores

  • Maria Letícia Mazzucchi Ferreira Universidade Federal de Pelotas e PUCRS
  • Francisca Ferreira Michelon Universidade Federal de Pelotas e PUCRS

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-864X.2015.1.20716

Palavras-chave:

Museus de memória, fotografia, direitos humanos.

Resumo

A partir das relações entre imagem e presentificação, o texto analisa os sentidos que os retratos de vítimas das ditaduras apresentam quando são instituídos como acervos museológicos. Na análise, consideram-se dois aspectos: a condição documental da fotografia e o processo de musealização do documento ao ser exposto. A trama da análise centra-se nos conceitos de memória. Por meio deles, verifica-se um campo de relações em que o apelo ao sentido temporal da indissociabilidade passado-presente e a expressão de uma violência inesquecível somam-se na figuração de certa continuidade. Desse modo, entende se a fotografia como uma prática discursiva que, no lugar museu (instituição de memória), instala-se como cicatriz: uma marca de sofrimento.

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Biografia do Autor

Maria Letícia Mazzucchi Ferreira, Universidade Federal de Pelotas e PUCRS

Professora Associada da Universidade Federal de Pelotas. Atua como docente e pesquisadora na área de Patrimônio, principalmente nos seguintes temas: patrimônio industrial, patrimônio imaterial, políticas públicas de patrimônio, memória, museus. É docente no Programa de Pós-Graduação (Mestrado/Doutorado) em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas.

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Publicado

2015-07-16

Como Citar

Ferreira, M. L. M., & Michelon, F. F. (2015). Cicatrizes da memória: fotografias de desaparecidos políticos em acervos de museus. Estudos Ibero-Americanos, 41(1), 79–97. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2015.1.20716