A distopia como caminho
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2024.1.45660Palavras-chave:
distopia, utopia, ficção científica, literatura, literatura contemporânea.Resumo
Neste trabalho, proponho reflexões sobre os possíveis papéis que a distopia pode estar exercendo no mundo contemporâneo e potenciais alternativas para o futuro, que fujam de uma resignação ou resiliência coletiva. Para isso, faço uma aproximação e uma análise das palavras “distopia” e “utopia”, considerando como esses dois termos têm sido colocados em jogo no panorama contemporâneo a partir de conceitos trabalhados por Hilário (2013) sobre a proposta por trás das obras distópicas, principalmente pela figura do “alarme de incêndio”, em teoria, responsável por evitar desastres futuros, e de considerações sobre os eventuais males que a abundância de obras distópicas podem trazer ao imaginário contemporâneo. A discussão é permeada pela questão da crise climática, um tema que vem sendo cada vez mais explorado em obras de ficção científica, geralmente por um viés catastrófico. Esses temas têm como fio condutor a literatura e a imaginação: de que maneira uma influencia a outra? A partir do termo “pessimismo cruel”, trazido por Mitchell (2022), pode-se estabelecer um paralelo de que o pessimismo e o luto que vivemos enquanto sociedade do capitalismo tardio, em que é difícil enxergar alternativas possíveis e mais humanas do futuro, o papel das distopias pode precisar de uma mudança, pois cabe argumentar que elas, ao invés de nos alertarem sobre um perigo iminente, agem no sentido de corroborar os problemas que já enfrentamos. Ao fim, sugiro que pensemos em uma nova página para as obras distópicas, que propiciem uma outra maneira de olhar para o futuro da humanidade dentro da literatura.
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