Antropoceno e meio ambiente em arena

uma leitura ecocrítica de Jogos vorazes, de Suzanne Collins

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7726.2024.1.45720

Palavras-chave:

Antropoceno, distopia, ecocrítica, meio ambiente, Jogos Vorazes.

Resumo

O presente artigo pretende apresentar uma leitura ecocrítica do primeiro volume da trilogia Jogos vorazes, da escritora norte-americana Suzanne Collins, a fim de analisar a questão do Antropoceno e a questão ambiental como fatores influentes na composição narrativa. O termo “Antropoceno” tem como gênesis o ano de 1995, com a proposição do cientista holandês Paul Crutzen sobre as alterações ambientais averiguadas nas últimas décadas, atribuindo-as como fatores resultantes dos atos humanos sobre o planeta Terra e seu ciclo natural. Portanto, a referida nomenclatura conceitua a era atual vigente e, por meio dos Estudos Ecocrítícos aplicados às artes – especialmente na literatura –, essa temática é tocante no que diz respeito ao protagonismo inconsequente desempenhado pelo homem em vista de seu crescimento político, social e econômico, o que permite observar tal postura como uma expressão dos anseios capitalistas da contemporaneidade. Por sua vez, o texto literário distópico potencializa essa interpretação pela sua proposta de ilustrar um mundo negativo e gerenciado por atos humanos individualistas a ponto de transformar o meio ambiente e os seres que o povoam em objetos manipuláveis por ordens totalitaristas. Logo, esta pesquisa é de cunho qualitativo e de natureza bibliográfica, desenvolvida a partir de contribuições de teóricos que discutem o Antropoceno, como Jedediah Purdy (2015), Jan Jagodzinski (2018), Anne Fremaux (2019), etc. Mediante este estudo, observou-se que Jogos Vorazes confirma a predominância de um cenário cada vez mais real e questionável ao expor um panorama sujeito aos ideais humanos de progresso, ao uso irresponsável dos bens naturais e por submeter os próprios indivíduos a valores que favoreçam o regime instaurado pelas classes mais desenvolvidas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ferdinando de Oliveira Figueirêdo, Universidade de Pernambuco (UPE), Petrolina, Pernambuco, Brasil.

Doutor em Literatura e Interculturalidade pela Universidade Estadual da Paraíba (PPGLI-UEPB). Docente da Universidade de Pernambuco (UPE), Campus Petrolina.

Referências

ARIAS-MALDONADO, Manuel. Environment and Society: Socionatural Relations in the Anthropocene. USA: Springer, 2015. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-319-15952-2

BEST, E. P. H. The phytosociological approach to the description and classification of aquatic macrophytic vegetation. In: SYMOENS, J. J. (Ed.). Handbook of vegetation science: Vegetation of inland waters. London: Kluwer Academic Publishers, p. 155-182., 1988. DOI: https://doi.org/10.1007/978-94-009-3087-2_5

BORLIK, Todd A. Ecocriticism and Early Modern English Literature: Green Pastures. New York: Routledge, 2011. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203819241

CARCOPINO, Jérôme. Roma no apogeu do Império. São Paulo: Companhia das Letras: Círculo do Livro, 1990. (A vida cotidiana).

CAVALIERI, Paola. A Missed Opportunity: Humanism, Anti-humanism and the Animal Question In: CASTRICANO, Jodey (Ed.). An Ethical Reader in a Posthuman World Animal Subjects. Canada: Wilfrid Laurier University Press, p. 97-123, 2008. DOI: https://doi.org/10.51644/9781554580774-006

COLLINS, Suzanne. Jogos Vorazes. Rio de Janeiro: Rocco Jovens Leitores, 2010.

CONNER, Jeffrey K. Ecological genetics of floral evolution. In: HARDER, Lawrence D.; BARRETT, Spencer C. H. Ecology and Evolution of Flowers. New York: Oxford University Press, p. 260-277, 2006. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780198570851.003.0014

ECONOMIDES, Louise. The Ecology of Wonder in Romantic and Postmodern Literature. USA: Palgrave Macmillan, 2016. DOI: https://doi.org/10.1057/978-1-137-47750-7

FARRIER, David. Anthropocene Poetics: Deep time, sacrifice zones and extinction. London: University of Minnesota Press, 2019. DOI: https://doi.org/10.5749/j.ctvc5pcn9

FELIPE, Sônia T. Antropocentrismo, sencientismo e biocentrismo: perspectivas éticas abolicionistas, bem-estaristas e conservadoras e o estatuto de animais não-humanos. Páginas de Filosofia, São Paulo, v.1. n. 1. p. 2-30, jan./jul. 2009. Disponível em <http://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index.php/PF/article/viewFile/864/1168>. Acesso em 11 nov. de 2021. DOI: https://doi.org/10.15603/2175-7747/pf.v1n1p2-30

FERBER, Michale. A Dictionary of Literary Symbols. 2ª. ed. New York: Cambridge University Press, 2007. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511481475

FREMAUX, Anne. After the Anthropocene: Green Republicanism in a Post-Capitalist World. United Kingdom: Palgrave Macmillan, 2019. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-030-11120-5

GARRARD, Greg. Ecocriticism. London: Routledge, 2004. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203644843

GLADWIN, Derek. Ecocritical and Geocritical Conjunctions in North Atlantic Environmental Multimedia and Place-Based Poetry. In: TALLY JR., Robert T.; BATTISTA, Christine M. (Eds.). Ecocriticism and Geocriticism: Overlapping Territories in Environmental and Spatial Literary Studies. England: Palgrave Macmillan, p. 37-54., 2016. DOI: https://doi.org/10.1057/9781137542625_3

HUXLEY, Aldous. Admirável Mundo Novo. Porto Alegre: Biblioteca Azul, 2014.

JAGODZINSKI, Jan. Introduction: Interrogating the Anthropocene. In: JAGODZINSKI, Jan (Ed.). Interrogating the Anthropocene: Ecology, Aesthetics, Pedagogy, and the Future in Question. Canada: Palgrave Macmillan, p. 1-71, 2018. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-319-78747-3_1

JAMESON, Fredric. O Inconsciente Político: A narrativa mcomo ato totalmente simbólico. São Paulo: Ática, 1992.

KLEIN, Naomi. A doutrina do choque: A ascensão do capitalismo de desastre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

MCEVOY-LEVY, Siobhan. Peace and Resistance in Youth Cultures: Reading the Politics of Peacebuilding from Harry Potter to The Hunger Games. USA: Palgrave Macmillan, 2018. DOI: https://doi.org/10.1057/978-1-137-49871-7

MEHNERT, Antonia. Climate Change Fictions: Representations of Global Warming in American Literature. New York: Palgrave Macmillan, 2016. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-319-40337-3

MOORE, Bryan L. Ecology and literature: ecocentric personification from antiquity to the twenty-first century. New York: Palgrave Macmillan, 2008.

MOORE, Jason William. Introduction: Anthropocene or Capitalocene? Nature, History, and the Crisis of Capitalism. In: MOORE, Jason William (Ed.). Anthropocene or Capitalocene? Nature, History, and the Crisis of Capitalism. USA: Kairos, p. 1-11, 2016.

NAYAR, Pramond K. Contemporary Literary and Cultural Theory: From Structuralism to Ecocriticism. London: Pearson, 2009.

NIXON, Rob. Slow Violence and the Environmentalism of the Poor. USA: Harvard University Press, 2011. DOI: https://doi.org/10.4159/harvard.9780674061194

ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

PURDY, Jedediah. After Nature: A Politics for the Anthropocene. London: Harvard University Press, 2015. DOI: https://doi.org/10.4159/9780674915671

REIS, Carlos; LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de Teoria da Narrativa. São Paulo: Editora Ática, 1988.

RENFREW, Jane M.; SANDERSON, Helen. Herbs and Vegetables. In: PRANCE, Sir Ghillean; NESBITT, Mark (Ed.). The Cultural History of Plants. New York: Routledge, p. 97-131, 2005.

ROGERS, Heaters. Green Gone Wrong: Dispatches from the Front Lines of Eco-Capitalism. London: Verso, 2010.

TREXLER, Adam. Anthropocene Fictions: The novel in a time of climate change. Charlottesville and London: University of Virginia Press, 2015. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctt13x1r99

WILLIAMS, Raymond. Cultura e materialismo. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

Downloads

Publicado

2024-08-27

Como Citar

Figueirêdo, F. de O. (2024). Antropoceno e meio ambiente em arena: uma leitura ecocrítica de Jogos vorazes, de Suzanne Collins. Letras De Hoje, 59(1), e45720. https://doi.org/10.15448/1984-7726.2024.1.45720

Edição

Seção

DOSSIÊ: Imaginações do Antropoceno na Literatura