Eu, Ota, rio de Hiroshima: o dia que virou noite, de Jean-Paul Alègre
mediação editorial e aproximação do jovem leitor da dramaturgia contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2023.1.44868Palavras-chave:
Leitura da dramaturgia., Texto cênico ou rubrica., Palco imaginário., Eu, Ota, rio de Hiroshima., Jean-Paul AlègreResumo
No artigo, investiga-se o texto dramatúrgico Eu, Ota, rio de Hiroshima: o dia que virou noite, do francês Jean-Paul Alègre, publicado no Brasil em 2020. Por meio de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa, aproximam-se considerações teóricas de sua temática, bem como da sua estrutura, considerando o gênero dramático. Na primeira parte, coloca-se a peça em diálogo com pressupostos de Walter Benjamin (1985) sobre a necessidade de se fazer um contraponto ao discurso historicista, além de discutir-se brevemente aspectos relacionados à leitura literária e à juventude por meio dos estudos de Michèle Petit (2013), Freddy Gonçalves da Silva (2021) e Sara Bertrand (2021). Na segunda parte, considerando o amplo escopo da dramaturgia, parte-se da história dos livros na interface com a leitura, observando coordenadas de Roger Chartier (2002) em diálogo com os pressupostos sobre o palco imaginário, tema específico da leitura da dramaturgia, aqui abordado a partir de Jean-Pierre Ryngaert (1996, 2013). No caso do texto em análise, as rubricas desempenham função decisiva e são analisadas a partir de Patrice Pavis (2007), Anatol Rosenfeld (2002) e Marta Morais da Costa (2016). Ao final, atesta-se que, no caso do texto em análise, o suporte impresso dá conta da estrutura da dramaturgia, que coloca rubricas e diálogos em simbiose, possibilitando arquitetar as cenas no palco imaginado, em um estímulo contínuo à atualização das cenas nesse espaço caro à dramaturgia. Ainda, é louvável como o texto cênico, ou seja, as rubricas, trabalha a favor da construção do referido palco, de modo a não sabotar a estrutura da dramaturgia, mas assumindo-a de modo amplo e até complexo, fazendo o leitor, por meio dela, chegar às estruturas imaginativas de que se fala.
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