Ler para escrever
da compreensão textual à (inter)ação social
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2023.1.44755Palavras-chave:
Leitura, Escrita, Inferência, Exame Celpe-BrasResumo
Nesta pesquisa, almejamos analisar de que modo a inferência, como habilidade sociocognitiva e sociointeracional acionada na leitura do texto motivador da tarefa 3 do Exame Celpe-Bras (2022), pode colaborar com a produção escrita exigida na tarefa. No âmbito teórico, concebemos, à luz da Linguística de Texto, que leitura e escrita abarcam domínios grafo-fonêmicos, semântico-cognitivos e pragmático-discursivos; e perspectivamos a inferência entre as dimensões do compreender e do (inter)agir. No âmbito metodológico, elegemos o texto como objeto de pesquisa ideologicamente afetado, sob a orientação de uma abordagem qualitativa e crítica; e instituímos os seguintes critérios de inclusão para a escolha da tarefa: exame mais recente; texto motivador escrito; e predomínio de informações implícitas no texto motivador. No âmbito analítico, constatamos que o enunciado enquadrou os/as examinandos/as em um cenário sociocultural possível; e que o texto (manchete, imagem e corpo do texto) possibilitou associar a inclusão de bonecas indígenas no catálogo a representatividade, valorização cultural, desconstrução de estereótipos etc. Salientamos, por fim, que as aulas de Português Brasileiro como Língua Adicional devem contemplar, cada vez mais, práticas pedagógicas que focalizem a língua(gem) em uso, perspectivando, portanto, leitura e escrita de modo integrado.
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