O corpo em sofrimento e a Irlanda dos millenials em “At the Clinic”, de Sally Rooney
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2023.1.44141Palavras-chave:
corpo, dor, normalidade, subjetividade, superação.Resumo
Sally Rooney é um fenômeno recente na literatura irlandesa, sendo considerada por críticos uma “nova Jane Austen” visto que suas narrativas abordam uma parcela da sociedade, correspondente a sua própria geração, a dos millennials, mas sob uma perspetiva irlandesa do período post-crash, momento de reconstrução econômica e social após o fracasso boom econômico, conhecido por Tigre Celta. Sendo assim, tomando como base o contexto histórico da Irlanda post-crash, neste artigo demonstro que no conto “At the Clinic” (2016), de Sally Rooney, o corpo é representado como local de sofrimento e ao mesmo tempo de superação. Pensando na forma como Dillane, McAreavery e Pine (2016), versam sobre o corpo em sofrimento, investiga-se a maneira pela qual Marianne e Connell, os dois protagonistas de “At the Clinic”, lidam com a (in)expressibilidade da dor, física e emocional. Para isso, a discussão também girará em torno daquilo que Chris Weedon (1987) quer dizer por senso comum e normalidade e se (e como) esses conceitos estão indiretamente presentes na maneira pela qual Connell e Marianne se relacionam em “At the Clinic”. Por fim, concluo que as subjetividades desses personagens principais se constroem mutuamente e que, para Marianne, ao mesmo tempo que ela precisa lidar com a dor física durante a extração de um dente inflamado em um consultório de dentista, ela também acaba lidando com as dores emocionais, causadas por sua família disfuncional e por uma sequência de relacionamentos abusivos. No entanto, quando olhamos de perto para as subjetividades que constituem Connell e Marianne, percebemos que o ponto nevrálgico de “At the Clinic” e Normal People é o fato de que o individual se torna político.
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