Entre a modernidade e a pós-modernidade: discurso e ensino
DOI:
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2014.3.18148Palavras-chave:
Ensino-aprendizagem de línguas. Escrita de si. Pós-modernidade. Subjetividade.Resumo
Este artigo tem por objetivo principal discutir o ensino de línguas, hoje, no contexto da chamada pós-modernidade, a partir de dois filmes e da obra O mestre ignorante, de Jacques Rancière. Num primeiro momento, discute rapidamente o contexto atual da pós-modernidade, para, em seguida, discutir uma possibilidade de ensino em geral e de línguas em particular. Propõe-se refletir sobre o mestre que ignora o que o aluno sabe, mas confia nas capacidades desse aluno, posição diferente da do “mestre transmissor de conhecimentos”, cujo ensino se pauta na racionalidade e se centra no professor. O mestre ignorante não indicia a falta de conhecimento na área em que atua, mas a abertura deixada por ele para que o aluno se posicione, se enganche em seu saber; o professor passa a funcionar, então, como “sujeito suposto saber”, como aquele que abre espaço para o desejo do aluno, para seus interesses, para a busca de conhecimento. Não seria essa uma boa maneira de instaurar a “verdadeira” aprendizagem, aquela que passa pelo corpo e se faz corpo, tornando do sujeito o que vem do outro, transformado pela singularidade de cada um? Nesse sentido, talvez não seja possível ensinar uma língua, mas é sempre possível criar condições para que a aprendizagem ocorra, com base na escrita de si.Downloads
Referências
ANDRÉ, Serge. Le transfert de Lacan. Bruxelles: Le Bord de l’Eau, 2014.
BAUMAN, Zigmunt [1998]. Globalização: as consequências humanas. Trad. de Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
BAUMAN, Zigmunt. Modernidade líquida. Trad. de Plínio Detzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BAUMAN, Zigmunt [2004]. Identidade. Trad. de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
BIRMAN, Joel. Subjetividade, contemporaneidade e educação. In: CANDAU, Vera Maria (Org.). Cultura, linguagem e subjetividade no
ensinar e aprender. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
CHARLES, Sébastien O individualismo paradoxal: introdução ao pensamento de Gilles Lipovetsky. In: LIPOVETSKY, Gilles; CHARLES, Sébastien. Os tempos hipermodernos. Trad. de Mário Vilela. São Paulo: Barcarolla, 2004. p. 13-48.
CORACINI, Maria José. Um fazer persuasivo: o discurso subjetivo da ciência. Campinas: Pontes; São Paulo: EDUC, 1991.
CORACINI, Maria José. O discurso da linguística aplicada e a questão da identidade: entre a modernidade e a pós-modernidade. In:
CORACINI, Maria José; BERTOLDO, Ernesto S. (Org.). O desejo da teoria e a contingência da prática: discursos sobre e na sala de aula. Campinas: Mercado de Letras, 2003. p. 87-115.
CORACINI, Maria José. A escrita de si na internet: histórias ao acaso e o acaso das histórias. In: SCHONS, Carme R.; RÖSING, Tânia M. K. (Org.). Questões de escrita. Passo Fundo: UPF Editora, 2005. p. 42-
CORACINI, Maria José. Entre adquirir e aprender uma língua: subjetividade e polifonia. Bakhtiniana – Revista de Estudos do Discurso, v. 9, n. 2. p. 4-24 (port.); p. 5-27 (Engl.), 2014.
DERRIDA, Jacques [1972]. A farmácia de Platão. Trad. de Rogério da Costa. São Paulo: Illuminuras, 1991.
DERRIDA, Jacques. Le monolinguisme de l’autre. Paris: Galillée, 1996.
DERRIDA, Jacques. [1972]. Posições. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
DERRIDA, Jacques. Papel-máquina. São Paulo: Estação Liberdade, 2003.
FOUCAULT, Michel. L’ordre du discours. Paris: Gallimard, 1971.
FOUCAULT, Michel. Surveiller et punir. Paris: Gallimard, 1975.
FOUCAULT, Michel. A escrita de si. In: FOUCAULT, Michel. O que é um autor? Lisboa: Passagens. 1992. p. 129-160.
FOUCAULT, Michel (Coord.). Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão: um caso de parricídio do século XIX
apresentado por Michel Foucault. Trad. de Denize Lezau de Almeida. Rio de Janeiro: Graal, 1997.
FREUD, Sigmund [1920]. Além do princípio do prazer. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1987.
FREUD, Sigmund. [1930] O mal-estar na civilização. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1987. v. 18.
HUTCHBY, Ian. Conversation and technology: from telephone to the internet. Cambridge: Polity Press, 2001.
KUPFER, Maria Cristina Machado. Freud e a educação: o mestre do impossível. 2.. ed. São Paulo: Scipione, 1992. (Coleção: Mestres da Educação).
LACAN, Jacques [1966]. O estádio do espelho como formador da função do eu. In: LACAN, Jacques. Escritos. Trad. de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998a.
LACAN, Jacques. [1966]. A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud. In: LACAN, Jacques. Escritos. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998b. p. 496-533.
LACAN, Jacques. [1969-1970]. Seminário 17: o avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992.
LACAN, Jacques. [1971]. Seminário 18: de um discurso que não fosse semblante. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
LACAN, Jacques. [1975-1976]. Seminário 23: o sinthoma. Trad. de Sérgio Laia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
LEVENTHAL, Robert S. Jean François Lyotard, the differend: phrases in dispute. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1991. Disponível em: http://www2.iath.virginia.edu/holocaust/lyotarddiff.html - Acesso em: 17 nov. 2014.
LIPOVETSKY, Gilles. Metamorfoses da cultura liberal. Trad. de Juremir Machado da Silva. Porto Alegre: Sulina, 2004.
LIPOVETSKY, Gilles; SÉBASTIEN, Charles. Os tempos hiper-
modernos. Trad. de Mário Vilela. São Paulo: Barcarolla, 2004.
LYOTARD, Jean-François. La condition postmoderne: rapport sur le savoir. Paris: Minuit, 1979.
MASCIA, Márcia A. Amador. Investigações discursivas na pós-modernidade: uma análise das relações de poder-saber do discurso político educacional de língua estrangeira. São Paulo: Fapesp; Campinas: Mercado de Letras, 2003.
MELMAN, Charles. L’homme sans gravité. Paris: Denoël, 2002.
O ESTADO DE SÃO PAULO, 10 out. 2005.
RANCIÈRE, Jacques. O mestre ignorante. 3. ed. Trad. de Lílian do Valle. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
USHER, Rubin; EDWARDS, Richard. Postmodernism and education. London; New York: Routledge, 1994.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Educação implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Educação como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.