Correndo para não perder nada
Temporalidade ansiosa e a frustração do (i)limitado
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.2.39950Palavras-chave:
Aceleração, subjetividade, Speed watchingResumo
Este artigo analisa alguns fenômenos que fazem parte dos processos de “digitalização da vida” e são sintomáticos de mudanças nos modos de vivenciar a temporalidade. Entre eles, o hábito de maratonar produtos audiovisuais em plataformas de streaming; o uso de programas que permitem acelerar o consumo de vídeos e áudios; e a oferta de “conteúdos desacelerados” para recalibrar o bem-estar de forma eficaz e produtiva. Em todas essas práticas detecta-se certa ansiedade nos modos de lidar com o tempo, decorrente do conflito entre o estímulo para consumir ilimitadamente e a frustração pela persistência das limitações, sobretudo temporais. Trata-se de uma reflexão ensaística com base na perspectiva genealógica, que se debruça sobre um conjunto de reportagens midiáticas dedicadas ao assunto em foco, buscando identificar — nesses indícios — certas transformações nos regimes de saber e poder, na passagem da era moderna para a contemporânea.
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