O tabu do parto: Dilemas e interdições de um campo ainda em construção
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2015.2.17928Palabras clave:
Parto. Pesquisa Social. Feminismo. Neutralidade.Resumen
O artigo se debruça sobre a receptividade das pesquisas sobre parto e nascimento no âmbito das Ciências Sociais. Se, por um lado, percebe-se a paulatina consolidação de um campo de pesquisa, a partir de demandas sociais que emergiram em face do atual cenário obstétrico brasileiro, no qual diferentes discursos são articulados entre políticas públicas e movimentos sociais; por outro, há uma recorrente deslegitimização tanto das pesquisas e problemáticas trabalhadas quanto das pesquisadoras e suas motivações. Dito isto, e a partir de experiências vivenciadas pelas autoras no contexto acadêmico e/ou feminista, apresentamos uma reflexão crítica sobre alguns comentários ouvidos nesses ambientes, identificando-os com o discurso hegemônico que não problematiza o cenário obstétrico. Para ilustrar, optamos por analisar a episiotomia como intervenção emblemática na assistência ao parto no Brasil, que condensa expressões dos saberes e poderes formulados e reproduzidos sobre o corpo da mulher.
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