O conceito de piedade na Filosofia do Direito de Hegel e a noção de mulher

algumas diferenciações necessárias

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2025.1.46821

Palavras-chave:

Hegel, Piedade, Mulher, Gênero, Feminismo

Resumo

O objetivo mais geral deste trabalho é oferecer alguns elementos para uma reflexão mais profunda sobre a noção de piedade ligada à noção de mulher na Filosofia do Direito de Hegel. O problema mais específico que guia o artigo é o fato de que a discussão sobre piedade, nesse contexto, envolve dois termos em alemão, a saber, Pietät e Frömmigkeit. Na obra referida, Hegel não os define muito precisamente, mas indica uma diferenciação necessária. Desse modo, o texto, primeiramente, busca raízes semânticas desses termos; a seguir, recupera uma noção antiga de piedade, apontando para sentidos desse termo que se perderam ao longo da história. A hipótese é a de que, ao vincular a piedade à mulher, especialmente trazendo a figura de Antígona, Hegel abre espaço para pensar esse conceito não apenas no sentido religioso, mas também ético e político, ainda que ele critique um uso político da piedade, como, por exemplo, no §270 da mesma obra, isto é, enquanto fundamento do Estado.

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Biografia do Autor

Marloren Miranda, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS/CNPq), Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

Doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisadora de Pós-Doutorado Júnior em Filosofia, com bolsa do CNPq, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e professora colaboradora do PPG em Filosofia na mesma instituição.

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Publicado

2025-02-03

Como Citar

Miranda, M. (2025). O conceito de piedade na Filosofia do Direito de Hegel e a noção de mulher: algumas diferenciações necessárias. Veritas (Porto Alegre), 70(1), e46821. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2025.1.46821

Edição

Seção

Ética e Filosofia Política