A ordem política como tarefa
Carl Schmitt e o ordoliberalismo alemão
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.41974Palavras-chave:
ordem, ordoliberalismo alemão, liberalismo autoritário, Carl SchmittResumo
O artigo trata da obra de Carl Schmitt e sua infl uência sobre o ordoliberalismo alemão. Tal chave de leitura permite compreender as causas da crise das instituições modernas e o liberalismo autoritário, inclusive como matriz da governamentalidade neoliberal. A hipótese da pesquisa indica que a obra schmittiana concede um acesso privilegiado para analisar as tendências autoritárias como a expressão do esgotamento da política moderna, a rejeição da democracia e as relações entre liberalismo e teologia política. Afinal, se a economia pressupõe uma ordem, esta seria uma decisão política, não um produto econômico. Na primeira parte, apresenta o conceito do político como uma tentativa de realização da Ordnungspolitik em contraposição à ausência de forma política; logo, de autoridade. Na segunda parte, avalia a proposta do Estado Total como o resultado das transformações do liberalismo e da intensificação do político na “era da técnica”. A conclusão interpreta a pulsão de ordem do ordoliberalismo na década de 1930 como a tentativa de fornecer um quadro institucional para produzir e assegurar a concorrência por meio de um Estado forte, além de iluminar algumas ambiguidades da relação entre mercado e Estado até sua deriva neoliberal.
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