Astúcias cegas e razões da contingência – notas sobre a reversão hegeliana

Autores

  • Gustavo Chataignier Universidade de Paris VIII, PUC-Rio

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2016.1.19695

Palavras-chave:

Astúcia da Razão. Historicidade. Liberdade. Contingência.

Resumo

Introdutoriamente, situaremos em linhas gerais o debate contemporâneo no que tange ao hegelianismo, apontando tanto para a crítica ao sujeito legislador como para novas leituras abertas à contingência. Em um segundo momento, exporemos os argumentos presentes nos chamados “cursos de filosofia da história”, evidenciando primeiramente seu princípio identitário, para em seguida problematizar a pertinência desse uso mediante os argumentos de um pensamento relacional e portanto ontologicamente dinâmico e empiricamente comparativo. Por fim, será questão de levantar a hipótese da extração de um modus operandi da letra hegeliana, sem, contudo, fazer sistema. Nesse sentido, o conceito modal de “possível” substituiria a “liberdade” em prol de uma racionalidade da contingência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gustavo Chataignier, Universidade de Paris VIII, PUC-Rio

É professor adjunto de o Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, onde ministra a disciplina estética da comunicação de massas. É também pesquisador associado (chercheur attaché) ao Laboratoire des logiques contemporaines de la philosophie (Laboratório das lógicas contemporâneas da filosofia), na equipe Recherches sur les figures politiques, juridiques, esthétiques de l'hétérogénéité (Pesquisas sobre as figuras políticas, jurídicas, estéticas da heterogeneidade) - Universidade de Vincennes-Saint-Denis-Paris VIII. Defendeu em 2010 uma tese de doutorado em filosofia pela Universidade de Vincennes-Saint-Denis-Paris VIII (orientado por Daniel Bensaïd e, após seu falecimento, por Patrice Vermeren), como bolsista de doutorado pleno do programa Alban (Programa de Bolsas de Alto Nível da União Europeia para a América Latina, bolsa E07D400126BR). O resultado foi publicado pela editora LHarmattan:Temps historique et immanence - les concepts de nécessité et de possibilité dans une histoire ouverte (2012). É parecerista de projetos do Institut des Amériques (IdA), Paris. Possui graduação em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio, 2002, onde diplomou-se jornalista) e mestrado em Filosofia pela mesma instituição (2005, com uma dissertação relacionando Walter Benjamin e Nietzsche). Atua principalmente nos seguintes temas: estética, filosofia da história, teoria crítica, cinema e poesia. Ministra o módulo "Os Beatles e a filosofia", em curso livre de extensão oferecido pelo Departamento de Letras da PUC-Rio. Trabalhou como assistente de direção do cineasta Silvio Tendler. É vice-líder do NuFFC (Núcleo de Filosofia Francesa Contemporânea, sediado no Departamento de Filosofia da UFRJ) e membro do Núcleo Brasileiro de Estudos Walter Benjamin.

Referências

ADORNO, T. Dialectique négative. Tradução Gérard Coffin, Joëlle Masson, Olivier Masson, Alain Renault e Dagmar Trousson. Paris: Payot, 2001.

BALIBAR, E. La Crainte des masses – Politique et philosophie avant et après Marx. Paris: Éditions Galilée, 1997.

BAVARESCO, Agemir; OLIVEIRA COSTA, André. “Estatuto lógico da alteridade hegeliana”. In: Síntese – Rev. de Filosofia, Belo Horizonte: Faculdade Jesuíta, 38(120), 27-53. DOI: https://doi.org/10.20911/21769389v38n120p27-53/2011

BENSAÏD, D. Marx o intempestivo – grandezas e misérias de uma aventura crítica. Tradução Luiz Cavalcanti de Menezes Guerra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

BOUTON, C. “Hegel et l’antinomie de l’histoire”. In: Lectures de Hegel. Organização Olivier Tinland. Paris: Le Livre de Poche, 2005.

CHÂTELET, F. “Hegel”. In: La Philosophie et l’histoire (1780-1880) – Histoire de la philosophie, tomo V. Organizado por François Châtelet, Wanda Bannour, Jean-Luc Dallemagne, Sami Naïr, Alexis Philonenko e Nicos Poulantzas. Paris: Hachette Littératures, 2000.

CINE-LIMA, Carlos. Sobre a contradição. Porto Alegre: Editora PUCRS, 1993.

______. Depois de Hegel. Caxias do Sul: EDUCS, 2006.

D’HONDT, J. Hegel – philosophie de l’histoire vivante. Paris: PUF Épiméthée, 1966.

ENGELS, F.; MARX, K. La Sainte famille. In: OEuvres III – Philosophie. Tradução Maximilien Rubel, Louis Évrard, Louis Janover. Paris: Gallimard/Pléiade, 1982.

ENGELS, F. Carta de 21 de setembro de 1890 a Joseph Bloch. In: MARX, K.; ENGELS, F. Études philosophiques. Tradução Guy Besse. Paris: Éditions Sociales, 1977.

GRAMSCI, A. Cahiers de prison, VI, VII, VIII et IX. Tomo II. Tradução de Monique Aymard e Paolo Fulchignogni. Paris: Gallimard, 1992.

HEGEL, G. W. F. Premiers écrits (Francfort 1797-1800). Tradução Olivier Depré. Paris: Vrin, 1997.

______. Phénoménologie de l’esprit. Tomos I e II. Tradução Jean Hyppolite. Paris: Aubier, 1975 e 1983.

______. Fenomenologia do espírito. Tradução de Paulo Meneses, com a colaboração de Karl-Heinz Efken e José Nogueira Machado. Petrópolis/Bragança Paulista: Editora Vozes/Editora Universitária São Francisco, 2013.

______. Science de la logique. Livro I: La Logique objetive, tomo I, Doctrine de l’être; tomo II, Doctrine de l’essence. Livro II: La Logique subjetive ou Doctrine du concept. Tradução Pierre-Jean Labarrière e Gwendoline Jarczyk. Paris: Aubier-Montaigne, 1987, 1982 e 1981.

______. Ciência da Lógica – excertos. Tradução Marco Aurélio Werle. São Paulo: Barcarolla, 2011.

______. Encyclopédie des sciences philosophiques. Tomo I, La Science de la logique. Tradução Bernard Bourgeois. Paris: Vrin, 1994.

______. Enciclopédia das Ciências Filosóficas em compêndio. Tomo I, A Ciência da Lógica. Tradução Paulo Meneses, com colaboração de padre José Machado. São Paulo: Edições Loyola, 1995.

______. Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio. Tomo 3, Filosofia do espírito. Tradução Paulo Menezes, com colaboração de padre José Machado. São Paulo: Loyola, 1995.

HEGEL, G. W. F. Principes de la philosophie du droit. Tradução Jean François Kervégan. Paris: PUF/Fondements de la politique, 1998.

______. Filosofia do Direito (Linhas Fundamentais da Filosofia do Direito ou Direito Natural e Ciência do Estado em Compêndio). Tradução Paulo Meneses, Agemir Bavaresco, Alfredo Moraes, Danilo V.-C. R. M. Costa, Greice Ane Barbieri e Paulo Roberto Konzen. Recife: UNICAP; São Paulo: Loyola; São Leopoldo: UNISINOS, 2010.

______. Leçons sur la philosophie de l’histoire. Tradução Jean Gibelin. Paris: J. Vrin, 1987.

______. La Raison dans l’Histoire. Tradução Kostas Papaioannou. Paris: UGE/Plon, 1965.

______. Filosofia da História. Tradução Maria Rodrigues e Hans Harden. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999.

HORKHEIMER, M. Les Débuts de la philosophie bourgeoise de l’histoire. Tradução Denis Authier. Paris: Payot, 1974.

HYPPOLITE, J. Génesis y estructura de la Fenomenología del espíritu de Hegel. Tradução Francisco Fernández Buey. Barcelona: Ediciones Península, 1974.

______. Logique et existence – Essai sur la logique de Hegel. Paris: PUF Épiméthée, 1991.

JULIÃO, José Nicolau. “A Filosofia da História como o lugar de efetivação da liberdade no Sistema da Ciência Hegeliano”. In: Revista Veritas, Porto Alegre: PUCRS, 59(1) (jan.-abr. 2014), p. 86-105. DOI: https://doi.org/10.15448/1984-6746.2014.1.7493

KANT, I. La Philosophie de l’histoire (Opuscules). Tradução Jean-Louis Ferrier. Paris: Denoël/Gonthier, 1980.

______. Critique de la faculté de juger. Tradução Alexis Philonenko. Paris: Vrin, 1993.

KERVÉGAN, J-F. L’effectif et le rationnel – Hegel et l’esprit objectif. Paris: Vrin, 2007.

LÖWITH, K. Histoire et Salut – les présupposés théologiques de la philosophie de l’histoire. Tradução Marie-Christine Challiol-Gillet, Sylvie Hurstel e Jean-François Kervégan. Paris: Gallimard, 2002.

______. De Hegel à Nietzsche. Tradução Rémi Laureillard. Paris: Gallimard/Tel, 2003.

LUFT, Eduardo. Para uma crítica interna ao sistema de Hegel. Porto Alegre: Editora PUCRS, 1995.

LUKÁCS, G. Le Jeune Hegel II – sur les rapports de la dialectique et de l’économie. Tradução Guy Haarscher e Robert Legros. Paris: Gallimard, 1981.

MABILLE, B. Hegel – l’Épreuve de la contingence. Paris: Aubier, 1999.

MARCUSE, H. L’Ontologie de Hegel et la théorie de l’historicité. Tradução Gérard Raulet e Henri-Alexis Baatsch. Paris: Gallimard/Tel, 1991.

______. Raison et révolution – Hegel et la naissance de la théorie sociale. Tradução Robert Castel e Pierre-Henri Gonthier. Paris: Minuit, 1968.

MARX, K. Critique de l’État hégélien – Manuscrit de 1843. Tradução Kostas Papaioannou. Paris: UGE-10/18, 1976.

MÜLLER, Marcos Lutz. “A gênese lógica do conceito especulativo de liberdade”. In: Analytica, Rio de Janeiro: UFRJ, (1993), p. 77-141.

RICOEUR, P. Temps et récit I e III. Paris: Éditions du Seuil, 1983 e 1985.

RIMBAUD, A. Carta a Paul Demeny, 15 de maio de 1871. In: OEuvres. Paris: Gallimard/ La Pléiade, 1972.

WOHLFART, João Alberto. “Necessidade e liberdade na Ciência da Lógica”. In: Revista Veritas, Porto Alegre: PUCRS, 60(2) (maio-ago. 2015), e55-e80. DOI: https://doi.org/10.15448/1984-6746.2015.2.14674

ŽIŽEK, S. Menos que nada – Hegel e a sombra do materialismo dialético. Tradução Rogério Bettoni. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013.

Downloads

Publicado

2016-04-25

Como Citar

Chataignier, G. (2016). Astúcias cegas e razões da contingência – notas sobre a reversão hegeliana. Veritas (Porto Alegre), 61(1), 193–219. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2016.1.19695

Edição

Seção

Ética Normativa, Metaética e Filosofia Política