O cuidado e o carecer (A co-originariedade entre os existenciais de Ser e tempo)
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2006.2.1841Resumo
<
Segundo Ser e tempo, o cuidado, como ser do ser-aí, é definível pela expressão complexa “ser-já-precedentemente-a-si-em (o mundo) como ser-junto-a (ente intramundano que vem ao en-contro)”, a qual é apresentada deste modo no Parágrafo 41, que trata de “O ser do ser-aí como cuidado”. Nesta expressão, pretende Heidegger indicar cada um dos existenciais (disposição, compreender, fala, assim como também decair e mundo), e condição da correta compreensão do sentido desta estrutura é o entendimento de que há co-originariedade (Gleichursprünglichkeit) entre eles, isto é, de que a abertura de mundo só ocorre como resultado dos existenciais conjuntamente. Sem pretender contestar tal co-originariedade entre os existenciais no que diz respeito à abertura de mundo (e, portanto, do ser), pretendemos apenas chamar a atenção para o fato de que tal condição da abertura não implica necessariamente que os caracteres do ser do ser-aí tenham que ser entendidos como simultaneamente genéticos na abertura, mas apenas da abertura, e que o ser do ser-aí como cuidado tem seu fundamento originário no carecer. Este último constitui os Em-virtude-de-quê? (Worumwillen) que determinam as disposições, a partir das quais vem a ser as totalidades conformativas (Bewandtnisganzheiten) estabelecidas, como significâncias, no compreender interpretativo, sendo ambos, disposição e compreender, articulados pela fala, com o que tem origem, então, abertura de mundo. Sendo assim, já que o ser do ser-aí é disposição compreensiva e falante no mundo, percebe-se por que se afirma aqui que o fundamento do cuidado como ser do ser-aí é o carecer. Contudo, só é possível dizer que o ser do ser-aí é o cuidado caso a angústia, disposição que corresponde ao saber da morte como compreender projetivo, se manifeste, própria ou impropriamente.
PALAVRAS-CHAVE – Ser-aí. Disposição. Compreender. Fala. Impessoal. Angústia. Cuidado.
ABSTRACT
According to Being and Time, care, as the being of Dasein, is definable by the complex expression “ahead-of-itself-Being-already-in-(the world) as Being-alongside (entities encountered within-the-world)”, which is presented this way in Paragraph 41, that approaches “Dasein’s Being as Care”. Through this expression, Heidegger intends to point out each one of the existentialia (state-ofmind, understanding, discourse, as well as falling and world), and as condition to the correct understanding of the meaning of this structure is the understanding of the fact that there is equiprimordiality (Gleichursprünglichkeit) among them, that is, that the world disclosedness only occurs as a result of the existentialia in conjunction. Without intending to contest this equiprimordiality among the existentialia with respect to the disclosedness of world, (and, therefore, of Being) we just intend to call attention to the fact that this condition of the disclosedness does not necessarily mean that the characters of the Being of Dasein have to be understood as simultaneously genetic in the disclosedness, but only for the disclosedness, and that the being of Dasein as care has its original basis in the need. The latter constitutes the for-the-sake-ofwhich (Worumwillen) that determine the state-ofmind, from which the totality of involvements (Bewandtnisganzheiten) are established, as significance, in the interpretative understanding, where both – state-of-mind and understanding – are articulated by discourse, with which there is, therefore, the origin of world disclosedness. This way, as the being of Dasein is a discoursing and understanding state-of-mind in the world, it is possible to realize why it is said here that the basis of care as being of Dasein is the need. However, it is only possible to affirm that the being of beingthere is care if anxiety, the state-of-mind that corresponds to the awareness of death as a projective understanding, manifests itself, either properly or improperly.
KEY WORDS – Dasein. State-of-mind. Understanding. Discourse. Anxiety. Care.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Revista Veritas implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Revista Veritas como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada. Copyright: © 2006-2020 EDIPUCRS