Avaliação do conhecimento de profissionais médicos sobre a febre Q
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2024.1.45474Palavras-chave:
coxiella burnetii, conhecimento médico, doenças negligenciadas, saúde única, febre QResumo
Objetivos: avaliar o conhecimento dos profissionais médicos sobre a febre Q, visando contribuições integrativas para saúde pública que possam favorecer a formulação de políticas e o desenvolvimento de estratégias baseadas na abordagem de Saúde Única. Métodos: trata-se de um estudo transversal e quantitativo com coleta de dados por meio de questionário estruturado aplicado presencialmente a médicos de diversas especialidades clínicas que atuam nos três níveis de atenção à saúde no Brasil. O questionário foi composto por 25 questões, sendo sete específicas de avaliação de conhecimento sobre a febre Q. Foram realizadas análises de regressão logística univariada e multivariada para avaliar se as variáveis especialidade médica, nível de assistência à saúde em que atua, faixa etária e sexo estavam associadas ao acerto de pelo menos uma questão específica sobre a febre Q. Resultados: dos 254 médicos incluídos, 236 (92,9%) desconheciam a febre Q. Apenas três (16,6%) dos 18 que acertaram pelo menos uma questão específica sobre a doença obtiveram um aproveitamento superior a 50%. As maiores taxas de acerto de pelo menos uma questão (p < 0,0001) ocorreram entre as especialidades médicas mais relacionadas aos sinais e sintomas clínicos ou ao diagnóstico diferencial da febre Q e entre os do sexo masculino. Destaca-se que 85,8% dos médicos consideram a febre Q uma doença negligenciada e subnotificada no Brasil. Além disso, todos os médicos responderam que não conheciam a abordagem de Saúde Única. Conclusões: o quase total desconhecimento dos profissionais médicos sobre a febre Q reforça a necessidade de maior divulgação desta zoonose com abordagem de Saúde Única nas Faculdades de Medicina, nos Programas de Residência e para os médicos em geral. Além disso, torna-se relevante a inclusão da febre Q na lista nacional de doenças de notificação compulsória, permitindo uma melhor compreensão da sua situação epidemiológica no Brasil. Por fim, devem ser realizadas ações eficazes de saúde pública para evitar o subdiagnóstico e o desenvolvimento de casos graves da doença.
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