Associação entre distúrbios do sono e violência infantil avaliada no Sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2021.1.39466Palavras-chave:
distúrbios do sono, abuso infantil, maus-tratos infantis, violência doméstica, abuso sexualResumo
Objetivos: identificar distúrbios do sono em crianças que sofreram maus-tratos infantis.
Métodos: o estudo avaliou o padrão de sono de 123 crianças (de 2 a 10 anos) atendidas por relatos de maus-tratos, com base no Questionário de Hábitos de Sono Infantil (CSHQ) – aplicado em uma consulta médica após confirmação da veracidade do relato de violação da criança. O estudo aplicou o questionário a crianças atendidas no setor durante o período de 11 meses.
Resultados: dentre as crianças avaliadas, 66,7% apresentavam distúrbios do sono. O perfil da amostra foi predominantemente feminino (59,3%) e com idade entre quatro e sete anos (48,8%). Violência física foi encontrada em 40,7% das crianças, além de sexual (35,8%), psicológica (24,4%), negligência (14,6%) e outros tipos de violência (4,5%). Os distúrbios do sono estão significativamente associados à violência sexual, psicológica e a outros tipos de violência (OTV) (p=0,016). Em relação às subescalas, houve diferença significativa entre as faixas etárias nos escores de resistência em ir para a cama (p=0,033). A característica resistência em ir para a cama tipifica a violência sexual, psicológica e OTV. Ansiedade do sono tipifica mais a violência psicológica, sexual e OTV. O despertar noturno tipifica a violência psicológica, sexual e física. De acordo com o tipo de violência, foram encontradas diferenças significativas na ansiedade do sono (p=0,039), despertar noturno (p=0,026) e resistência em ir para a cama (p=0,004).
Conclusões: os resultados evidenciam a associação entre distúrbios do sono e violência infantil. Certos tipos de violência têm um impacto negativo maior no sono infantil e se correlacionam a distúrbios do sono específicos.
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