O professor como modelo aos seus estudantes: perspectivas da área da saúde
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2019.4.35862Palavras-chave:
Tutores/educação, Docente/capacitação, Profissões em saúde, Estudantes.Resumo
A formação do estudante nas profissões da saúde envolve a incorporação de habilidades e competências gerais e específicas, adquiridas em experiências práticas sob a supervisão de professores ou preceptores, cujas características podem influenciar os estudantes e os guiar na construção de sua identidade profissional. Nesse contexto, define-se “modelo” (role model) como o profissional que serve de exemplo, por suas qualidades positivas, sendo imitado pelos estudantes, por demonstrar habilidades e características pessoais que os impressionam e inspiram. Modelos positivos exibem expertise profissional, boa comunicação e relacionamento com seus pacientes e com os estudantes, boas habilidades de ensino e, sobretudo, características pessoais como integridade, solidariedade e entusiasmo. Por outro lado, os estudantes são capazes de reconhecer atributos negativos indesejáveis, opostos ás características positivas. Nossos estudos sugerem que a percepção dos estudantes brasileiros sobre os modelos não difere do que é descrito no cenário internacional e que talvez não existam diferenças apreciáveis entre as várias profissões da saúde. Os professores e preceptores considerados pelos estudantes como bons modelos, surpreendentemente, desconhecem que exercem essa influência, mas têm visão semelhante aos dos estudantes sobre os atributos positivos de um bom modelo. Dada a importância dos modelos na formação pessoal e profissional na área da saúde, é imperioso que as escolas tomem medidas para dispor em seu corpo docente de predomínio de modelos positivos e para evitar que seus professores e preceptores emitam comportamentos que expressem qualidades negativas. Estas medidas envolvem atividades de desenvolvimento docente e valorização dos docentes por sua atuação no ensino. No entanto, essas medidas somente farão sentido se as escolas oferecerem aos seus docentes boas condições de trabalho e de remuneração e, sobretudo, tiverem cultura institucional que privilegie relações humanizadas entre os seus membros.
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