Validação do instrumento “teste seu cérebro” para idosos: versão para Ipad

Francelise de Freitas; Eduardo Leal-Conceição; Mirna Wetters Portuguez

doi:10.15448/1980-6108.2019.4.32973

Autores

Francelise de Freitas Hospital São Lucas, Ambulatório de Neuropsicologia da PUCRS. Porto Alegre, Rio Grande do Sul http://orcid.org/0000-0003-0782-4558
Eduardo Leal-Conceição Instituto do Cérebro, Laboratório de Neuroimagem. Porto Alegre, Rio Grande do Sul http://orcid.org/0000-0001-9789-698X
Mirna Wetters Portuguez Instituto do Cérebro, Laboratório de Neuroimagem. Porto Alegre, Rio Grande do Sul http://orcid.org/0000-0003-4068-6249

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2019.4.32973

Palavras-chave:

Idosos, cognição, aplicativo, validação.

Resumo

OBJETIVOS: Validar o aplicativo para iPad (Apple, Califórnia, EUA) “Teste seu Cérebro”, bem como estabelecer ponto de corte entre idosos normais e com transtorno neurocognitivo leve.
MÉTODOS: Em um estudo transversal prospectivo, idosos que frequentaram o ambulatório de neuropsicologia de um hospital terciário de saúde da região sul do Brasil e da comunidade em geral, foram submetidos a avaliação cognitiva por meio de dois instrumentos: Montreal Cognitive Assessment (teste padrão ouro) e “Teste seu Cérebro”. Esses resultados serviram como parâmetro para validar o referido aplicativo a partir de um teste diagnóstico e estabelecer o ponto de corte entre idosos normais e com transtorno neuropsicológico leve; para tanto foram determinadas as seguintes medidas estatísticas: sensibilidade e especificidade; consistência interna e confiabilidade alcançadas pelo coeficiente Ômega de McDonald e coeficiente de correlação de Pearson, respectivamente. A classificação média do ponto de corte do “Teste seu Cérebro” para detectar os casos classificados como transtorno neurocognitivo leve pelo teste Montreal Cognitive Assessment, foi obtida através da curva ROC. As avaliações contemplam funções como: memória, atenção/orientação, fluência, linguagem e habilidades viso-espaciais. RESULTADOS: A amostra foi constituída por 104 participantes com média de idade de 70,3±6,6 anos, sendo a idade mínima de 60 e máxima de 87 anos. Foi alcançada uma confiabilidade aceitável para o aplicativo “Teste seu Cérebro” através da análise da consistência interna. Na comparação entre as pontuações gerais dos dois instrumentos (Teste seu Cérebro e Montreal Cognitive Assessment), o resultado apontou uma correlação estatisticamente significativa positiva e classificada como moderada. O ponto de corte das pontuações do “Teste seu Cérebro” que melhor discriminou os pacientes com transtorno neurocognitivo leve diagnosticados pelo Montreal Cognitive Assessment foi de 89,5%, ou seja, pontuações inferiores ou iguais a esse percentual alcançaram maiores sensibilidade e especificidade para o instrumento. Não foi identificada
influência das variáveis sociodemográficas como sexo, idade e escolaridade sobre a relação de linearidade entre os instrumentos “Teste seu Cérebro” e Montreal Cognitive Assessment.
CONCLUSÕES: Os resultados obtidos sugerem que o instrumento “Teste seu Cérebro” pode ser utilizado com segurança para identificar precocemente e com acurácia a presença de transtorno neurocognitivo leve na população idosa. Novos estudos serão direcionados à validação do instrumento “Teste seu Cérebro” na identificação de outros tipos de distúrbios cognitivos, além de Transtorno Neurocognitivo Leve.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Francelise de Freitas, Hospital São Lucas, Ambulatório de Neuropsicologia da PUCRS. Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) (2015), Especialista em Avaliação Psicológica pela Sapiens Instituto de Psicologia, Londrina/Pr (2018), cofundadora da Liga Acadêmica de Psicologia da Saúde da PUCRS (LIPSA) (2016). Mestranda em Gerontologia Biomédica, Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Neuropsicóloga assistente no Ambulatório de Neuropsicologia do Hospital São Lucas da PUCRS.

Eduardo Leal-Conceição, Instituto do Cérebro, Laboratório de Neuroimagem. Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Psicólogo, CRP 07/26939, graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestre em Medicina: Ciências Médicas, com enfoque em Neurologia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sob orientação do Professor Dr. Marino Muxfeldt Bianchin. Atua como neuropsicólogo assistente na Unidade de Neuropsicologia do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), coordenado pela Professora Dra. Mirna Wetters Portuguez. É integrante dos seguintes projetos de pesquisa desenvolvidos no Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (INSCER): Correlação entre neuroimagem molecular, estrutural e funcional em Superidosos e Biomarcadores multimodais na diferenciação de queixas subjetivas de memória no idoso: lipídios e metabólitosplasmáticos combinados com métodos de neuroimagem, coordenados pelo Professor Dr. Jaderson Costa da Costa. É membro filiado à Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC), sediada na Universidade de São Paulo (USP).

Mirna Wetters Portuguez, Instituto do Cérebro, Laboratório de Neuroimagem. Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Possui graduação em Psicologia (1980) e Mestrado em Lingüística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1990). Doutorado em Neurociência pela Universidade Federal de São Paulo (1998). Atualmente é professora adjunta da Faculdade de Medicina e do Curso de Pós-Graduação do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS. Coordena a Unidade de Neuropsicologia do Serviço de Neurologia do Hospital São Lucas da PUCRS. Pesquisadora do Instituto do Cérebro da PUCRS. Áreas de Pesquisa: Ressonância Magnética funcional, Transplante de Células Tronco e Funções Cognitivas, Doenças Neurodegenerativas, Epilepsia, Linguagem e Memória.

Referências

Malloy-Diniz LF, Fuentes D, Cosenza RM. Neuropsicologia do envelhecimento: uma abordagem multidimensional. Porto Alegre: Artmed; 2013.

Rabelo DF. Declínio cognitivo leve em idosos: fatores associados, avaliação e intervenção. Rev Min Ciênc Saúde. 2009;1(1):56-68.

Hunter CL, Goodie JL, Oordt MS, Dobmeyer AC, editors. Integrated behavioral health in primary care: Step-by-step guidance for assessment and intervention. Washington, DC: American Psychological Association; 2017. https://doi.org/10.1037/0000017-000

Memória CM, Yassuda SM, Nakano EY, Forlenza VO. Brief screening for mild cognitive impairment: validation of the Brazilian version of the Montreal cognitive assessment. Int J Geriatr Psychiatry. 2013;2:34-40. https://doi.org/10.1002/gps.3787

Yassuda MS. Em: Freitas EV, Neri AN, Cançado FAX, Gorzoni ML, Rocha SM, editores. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. p. 914-20.

Folstein MF, Folstein SE, Mchugh PR. “Mini-mental state”: A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Psychiatr Res. 1975;12:189-98. https://doi.org/10.1016/0022-3956(75)90026-6

Pires EC. Avaliação de testes complementares para diagnósticos médicos: uma contribuição estatística [dissertação]. [Belo Horizonte]: Universidade Federal de Minas Gerais; 2003.

Goveas J, Xie C, Wu Z, Douglas WB, Li W, Franczak MB, Jones JL, Antuono PG, Yang Z, Li SJ. Neural correlates of the interactive relationship between memory deficits and depressive symptoms in nondemented elderly: resting fMRI study. Behavioural Brain Res. 2011;219(2):205-12. https://doi.org/10.1016/j.bbr.2011.01.008

ALVES, Tânia Corrêa de Toledo Ferraz; WAJNGARTEN, Mauricio; BUSATTO FILHO, Geraldo. Fatores de risco cardiovascular, declínio cognitivo e alterações cerebrais detectadas através de técnicas de neuroimagem. Arch Clin Psychiatr. 2005;32(3)160-9. https://doi.org/10.1590/S0101-60832005000300008

Pasquali L. Psicometria: Teoria dos testes na Psicologia e na Educação. Petrópolis: Editora Vozes; 2003.

Campo-Arias A, Villamil-Vargas M, Herazo E. Confiabilidad y dimensionalidad del audit en estudiantes de medicina. Reliability and dimensionality of the AUDIT in medical students. Psicol Caribe. 2013;30(1):21-35.

Mukaka MM. A guide to appropriate use of correlation coefficient in medical research. Malawi Med J. 2012; 24(3):69-71.

Fawcett T. An introduction to ROC analysis. Pattern Recog Lett. 2006;27(8):861-74. https://doi.org/10.1016/j.patrec.2005.10.010

Cavalcante ES, Miranda FAN, Nicolete MGP, Santos RA, Barbosa SJC, Cavalcante RCGA, Santos E. Caracterização do idoso atendido numa UBSF em Campina Grande, PB. Inter Sci Place. 2010; 1(11):e12.

Ciesielska N, Sokołowski R, Mazur E, Podhorecka M, Polak-Szabela A, Kędziora-Kornatowska K, Ciesielska N. Is the Montreal Cognitive Assessment (MoCA) test better suited than the Mini-Mental State Examination (MMSE) in mild cognitive impairment (MCI) detection among people aged over 60? Meta-analysis. Psychiatr. Pol. 2016;50: 1039-52. https://doi.org/10.12740/PP/45368