Avaliação da capacidade de decisão de idosos diagnosticados com depressão maior

Autores

  • Anelise Crippa UNICNEC, Osório/RS
  • Irenio Gomes Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS
  • Newton Terra Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2017.3.26558

Palavras-chave:

transtorno depressivo maior, idoso, autonomia, geriatria, gerontologia.

Resumo

*** Avaliação da capacidade de decisão de idosos diagnosticados com depressão maior ***

OBJETIVOS: Verificar se há alteração na capacidade de decisão em idosos com depressão maior.

MÉTODOS: Foi realizado um estudo de coorte prospectiva com análise transversal inicial, no período de janeiro de 2014 a setembro de 2015. Para o grupo de estudo foram selecionados pacientes idosos do Ambulatório de Envelhecimento Cerebral do Hospital São Lucas da PUCRS, em Porto Alegre, RS, diagnosticados com depressão maior atual e ainda sem tratamento para esse transtorno. Um grupo controle foi composto por idosos da mesma comunidade, sem depressão ou problemas cognitivos. Para avaliação da capacidade de decisão foi utilizada a Escala de Avaliação de Capacidade de Decisão (ESCADE), desenvolvida e validada em uma etapa anterior da pesquisa. Esse instrumento dividide-se em quatro domínios: atividade diária, gestão financeira, autogestão e bem-estar. A Escala de Depressão Geriátrica, forma abreviada, e o instrumento Mini International Neuropsychiatric Interview, versão detalhada, foram utilizados para avaliar a presença de depressão. O Instrumento de Triagem para Demência Vellore e o Exame Cognitivo de Addenbrooke versão revisada foram aplicados para avaliar declínio cognitivo. A capacidade de decisão foi comparada entre os dois grupos de idosos. A mesma avaliação foi feita nos idosos com depressão após seis meses de tratamento psiquiátrico. A análise estatística incluiu os testes t de Student, qui-quadrado de Pearson, Mann-Whitney e Wilcoxon. Foi considerado significativo um p≤0,05.

RESULTADOS: Participaram da pesquisa 48 idosos com depressão maior e 144 idosos no grupo controle. A pontuação média da ESCADE nos primeiros foi de 70,5±17,9, e nos controles de 94,6±9,6 (p<0,001), identificando menor capacidade de decisão nos idosos com depressão maior. Os domínios com maior diferença nas médias de pontuação foram o de autogestão (deprimidos 65,0±23,3 e controles 97,8±6,2) e o de bem-estar (deprimidos 52,2±27,1 e controles de 91,8±16,7). Comparando o grupo com depressão antes e após o tratamento, tanto para a pontuação geral quanto para cada um dos quatro domínios da ESCADE, a capacidade de tomada de decisão aumentou após o tratamento.

CONCLUSÕES: O grupo de idosos com depressão maior atual apresentou menor capacidade de decisão em relação ao grupo controle. Houve melhora na capacidade de decisão após seis meses de tratamento psiquiátrico.

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Biografia do Autor

Anelise Crippa, UNICNEC, Osório/RS

Advogada. Especialista em Direito Processual Civil. Especialista em Direito de Família. Mestre em Gerontologia Biomédica. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em gerontologia biomédica - IGG/PUCRS.

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Publicado

2017-07-24

Como Citar

Crippa, A., Gomes, I., & Terra, N. (2017). Avaliação da capacidade de decisão de idosos diagnosticados com depressão maior. Scientia Medica, 27(3), ID26558. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2017.3.26558

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