Tratamento para escoliose pelo método de reeducação postural global (RPG) em deficientes visuais totais: série de casos

Autores

  • Graziela Morgana Silva Tavares Universidade Federal do Pampa
  • Caroline Cunha do Espírito Santo
  • Patrícia Parizotto Universidade do Estado de Santa Catarina
  • Fabiana Flores Sperandio Universidade do Estado de Santa Catarina
  • Gilmar Moraes Santos Universidade do Estado de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2015.3.21172

Palavras-chave:

postura, escoliose, pessoas com deficiência visual, raios X.

Resumo

Objetivos: Avaliar a magnitude da escoliose em adultos jovens com deficiência visual total antes e após o tratamento por Reeducação Postural Global (RPG).

Métodos: Foram selecionados intencionalmente sujeitos com deficiência visual total, vinculados a uma instituição educacional para portadores de deficiência visual na grande Florianópolis, estado de Santa Catarina, com idade entre 18 a 40 anos, capacidade de ficar em pé de forma independente e presença de gibosidade ao exame físico. Foram excluídos indivíduos com distúrbios vestibulares, grávidas, diabéticos e amputados.  Os dados radiológicos foram coletados em um serviço de referência em exames de imagem no estado de Santa Catarina antes e após oito sessões de RPG. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva e teste t de Student para amostra pareada.

Resultados: A amostra inicial foi composta por nove indivíduos, entretanto houve perda amostral de três sujeitos devido a desistência, suspeita de gravidez e mudança de residência, ficando a amostra final composta por seis indivíduos, quatro do gênero masculino e dois do gênero feminino, com média de idade de 34,66±4,27 anos. Os resultados evidenciaram que após oito sessões pelo método de RPG o ângulo de Cobb reduziu em quatro sujeitos, manteve-se em um e aumentou em um. Entretanto, considerando-se as médias dos ângulos de Cobb pré e pós tratamento dos seis participantes, não houve diferença estatisticamente significativa. A média dos ângulos de Cobb pré-tratamento foi 8,91º±4,52º e a média pós-tratamento foi 5,83º±4,52º (p=0,16).

Conclusões: No presente estudo, o método de RPG, após oito sessões, não alterou a magnitude média da curva escoliótica dos seis indivíduos com deficiência visual total. No entanto, na maioria dos indivíduos (quatro entre os seis) houve redução no valor do ângulo de Cobb.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Graziela Morgana Silva Tavares, Universidade Federal do Pampa

Possui graduação em fisioterapia pela Universidade de Fortaleza(2005), mestrado em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina(2010) e doutorado em andamento em Gerontologia Biomédica (PUCRS) (2012). Atualmente é Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Pampa. Tem experiência na área de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, com ênfase em BIOMECÂNICA. Atuando principalmente nos seguintes temas:idoso, força muscular, sarcopenia, estresse oxidativo.

Caroline Cunha do Espírito Santo

Possui graduação em FISIOTERAPIA pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2009) e mestrado em FISIOTERAPIA pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2014). Tem experiência na área de fisioterapia neurofuncional, atuando principalmente nos seguintes temas: paralisia cerebral e lesão medular espinal.

Patrícia Parizotto, Universidade do Estado de Santa Catarina

Possui graduação em Fisioterapia pela Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (2010). Pós-graduação em Fisioterapia Traumato-Ortopédica pela Universidade Gama Filho (2012). Mestranda em Fisioterapia pela Universidade do Estado de Santa Catarina na linha de pesquisa: Avaliação e intervenção fisioterapêutica no controle da postura e do movimento humano

Fabiana Flores Sperandio, Universidade do Estado de Santa Catarina

Possui graduação em Fisioterapia pela Universidade Federal de Santa Maria (1994), mestrado em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2000) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2008). É professor associado VI, na Universidade do Estado de Santa Catarina, onde desde 1995 desenvolve atividades de pesquisa, ensino e graduação no campo da Fisioterapia, com ênfase em Fisioterapia na saúde da mulher (onco-ginecologia, obstetrícia e incontinência urinária), saúde ocupacional e desenvolvimento humano. Atua na graduação e no mestrado em Fisioterapia na UDESC. Nos últimos anos publicou 44 artigos completos publicados em periódicos nacionais e internacionais e 45 trabalhos publicados em anais de eventos. Participou de 33 bancas de dissertação (qualificações), 6 de doutorado e 8 monografias de cursos de aperfeiçoamento/especialização, 40 bancas de trabalhos de conclusão de curso de graduação, 46 bancas de comissões julgadoras. Até a presente data orientou 39 trabalhos de conclusão de curso, uma especialização e 4 iniciações científicas. Participou de várias bancas de comissões julgadoras (7 de concurso público e 2 de avaliação de cursos). Possui 3 defesas de mestrado concluídas, 1 orientações de mestrado em andamento referentes à temática de fisioterapia em cirurgias onco-gineco-obstétricas, além de projetos de extensão (área de incontinência urinária e terapia manual) e pesquisas diversos com outras instituições. Teve aprovação dos projetos de pesquisa nos editais Universal CNPQ 14/2011 e Chamada Pública 07/2013 - MS-DECIT/CNPq/SES-SC (PPSUS/FAPESC). Coordena o Laboratório de Saúde da Mulher, participa do grupo de pesquisa LAGER e do laboratório LAGESC

Gilmar Moraes Santos, Universidade do Estado de Santa Catarina

possui graduação em Fisioterapia pela Universidade Federal de Santa Maria (1993), graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria (1987), Mestrado em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria (1998) e Doutorado em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (2006). Atualmente é professor Associado nível 5 e Coordenador do Mestrado em Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina. Tem experiência na área de Fisioterapia e Educação Física, com ênfase em Ortopedia e Traumatologia, atuando principalmente nos seguintes temas: fisioterapia, análise da marcha, biomecânica clínica, tratamento fisioterapêutico e síndrome de dor fêmoropatelar.

Referências

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010: características gerais da população, religião e pessoas com deficiência [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2010 [cited 2015 Sept 10]. Available from: http://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=794

Taleb A, de Faria MAR, Ávila M, Mello PAA. As condições de saúde ocular no Brasil - 2012 [Internet]. São Paulo; 2012 [cited 2015 Sept 12]. Available from: http://www.cbo.com.br/novo/medico/pdf/01-cegueira.pdf

World Health Organization - WHO. Change the Definition of Blindness [Internet]. [cited 2015 Sept 15]. Available from: http://www.who.int/blindness/Change%20the%20Definition%20of%20Blindness.pdf?ua=1

Mosquera C. Educação física para deficientes visuais. Rio de Janeiro: Sprint; 2000.

Hoyt CS, Good WV. The many challenges of childhood blindness. Br J Ophthalmol. 2001 Oct;85(10):1145-6. http://dx.doi.org/10.1136/bjo.85.10.1145

Cohen H. Neurociência para fisioterapeutas: incluindo correlações clínicas. 2ª ed. São Paulo: Manole; 2001.

Catanzariti JF, Salomez E, Bruandet JM, Thevenon A. Visual deficiency and scoliosis. Spine (Phila Pa 1976). 2001 Jan 1;26(1):48-52. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200101010-00010

Aulisa L, Bertolini C, Piantelli S, Piazzini DB. Axial deviations of the spine in blind children. Ital J Orthop Traumatol. 1986 Mar;12(1):85-92.

Sanchez HM, Barreto RR, Baraúna MA, Canto RST, Morais EG. Avaliação postural de indivíduos portadores de deficiência visual através da biofotogrametria computadorizada. Fisioter Mov. 2008;21(2):11-20.

Simprini R, Braccialli L. Influência do sistema sensório-motor na manutenção da postura estática em indivíduos cegos. Infanto Rev Neuropsiquiatr Infanc Adolesc. 1998;6(1):26-38.

Pogrund R, Rosen S. The preschool blind child can be a cane user. J Vis Impair Blind. 1989;83:431-9.

Teodori RM, Negri JR, Cruz MC, Marques AP. Reeducação Postural Global: uma revisão da literatura. Braz J Phys Ther. 2011;15:185-9. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552011000300003

Dimitrova E, Rohleva M. Global postural reeducation in the treatment of postural impairments. Res Kinesiology. 2014;4(1):72-5.

Lawand P, Lombardi Júnior I, Jones A, Sardim C, Ribeiro LH, Natour J. Effect of a muscle stretching program using the global postural reeducation method for patients with chronic low back pain: A randomized controlled trial. Joint Bone Spine. 2015 Jul;82(4):272-7. http://dx.doi.org/10.1016/j.jbspin.2015.01.015

Barroqueiro C, Morais NV. The effects of a global postural reeducation program on an adolescent handball player with isthmic spondylolisthesis. J Bodyw Mov Ther. 2014 Apr;18(2):244-58. http://dx.doi.org/10.1016/j.jbmt.2013.10.002

Toledo PCV, Mello DBd, Araújo ME, Daoud R, Dantas EHM. Efeitos da Reeducação Postural Global em escolares com escoliose. Fisioter Pesqui. 2011;18(4):329-34. http://dx.doi.org/10.1590/S1809-29502011000400006

Marques AP. Escoliose tratada com Reeducação Postural Global. Rev Fisioter Univ São Paulo. 1996;3(12):65-8.

Segura DCA, Nascimento FCD, Guilherme JH, Sotoriva P. Efeitos da Reeducação Postural Global aplicada em adolescentes com escoliose idiopática não estrutural. Arq Ciências Saúde UNIPAR. 2013;17(3):153-7.

Vanti C, Generali A, Ferrari S, Nava T, Tosarelli D, Pillastrini P. La Rieducazione Posturale Globale nelle patologie muscolo-scheletriche: evidenze scientifiche e indicazioni cliniche. Reumatismo. 2007;59(3):192-201.

Souchard PE. RPG:Fundamentos da Reeducação Postural Global: princípios e originalidade. São Paulo: É Realizações; 2003.

Ovadia D, Bar-On E, Fragnière B, Rigo M, Dickman D, Leitner J, Wientroub S, Dubousset J. Radiation-free quantitative assessment of scoliosis: a multi center prospective study. Eur Spine J. 2007 Jan;16(1):97-105. http://dx.doi.org/10.1007/s00586-006-0118-8

Dao T, Labelle H, Le Blanc R. Variabilité intra-observateur de la mesure de la posture à láide dún numérisateur tridimensionnel. Ann Chir. 1997;51(8):848-53.

Grivas TB, Savvidou OD, Vasiliadis E, Psarakis S, Koufopoulos G. Prevalence of scoliosis in women with visual deficiency. Stud Health Technol Inform. 2006;123:52-6.

Sá CG, Bim CR. Análise estabilométrica pré e pós-exercícios fisioterapêuticos em crianças deficientes visuais. Fisioter Mov. 2012;25:811-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-51502012000400014

Meereis E, Lemos L, Pranke G, Alves R, Teixeira C, Mota C. Deficiência visual: uma revisão focada no equilíbrio postural, desenvolvimento psicomotor e intervenções. Rev Bras Ci e Mov. 2011;19(1):108-13.

Frade MCM, Carde-a JP, Shimano SGN, Oliveira CCES, Oliveira NML. Equilíbrio dos deficientes visuais antes e após gameterapia. Rev Educ Espec. 2014;27(50):751-64. http://dx.doi.org/10.5902/1984686X13720

Domholdt E. Physical therapy research: principles and applications. 2ª ed. Philadelphia: W.B. Saunders; 2000.

Santos A. Diagnóstico clínico postural: um guia prático. 2ª ed. São Paulo: Sammus; 2001.

Leroux MA, Zabjek K, Simard G, Badeaux J, Coillard C, Rivard CH. A noninvasive anthropometric technique for measuring kyphosis and lordosis: an application for idiopathic scoliosis. Spine. 2000 Jul 1;25(13):1689-94. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200007010-00012

Vedantam R, Lenke LG, Keeney JA, Bridwell KH. Comparison of standing sagittal spinal alignment in asymptomatic adolescents and adults. Spine. 1998 Jan 15;23(2):211-5. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-199801150-00012

Bradford D, Lostein J, Moe J, Ogilvie J, RB W. Escoliose e outras deformidades da coluna "O livro de Moe". São Paulo: Santos; 1994.

Rosário JLP, Sousa A, Cabral CMN, João SMA, Marques AP. Reeducação postural global e alongamento estático segmentar na melhora da flexibilidade, força muscular e amplitude de movimento: um estudo comparativo. Fisioter Pesq. 2008;15(1):12-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1809-29502008000100003

Fregonesi CEPT, Valsechi CM, Masselli MR, Faria CRS, Ferreira DMA. Um ano de evolução da escoliose com RPG. Fisioter Bras. 2007;8(2):140-2.

Rossi LP, Brandalize M, Gomes ARS. Efeito agudo da técnica de reeducação postural global na postura de mulheres com encurtamento da cadeia muscular anterior. Fisioter Mov. 2011;4(2):255-63. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-51502011000200007

Bettany-Saltikov J, Parent E, Romano M, Villagrasa M, Negrini S. Physiotherapeutic scoliosis-specific exercises for adolescents with idiopathic scoliosis. Eur J Phys Rehabil Med. 2014 Feb;50(1):111-21.

Morningstar MW, Woggon D, Lawrence G. Scoliosis treatment using a combination of manipulative and rehabilitative therapy: a retrospective case series. BMC Musculoskelet Disord. 2004 Sep 14;5:32. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2474-5-32

Ferguson LW. Adult Idiopathic scoliosis: The tethered spine. J Bodyw Mov Ther. 2014 Jan;18(1):99-111. http://dx.doi.org/10.1016/j.jbmt.2013.05.002

Hebela NM, Tortolani PJ. Idiopathic scoliosis in adults: classification, indications, and treatment options. Semin Spine Surg. 2009;21(1):16-23. http://dx.doi.org/10.1053/j.semss.2008.11.003

Meereis E, Lemos L, Pranke G, Alves R, Teixeira C, Mota C. Deficiência visual: uma revisão focada no equilíbrio postural, desenvolvimento psicomotor e intervenções. Rev Bras Ci e Mov. 2011;19(1):108-13.

Cardoso L, Gonçalves C, Bonvicine C, Barboza M. Análise clínica e radiográfica pré e pós-tratamento conservador na escoliose idiopática do adolescente: estudo de caso. ConScientiae Saúde. 2011;10(1):166-74.

Gauchard GC, Lascombes P, Kuhnast M, Perrin PP. Influence of different types of progressive idiopathic scoliosis on static and dynamic postural control. Spine. 2001 May 1;26(9):1052-8. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200105010-00014

Isableu B, Ohlmann T, Cremieux J, Amblard B. Selection of spatial frame of reference and postural control variability. Exp Brain Res. 1997 May;114(3):584-9. http://dx.doi.org/10.1007/PL00005667

Patla AE. Understanding the roles of vision in the control of human locomotion. Gait Posture. 1997;5(1):54-69. http://dx.doi.org/10.1016/S0966-6362(96)01109-5

Moseley GL, Hodges PW. Reduced variability of postural strategy prevents normalization of motor changes induced by back pain: a risk factor for chronic trouble? Behav Neurosci. 2006 Apr;120(2):474-6. http://dx.doi.org/10.1037/0735-7044.120.2.474

Durkin JL, Harvey A, Hughson RL, Callaghan JP. The effects of lumbar massage on muscle fatigue, muscle oxygenation, low back discomfort, and driver performance during prolonged driving. Ergonomics. 2006 Jan 15;49(1):28-44. http://dx.doi.org/10.1080/00140130500356882

Downloads

Publicado

2016-01-26

Como Citar

Tavares, G. M. S., do Espírito Santo, C. C., Parizotto, P., Sperandio, F. F., & Santos, G. M. (2016). Tratamento para escoliose pelo método de reeducação postural global (RPG) em deficientes visuais totais: série de casos. Scientia Medica, 25(3), ID21172. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2015.3.21172

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)