Estudo dos anti-inflamatórios e analgésicos utilizados pelos idosos da Estratégia Saúde da Família de Porto Alegre
DOI:
https://doi.org/10.15448/2357-9641.2014.2.20934Palabras clave:
Idoso, Anti-inflamatórios, Analgésicos, Reações adversas relacionados a medicamentos, Marcadores biológicos, Antioxidantes.Resumen
Introdução: A alta prevalência de uso de anti-inflamatórios e analgésicos por idosos é amplamente discutida na literatura devido aos riscos de efeitos adversos, iatrogenias e interações medicamentosas, uma vez que a maioria dos idosos é polimedicada. A dor é um dos principais motivos de uso desses medicamentos, principalmente devido ao alto índice de artrose, artrite e reumatismo nessa população. A prescrição de anti-inflamatórios e analgésicos em idosos deve ser individualizada, pois a farmacocinética e a farmacodinâmica desses fármacos sofrem alterações no organismo idoso, podendo causar inúmeros efeitos adversos. Apesar de todos esses indicativos, muitos estudos vêm apontando uma possível ação antioxidante dos anti-inflamatórios. A literatura tem sugerido que os anti-inflamatórios induzem à geração de espécies reativas de oxigênio, contudo outros estudos demonstram que também podem desempenhar uma atividade antioxidante.
Objetivo: Estudar o uso de anti-inflamatórios e analgésicos pelos idosos que frequentam a Estratégia Saúde da Família (ESF) de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Métodos: Estudo transversal coletado em uma amostra aleatória de idosos da ESF do município de Porto Alegre. Este estudo faz parte do “Estudo epidemiológico e clínico dos idosos atendidos pela Estratégia Saúde da Família do município de Porto Alegre (EMI-SUS)”, realizado durante o período de março de 2011 a dezembro de 2012. A coleta de dados foi realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde, em visita domiciliar, por meio de questionário geral contendo dados sociodemográficos, condições de saúde, doenças crônicas e hábitos de vida dos idosos e uso de medicamentos. Para este estudo, foram incluídos os anti-inflamatórios e analgésicos conforme o sistema de classificação Anatomical Therapeutic Chemical. Foram coletados dados antropométricos dos idosos e para este estudo foi utilizado o índice de massa corporal (IMC). A coleta de sangue foi realizada posteriormente pela equipe do projeto na unidade de saúde onde os idosos estavam cadastrados. Foram determinados os níveis plasmáticos de marcadores oxidativos e inflamatórios, tais como insulina, HOMA-IR (homeostatic model assessmentinsulin resistance), malondialdeído (MDA), habilidade de redução férrica plasmática ou “poder antioxidante” (FRAP), produto avançado da oxidação proteica (AOPP), interleucina-6 (IL-6) e proteína c reativa ultrassensível (PCR-US).
Resultados: Foram incluídos 758 idosos, com idade de 50 à 111 anos e a prevalência de uso de anti-inflamatórios e analgésicos foi de 28,8%. O paracetamol (67,9%) e o ibuprofeno (31,7%) foram os medicamentos mais utilizados. O sexo feminino utilizava com maior frequência anti-inflamatórios e analgésicos (P=0,022). Diante das variáveis de saúde, a autopercepção de saúde mostrou estar relacionada com o uso de anti-inflamatórios e analgésicos, sendo que, quanto pior a saúde relatada, maior o uso da terapêutica (P<0,001). Entre as patologias descritas pelos idosos, a doença hepática (P=0,004) e a artrose/artrite/reumatismo (P<0,001) mostraram estar associadas ao uso de anti-inflamatórios e analgésicos. Foi observado que, quanto maior o uso de medicamentos em geral, maior o uso de anti-inflamatórios e analgésicos (P<0,001). Quanto ao uso crônico de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), verificou-se associação com as doenças gastrintestinais relatadas pelos idosos (P=0,042). Quanto à associação dos AINEs com os marcadores oxidativos e inflamatórios, nada estatisticamente significativo foi encontrado.
Conclusão: Os resultados deste estudo mostram a utilização moderada de anti inflamatórios e analgésicos pelos idosos da ESF de Porto Alegre. Sabe-se da importância desses medicamentos para o manejo da dor e da inflamação, podendo interferir na melhoria da qualidade de vida do idoso. Porém, a prescrição de anti-inflamatórios e analgésicos deve ser feita com muita cautela e de forma individualizada nos idosos. Quanto aos marcadores inflamatórios e oxidativos, é importante ressaltar que os efeitos fisiológicos dos AINEs nos marcadores do metabolismo oxidativo e inflamatório ainda são escassos e controversos. Entretanto, este é o primeiro estudo que demonstrou a ausência de associação do uso de AINEs com níveis plasmáticos de marcadores inflamatórios e oxidativos, poder antioxidante e HOMA-IR.
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