O Nietzsche de Agamben e sua crítica à política como fisiologia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2024.1.45146

Palavras-chave:

Nietzsche, Agamben, política, fisiologia, potência.

Resumo

Neste artigo, analisamos algumas das peculiaridades da leitura que Agamben faz de Nietzsche, isto é, o uso que faz das ideias do pensador alemão para constituir a sua própria filosofia política. Assim, refletimos acerca do tensionamento e da polifonia entre a vontade de potência em sua configuração fisiopsicológica, e a grande política a partir da transvaloração dos valores. Indicamos essa tensão e polifonia tendo em vista o outro tipo de potência ao qual Agamben se inscreve, a aristotélica, para pensarmos sobre as aberturas políticas que se descortinam a partir da crítica nietzschiana à política e à democracia liberal. Convém atentar ao argumento de Piazzesi de que a vontade de potência sintetiza os âmbitos mecanicista e valorativo que, em relação agonística, explicam a vontade de potência. O projeto Homo sacer começa e termina com uma crítica à biopolítica que Agamben compreende como sendo aquela nietzschiana. Esse é um tensionamento entre a concretização da transvaloração dos valores como possibilidade de superar o niilismo e criar o lastro para a grande política, pois insere no campo da fisiologia uma questão política, do paradigma da autonomia.
Nietzsche e Agamben, com suas concepções divergentes de potência, apontam as possibilidades da política e os limites da democracia liberal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcia Rosane Junges, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).

Doutora em Filosofia Política pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), em cotutela com a Universitá degli Studi di Padova (UNIPD), Itália, por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), Capes. Professora titular do PPG em Filosofia da UNISINOS.

Castor Mari Martín Bartolomé Ruiz, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).

Doutor em Filosofia pela Universidad de Deusto, Espanha. Professor titular do PPG em Filosofia da UNISINOS.

Referências

AGAMBEN, G. Il regno e la gloria. Per una genealogia teologica dell’economia e del governo. Homo Sacer II, 2. Vicenza: Neri Pozza, 2007a.

AGAMBEN, G. Opus Dei. Archeologia dell’ufficio. Homo Sacer v. II, 5. Torino: Bollati Boringhieri, 2012.

AGAMBEN, G. L’uso dei corpi. Homo sacer. v. IV, 2. Vicenza: Neri Pozza, 2014a.

AGAMBEN, G. Nudez. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2014b.

AGAMBEN, G. A potência do pensamento. Belo Horizonte: Autêntica, 2015a.

AGAMBEN, G. Bartleby, ou da contingência. Belo Horizonte: Autêntica, 2015b.

AGAMBEN, G. Stasis. La guerra civile come paradigma politico. Homo sacer. v. II. Torino: Bollati Boringhier, 2015d.

AGAMBEN, G. Uma biopolítica menor. São Paulo: Série Pandemia, 1, Edições, 2017.

ARISTÓTELES. Metafísica. 2ª ed. São Paulo: Edipro, 2012.

BATAILLE, G.; DELEUZE, G. Nietzsche e i fascisti. Milano: Greco, 2016.

BROBJER, T. Critical Aspects of Nietzsche’s Relation to Politics and Democracy (p. 205-227). In: SIEMENS, H. W.; ROODT, V. Nietzsche, power, and politics: rethinking Nietzsche’s legacy for political thought. New York: Eds. Siemens, H. W.; Roodt, V and Berlin: Walter de Gruyter, 2008.

CAMPIONI, G. Leggere Nietzsche. Alle origini dell’edizione critica Colli-Montinari. Pisa: ETS, 1992.

FLEISNER, P. Haeckel e Nietzsche: aspectos da crítica ao mecanicismo no século XIX. Scientiae Studia. v. 1, nº. 4, São Paulo, 2003.

FLEISNER, P. La vida entre estética y política. En busca de las posibles herencias nietzscheanas en el pensamiento de Giorgio Agamben. Pléyade: Revista de Humanidades y Ciencias Sociales, Santiago, Chile, nº. 17, p. 65-88, 2016, ISSN 0719–3696.

FREZZATTI JR. Fisiopsicologia (p. 236-238). In: Grupo de Estudos Nietzsche (GEN). Dicionário Nietzsche. São Paulo: Edições Loyola (Coleção Sendas & Veredas), 2016.

LEMM, V. Más allá de una política de la doninación: la cultura aristocrática en Nietzsche. Alpha. Osorno, nº. 31, p. 9-24, 2010, ISSN 0718-2201. Disponível em: http://dx.doi.org/10.4067/S0718-22012010000200002. Acesso em: março de 2024.

LEMM, V. Agamben como lector de Nietzsche: una visión de conjunto. Centro de Estudios de Teoría y Crítica Literaria, Ciudad de Rosario, nº. 18, p. 151-160, 2017.

MARTON, S. Verbetes/Psicologia (Psychologie). In: Grupo de Estudos Nietzsche (GEN). Dicionário Nietzsche. São Paulo: Edições Loyola (Coleção Sendas & Veredas), p. 348-349, 2016.

MELVILLE, H. Bartleby, o escrivão. Uma história de Walll Street. São Paulo: Cosac Naify, 2005.

MÜLLER-LAUTER, W. Volontá di potenza e nichilismo. Nietzsche e Heidegger. Trieste: Parnaso, 1998.

PIAZZESI, C. Nietzsche. Roma: Carocci, 2017.

SALANSKIS, E. Organismo. In: Grupo de Estudos Nietzsche (GEN). Dicionário Nietzsche. São Paulo: Edições Loyola (Coleção Sendas & Veredas), p. 330-332, 2016.

SCHEIBENBERGER, S. Giorgio Agamben als Leser von Nietzsche. Programm 2017 Kolleg Friedrich Nietzsche. Weimar: Klassik Stiftung Weimar, 2017.

WOTLING, P. Vontade de poder. In: Vocabulário de Friedrich Nietzsche. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

WOTLING, P. Nietzsche e o problema da civilização. São Paulo: Sendas e Veredas, 2013.

Downloads

Publicado

2024-05-09

Como Citar

Junges, M. R., & Bartolomé Ruiz, C. M. M. (2024). O Nietzsche de Agamben e sua crítica à política como fisiologia . Veritas (Porto Alegre), 69(1), e45146. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2024.1.45146

Edição

Seção

Ética e Filosofia Política