Preditores antropométricos de hipertensão arterial sistêmica em mulheres afrodescendentes

Autores

  • Bruna Merten Padilha Universidade Federal de Alagoas
  • Alcides da Silva Diniz Universidade Federal de Pernambuco
  • Haroldo da Silva Ferreira Universidade Federal de Alagoas
  • Marília Tokiko Oliveira Tomiya Universidade Federal de Pernambuco
  • Poliana Coelho Cabral Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2017.3.27527

Palavras-chave:

Afro-americanos, etnia e saúde, gordura abdominal, obesidade, pressão arterial, curva ROC.

Resumo

***Preditores antropométricos de hipertensão arterial sistêmica em mulheres afrodescendentes***

OBJETIVOS: Investigar a associação entre parâmetros antropométricos e hipertensão arterial sistêmica e identificar os melhores preditores antropométricos dessa condição em mulheres afrodescendentes, de comunidades remanescentes de quilombos.

MÉTODOS: Estudo transversal realizado com mulheres quilombolas do Estado de Alagoas. Foram investigados pressão arterial, parâmetros antropométricos (índice de massa corporal, circunferência da cintura, razão cintura-quadril, razão cintura-estatura, índice de conicidade, gordura corporal), variáveis sociodemográficas, tabagismo e paridade. As associações entre parâmetros antropométricos e hipertensão arterial sistêmica foram averiguadas por meio da regressão de Poisson com ajuste robusto da variância. A capacidade desses parâmetros em predizer a presença de hipertensão arterial sistêmica foi analisada por meio de curvas ROC (Receiver Operating Characteristic).

RESULTADOS: Foram avaliadas 1.553 mulheres, com idades entre 20 e 59 anos. A prevalência de hipertensão arterial sistêmica foi 35,8% e a de excesso de peso foi 48,5%. A presença de hipertensão arterial sistêmica associou-se a índice de massa corporal, circunferência da cintura, razão cintura-quadril, razão cintura-estatura e gordura corporal, mesmo após o ajuste para idade, classe socioeconômica e tabagismo. A partir das curvas ROC, foram encontrados os seguintes pontos de corte: índice de massa corporal ≥26,2 kg/m², circunferência da cintura ≥81,6 cm, razão cintura-quadril ≥0,84, razão cintura-estatura ≥0,54, índice de conicidade ≥1,20 e gordura corporal ≥35,4%. Gordura corporal, razão cintura-quadril e razão cintura-estatura apresentaram igual capacidade em predizer a hipertensão arterial sistêmica.

CONCLUSÕES: Todos os indicadores de obesidade global e os de obesidade central, excetuando-se o índice de conicidade, associaram-se à hipertensão arterial sistêmica nessa amostra de mulheres afrodescendentes quilombolas. Os melhores preditores antropométricos de hipertensão arterial sistêmica foram porcentagem de gordura corporal, razão cintura-quadril e razão cintura-estatura. Essas medidas tiveram igual, embora baixo, poder discriminatório para a presença de hipertensão arterial sistêmica nessa população.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Susic D, Varagic J. Obesity: a perspective from hypertension. Med Clin North Am. 2017;101:139-57. https://doi.org/10.1016/j.mcna.2016.08.008

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde: 2013. Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Rio de Janeiro: IBGE; 2014.

Pinto AR, Borges JC, Novo MP, Pires PS. Quilombos do Brasil: Segurança Alimentar e Nutricional em territórios titulados. v. 20. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; 2014.

Secretaria de Estado da Cultura (SECULT). Estado de Alagoas. Mapeamento cultural: cultura afro brasileira – comunidades quilombolas [Internet]. Alagoas: SECULT; 2016. [cited 2016 May 20]. Available from: http://www.cultura.al.gov.br/politicas-e-acoes/mapeamento-cultural/cultura-afro-brasileira/comunidades-quilombolas

Soares DA, Barreto SM. Sobrepeso e obesidade abdominal em adultos quilombolas, Bahia, Brasil. Cad Saude Publica. 2014;30(2):341-54. https://doi.org/10.1590/0102-311X00004613

Oliveira SKM, Pereira MM, Guimarães ALS, Caldeira APC. Autopercepção de saúde em quilombolas do norte de Minas Gerais, Brasil. Cien saude colet. 2015;20(9):2879-90. https://doi.org/10.1590/1413-81232015209.20342014

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisas de Orçamentos Familiares 2008-2009: Antropometria e Estado Nutricional de Crianças, Adolescentes e Adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.

Battie CA, Borja-Hart N, Ancheta IB, Flores R, Rao G, Palaniappan L. Comparison of body mass index, waist circumference, and waist to height ratio in the prediction of hypertension and diabetes mellitus: Filipino-American women cardiovascular study. Prev Med Rep. 2016;4:608-13. https://doi.org/10.1016/j.pmedr.2016.10.003

Silva DAS, Petroski EL, Peres MA. Accuracy and measures of association of anthropometric indexes of obesity to identify the presence of hypertension in adults: a population-based study in Southern Brazil. Eur J Nutr. 2013;52:237-46. https://doi.org/10.1007/s00394-012-0314-8

Tuan NT, Adair LS, Stevens J, Popkin BM. Prediction of hypertension by different anthropometric indices in adults: the change in estimate approach Public Health Nutr. 2010;13(5):639-46. https://doi.org/10.1017/S1368980009991479

Saeed AA, Al-Hamdan NA. Anthropometric risk factors and predictors of hypertension among Saudi adult population – A national survey. J Epidemiol and Glob Health. 2013;3:197-204. https://doi.org/10.1016/j.jegh.2013.08.004

Ferreira HS, Silva WO, Santos EA, Bezerra MKA, Silva BCV, Horta BL. Body composition and hypertension: A comparative study involving women from maroon communities and from the general population of Alagoas State, Brazil. Rev Nutr. 2013;26(5):539-49. https://doi.org/10.1590/S1415-52732013000500005

Lohman TG, Roche AF, Martorell R. Anthropometric standardization reference manual. Champaign: Human Kinetics Books; 1988.

World Health Organization. WHO Obesity Technical Report Series, 284.Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a World Health Organization Consultation. Geneva: WHO; 2000.

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2009/2010. 3.ed. São Paulo: AC Farmacêutica; 2009.

Ashwell MS, Hsieh D. Six reasons why the waist‐to‐height ratio is a rapid and effective global indicator for health risks of obesity and how its use could simplify the international public health message on obesity. Int J Food Sci Nutr. 2005;56:303-7. https://doi.org/10.1080/09637480500195066

Pitanga FG, Lessa, I. Sensibilidade e especificidade do índice de conicidade como discriminador do risco coronariano de adultos em Salvador, Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2004;7(3):259-69. https://doi.org/10.1590/S1415-790X2004000300004

Durnin JA, Womersley I. Body fat assessed from total body density ad its estimation from skinfold thickness: measurement on 481 men and women aged from 16 to 72 years. Br J Nutr. 1974;32(1):77-97. https://doi.org/10.1079/BJN19740060

Siri WE. Body composition from fluid analysis and density: analysis of methods. In: Brozek J, Henschel A (eds). Techniques for measuring body composition. Washington: National Research Council; 1961.

Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Hipertensão, Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol. 2010;95(1)(supl.1):1-51.

Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Hipertensão, Sociedade Brasileira de Nefrologia. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3)(supl.3):1-104.

Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa (ABEP). Critério Padrão de Classificação Econômica Brasil. São Paulo: ABEP; 2011.

DeLong ER, DeLong DM, Clarke-Pearson DL. Comparing the areas under two or more correlated receiver operating characteristic curves: a nonparametric approach. Biometrics. 1988;44:837-45. https://doi.org/10.2307/2531595

Hanley JA, Mcneil BJ. The meaning and use of the area under a receiver operating characteristic (ROC) curve. Radiology. 1982;143(1):29-36. https://doi.org/10.1148/radiology.143.1.7063747

Bezerra VM, Andrade ACS, César CC, Caiaffa WT. Comunidades quilombolas de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil: hipertensão arterial e fatores associados. Cad Saude Publica. 2013;29(9):1889-902. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2013001300027

Soares DA, Barreto SM. Indicadores nutricionais combinados e fatores associados em população Quilombola no Sudoeste da Bahia, Brasil. Cien Saude Colet. 2015;20(3):821-32. https://doi.org/10.1590/1413-81232015203.03922014

Bezerra VM, Andrade ACS, César CC, Caiaffa WT. Desconhecimento da hipertensão arterial e seus determinantes em quilombolas do sudoeste da Bahia, Brasil. Cien Saude Colet. 2015;20(3):797-807. https://doi.org/10.1590/1413-81232015203.14342014

Cipullo JP, Martin JFV, Ciorlia LAS, Godoy MRP, Cação JC, Loureiro AAC, Cesarino CB, Carvalho AC, Cordeiro JA, Burdmann EA. Prevalência e fatores de risco para hipertensão em uma população urbana brasileira. Arq Bras Cardiol. 2010;94(4):519-26. https://doi.org/10.1590/S0066-782X2010005000014

Buford TW. Hypertension and aging. Ageing Res Rev. 2016;26:96-111. https://doi.org/10.1016/j.arr.2016.01.007

Taylor JY, Chambers AN, Funnell B, Wu CY. Effects of parity on blood pressure among african-american women. J Natl Black Nurses Assoc. 2008;19(2):12-9.

Pimenta AM, Kac G, Gazzinelli A, Corrêa-Oliveira R, Velásquez-Meléndezet G. Associação entre obesidade central, triglicerídeos e hipertensão arterial em uma área rural do Brasil. Arq Bras Cardiol. 2008;90(6):419-25. https://doi.org/10.1590/S0066- 782X2008000600006

Rodrigues SL, Baldo MP, Mill JG. Associação entre a razão cintura-estatura e hipertensão e síndrome metabólica: estudo de base populacional. Arq Bras Cardiol. 2010;95(2):186-91. https://doi.org/10.1590/S0066-782X2010005000073

Huxley R, Barzi F, Lee CMY, Janus E, Lam TH, Caterson I, Lear S, Patel J, Shaw J, Adam J, Oh SW, Kang JH, Zimmet P, Woodward M. Is central obesity a better discriminator of the risk of hypertension than body mass index in ethnically diverse populations? J Hypertens. 2008;26:169-77. https://doi.org/10.1097/HJH.0b013e3282f16ad3

Jiang J, Deng S, Chen Y, Liang S, Ma N, Xu Y, Chen X, Cao X, Song C, Nie W, Wang K. Comparison of visceral and body fat indices and anthropometric measures in relation to untreated hypertension by age and gender among Chinese. Int J Cardiol. 2016;219:204-11. https://doi.org/10.1016/j.ijcard.2016.06.032

Lee JW, Lim NK, Baek TH, Park SH, Park HY. Anthropometric indices as predictors of hypertension among men and women aged 40–69 years in the Korean population: the Korean Genome and Epidemiology Study. BMC Public Health. 2015;15:140. https://doi.org/10.1186/s12889-015-1471-5

Kawamura, T. Interpretação de um teste sob a visão epidemiológica. Eficiência de um teste. Arq Bras Cardiol. 2002;79(4):437-41. https://doi.org/10.1590/S0066-782X2002001300015

Downloads

Publicado

2017-08-18

Como Citar

Padilha, B. M., Diniz, A. da S., Ferreira, H. da S., Oliveira Tomiya, M. T., & Cabral, P. C. (2017). Preditores antropométricos de hipertensão arterial sistêmica em mulheres afrodescendentes. Scientia Medica, 27(3), ID27527. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2017.3.27527

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)