Trauma hepático: prevalência e características epidemiológicas de vítimas encaminhadas ao Instituto Médico Legal de Palmas, Tocantins

Autores

  • Danilo Lopes Castro Universidade Federal do Tocantins
  • Maurício Barbosa Ferreira Universidade Federal do Tocantins
  • Marcus Vinicius Moura Pereira Universidade Federal do Tocantins
  • Paulo Martins Reis Junior Universidade Federal do Tocantins

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2015.1.19737

Palavras-chave:

Fígado, Ferimentos e lesões, Traumatologia, Epidemiologia, Acidentes de trânsito.

Resumo

Objetivos: Analisar a prevalência e as características epidemiológicas relacionadas ao trauma hepático nas vítimas encaminhadas ao Instituto Médico Legal de Palmas, Tocantins.

Métodos: Um estudo transversal retrospectivo foi realizado no Instituto Médico Legal (IML) de Palmas, Tocantins, incluindo todas as vítimas encaminhadas para esse serviço, no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2010, consistindo em óbitos por causas violentas e que possuíssem lesões traumáticas de tecido hepático. A coleta de dados foi realizada mediante análise dos registros do IML. Foram anotados sexo, idade, mecanismo do trauma (quando acidentes de trânsito, o tipo de veículo envolvido), tipos de trauma associados ao trauma abdominal, presença de lesões abdominais associadas ao trauma hepático, índice de gravidade de lesões conforme a Associação Americana de Cirurgia do Trauma (AAST-OIS) e número de óbitos causados diretamente pelo trauma hepático. A análise estatística incluiu as frequências absolutas e relativas das variáveis.

Resultados: Das 1.796 vitimas fatais, 241 (13,4%) delas apresentavam trauma hepático, entre os quais 85,5% eram do sexo masculino e 42,9% tinham entre 21-30 anos. A principal causa envolvida foram os acidentes de trânsito, em 143 (59,3%) dos casos, envolvendo mais comumente as motos, 53 (37%). O tipo de trauma mais encontrado foi o contuso, 179 (74,3%). O lobo hepático direito foi o mais acometido, 98 (40,7%). As vítimas eram politraumatizadas em 147 (61%) dos casos. A lesão esplênica foi a mais associada ao trauma hepático, observada em 65 (27%) dos avaliados. O grau de lesão hepática mais prevalente foi o grau II, presente em 102 (42,4%) casos. O número de óbitos que tiveram como causa direta o trauma hepático correspondeu a 21 (8,7%) de todos os casos.

Conclusões: Entre os casos de trauma hepático observados em óbitos por causas violentas, registrados no IML de Palmas, o mais comum foi do tipo contuso, decorrente principalmente de acidentes de trânsito (especialmente com motocicletas). As vítimas mais frequentes com trauma hepático foram homens jovens na faixa etária laboral.

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Publicado

2015-06-15

Como Citar

Castro, D. L., Ferreira, M. B., Pereira, M. V. M., & Junior, P. M. R. (2015). Trauma hepático: prevalência e características epidemiológicas de vítimas encaminhadas ao Instituto Médico Legal de Palmas, Tocantins. Scientia Medica, 25(1), ID19737. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2015.1.19737

Edição

Seção

Artigos Originais