Deverá a idade ser um fator decisivo de seleção para internação num Centro de Reabilitação após um AVC?
DOI:
https://doi.org/10.15448/2357-9641.2019.1.31608Palavras-chave:
Acidente Vascular Cerebral, Ageismo, Centros de Reabilitação.Resumo
Objetivos: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) representa uma das principais causas de morbidade e mortalidade. A reabilitação pretende melhorar os déficits, a funcionalidade e integração social. Caracterizou-se a população idosa internada para reabilitação pós AVC e avaliaram-se as diferenças na evolução funcional entre os doentes idosos e não idosos.
Métodos: Analisaram-se retrospectivamente todos os doentes internados com AVC num Centro de Medicina de Reabilitação entre 1/6/2014 e 31/5/2016. Foram divididos em 2 grupos: idosos (≥65 anos) e não-idosos (<65 anos). As variáveis analisadas foram: sexo, idade, dias de internação, destino pós-alta e a Medida de Independência Funcional (MIF) na entrada e na saída do Centro de Reabilitação.
Resultados: Analisamos 134 doentes com AV C. A maioria eram idosos com idade média de 72,07±6,50. Deste grupo, 51,3% eram homens com média de 107,4±59,5 dias de internação (vs 109,50±55,7 dias dos não-idosos). 86,4% destes indivíduos tiveram alta para o domicílio. Comparando os valores médios de MIF na entrada e na saída, encontramos diferenças entre os dois grupos, sendo que os idosos apresentam resultados de MIF mais baixos na entrada (75,75 vs 82,96 não-idosos com p=0,005) e na saída (88,93 vs 99,12 não idosos com p=0,005). Foram encontradas diferenças do ganho de MIF nos dois grupos entre a entrada e a saída, embora não estatisticamente significativas.
Conclusões: A maioria dos doentes internados por AV C tinham mais de 65 anos. O valor da MIF na entrada do grupo de idosos é inferior aos dos não idosos, provavelmente por estes apresentarem características específicas inerentes ao envelhecimento. Embora os ganhos de MIF tenham sido inferiores no grupo dos idosos, esta diferença não foi significativa e parecem se beneficiar em termos funcionais tanto quanto o grupo de não idosos. Assim, a idade por si só não deve ser um critério de decisão para internação em centro de reabilitação.
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