Mulheres, investigação de paternidade e justiça: cotidiano e provas (Belém, 1920-1940)

Autores

  • Ipojucan Dias Campos UFPA

DOI:

https://doi.org/10.15448/2178-3748.2017.1.26677

Palavras-chave:

Paternidade, família e bens

Resumo

O artigo possui como proposta de análise perceber como algumas mulheres e filhos adultos das décadas iniciais do século XX, na cidade de Belém, se articularam tanto no cotidiano quanto no bojo do judiciário para provarem paternidade; assim as interpretações giraram em torno de tramas e lutas de mulheres que constituíram famílias ditas à época “espúrias”, às margens do ato solene. Em conformidade, para estes encaminhamentos tomou-se como argumento a concepção de que o tempo de vida sob um mesmo teto sempre se demonstrou princípio indispensável aos que impetravam, aos impetrados, às testemunhas e aos juízes das demandas, porque era em seu interior (no do tempo de convivência) que se buscavam comprovar contatos íntimos e consequentes nascimentos que por razões várias (de o pai ser casado com outra mulher, por exemplo) os impúberes não foram registrados. Nesta seara, é de bom alvitre considerar que as(os) solicitantes em “nada” se sustentavam no desejo de possuir o sobrenome do pretendido genitor, mas sim no de resolver necessidades materiais, as quais poderiam ser “contornadas” por meio de herança e pensão alimentícia.

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Biografia do Autor

Ipojucan Dias Campos, UFPA

Doutor. Professor da Faculdade de História da Universidade Federal do Pará (UFPA/IFCH) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação da em Ciências da Religião da Universidade do Estado do Pará (UEPA)

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Publicado

2018-01-11

Como Citar

Campos, I. D. (2018). Mulheres, investigação de paternidade e justiça: cotidiano e provas (Belém, 1920-1940). Oficina Do Historiador, 10(1), 78–96. https://doi.org/10.15448/2178-3748.2017.1.26677

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