Conceitos outros: as coisas e a Virada Ontológica
DOI:
https://doi.org/10.15448/2178-3748.2020.1.36312Palavras-chave:
Cultura Material. Arqueologia. Ontologia.Resumo
Este texto pretende discutir as possibilidades de uma abordagem ontográfica sobre a problematização das coisas, ou aquilo que chamamos de “cultura material”. Uma abordagem inserida no contexto da chamada Virada Ontológica, da qual emergem os estudos sobre a alteridade que a partir das coisas, neste caso, produzidas pelo outro, busca “traduzir” em conceitos a ontologia outra e comparar as diferenças conceituais suscitadas durante o processo. Uma comparação translativa entre conceitos produzidos por ambos os agentes teóricos: o nativo e o antropólogo. Os estudos sobre as coisas têm se voltado para concepções mais literalistas acerca, inclusive, da própria definição de “coisa” nos últimos anos, sobretudo quando há o envolvimento de dois ou mais “mundos” na equação. Na Antropologia, o debate sobre a Ontological Turn ocorre com maior velocidade e intensidade, voltando-se para o cerne da própria disciplina, abalando alguns fundamentos modernos que formataram o próprio fazer antropológico. É a partir desse debate, ainda em andamento, que a disciplina que utiliza as coisas como fonte, a Arqueologia, vem buscando reorientar suas análises sobre as coleções resultantes de suas pesquisas.
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