‘Bnafe soa melhor que Shrabe?’

Julgamento de aceitabilidade de sequências consonantais frequentes, pouco frequentes, marginais e ausentes no Português Brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-4301.2022.1.42637

Palavras-chave:

Fonologia de Laboratório, fonotaxe, sílaba, ataques ramificados, julgamento de aceitabilidade

Resumo

Esta pesquisa explora a gramática fonotática das sílabas de ataque ramificado CCV (Consoante1+Consoante2+Vogal) do Português Brasileiro, analisando suas propriedades e restrições combinatórias. O estudo mensura o julgamento de aceitabilidade de falantes nativos sobre encontros consonantais de frequência alta (/tɾ, pɾ, bɾ/), baixa (/dɾ, kl, gl/) e marginal (/tl, dl, vl/), contrapondo-os a encontros consonantais não atestados na língua, de escala de sonoridade não marcada (sonoridade ascendente /bn, ʃɾ/) e marcada (sonoridade descendente /lb, řt/; plateaus /xl, ft/). Nosso objetivo, com isso, é delinear a intuição fonotática do falante, traçando os efeitos do Léxico (frequência) e da Fonologia (Escala de Sonoridade) na gramática fonotática do PB. Os resultados apontam aceitabilidade distinta entre sequências de alta e baixa frequência, atestando um efeito do Léxico. Entretanto, sequências de frequência igual a zero apresentam julgamentos também distintos por efeito da Escala de Sonoridade, apontando para uma inter-relação Fonotaxe↔Léxico. /tl, dl, vl/, por sua vez, se mostram distintos tanto das sequências atestadas quanto das não atestadas, revelando caráter marginal. A seguinte escala de gradiência fonotática foi constatada: /pɾ, bɾ/≻/tɾ/≻/gl/≻/dɾ/≻/kl/≻/vl, dl/≻/tl/≻/ʃɾ, bn/≻/ft/≻/řt/≻/xl/≻/lb/.

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Biografia do Autor

Andressa Toni, Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Guarapuava, PR, Brasil.

Doutora em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, SP, Brasil, com período-sanduíche na Universidade da Pensilvânia. Professora Colaboradora na Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), em Guarapuava, PR, Brasil.

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Publicado

2022-12-20

Como Citar

Toni, A. (2022). ‘Bnafe soa melhor que Shrabe?’: Julgamento de aceitabilidade de sequências consonantais frequentes, pouco frequentes, marginais e ausentes no Português Brasileiro. Letrônica, 15(1), e42637. https://doi.org/10.15448/1984-4301.2022.1.42637

Edição

Seção

Fonologia e Interfaces