Letramentos Críticos para a Utopia
Uma proposta para a elaboração de materiais e cursos abertos e on-line
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2020.4.37399Palavras-chave:
Letramentos Críticos, Utopia, Cursos abertos e on-lineResumo
Neste artigo, propomos a aproximação entre os conceitos de Letramentos Críticos e Utopia enquanto possibilidade teórico-metodológica para as práticas pedagógicas no âmbito da educação linguística, com ênfase na elaboração de materiais e cursos abertos e on-line para o ensino de línguas adicionais. A pesquisa está organizada da seguinte forma: em um primeiro momento, situamos o estudo no campo da Linguística Aplicada Crítica, bem como tratamos de alguns conceitos necessários à compreensão da investigação; em um segundo momento, discutimos concepções alternativas da pesquisa científica, com destaque para as noções de Epistemologias do Sul e de Revisão Narrativa da Literatura; por fim, apresentamos as considerações finais do presente estudo. Os resultados demonstram que é possível delinear, pela via da transgressão, uma proposta teórico-metodológica que busca romper com a conhecida dicotomia entre a teoria e a prática, associando tais categorias no desenvolvimento de um ensino de línguas comprometido não apenas com a problematização de linguagens e tecnologias para a denúncia de uma estrutura desumanizante, mas também para a construção de um outro mundo possível. Esse enfoque, que convencionamos designar como Letramentos Críticos para a Utopia, pode ser utilizado na elaboração de materiais e cursos abertos e on-line para o ensino de línguas adicionais, pelos quais temos especial interesse na presente pesquisa.
Downloads
Referências
AMIEL, T. Educação Aberta: configurando ambientes, práticas e recursos educacionais. In: PRETTO, N. de L.; ROSSINI, C.; SANTANA, B. Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas. Salvador: Edufba; São Paulo: Casa da Cultura Digital, 2012. p. 17-33.
ALTINPULLUK, H.; KESIM, M. The evolution of MOOCS and a clarification of terminology through literature review. In: Conferência Anual da Rede Europeia de Educação a Distância e E-learning, 16., 2016, Budapste. Anais da Conferência Anual da Rede Europeia de Educação a Distância e E-learning. Budapeste: Rede Europeia de Educação a Distância e E-learning, 2016. p. 220-231.
BACON, F. Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
BAKHTIN, M. El problema de los géneros discursivos. In: BAKHTIN, M. Estética de la creación verbal. Tradução Tatiana Bubnova. Ciudad de México: Siglo XXI Editores, 1999. p. 248-293.
BEVILÁQUA, A. F. et al. Ensino de Línguas Online: um Sistema de Autoria Aberto para a produção e adaptação de Recursos Educacionais Abertos. Calidoscópio, São Leopoldo, v. 15, n. 1, p. 190-200, maio 2017. https://doi.org/10.4013/cld.2017.151.15.
BEVILÁQUA, A. F. Linguagens e tecnologias a serviço de uma Ética Maior: a produção de Recursos Educacionais Abertos na perspectiva dos Letramentos Críticos. 2017. 114 f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) - Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, RS, 2017.
BEVILÁQUA, A. F.; LEFFA, V. J.; KIELING, H. dos S. Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE), Acción Poética e Xenofobia: uma experiência pedagógica com um Recurso Educacional Aberto na perspectiva dos Letramentos Críticos. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 2, n. 58, p.1-20, maio/ago. 2019. https://doi.org/10.1590/010318138655137504201.
BEVILÁQUA, A. F.; COSTA, A. R.; FIALHO, V. R. O poder está no touch: produção de Recursos Educacionais Abertos na perspectiva dos Letramentos Críticos. In: CARDOSO, R. M. et al. (org.). Tendências contemporâneas na pesquisa em Linguística e Literatura: Rede Sul Letras. Campinas: Pontes, 2019. p. 308-324.
BRASIL. Lei nº 11.161, de 05 de agosto de 2005.
BRASIL. Resolução CD/FNDE nº 60, de 20 de novembro de 2009.
BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017.
CASSANY, D.; CASSTELLÀ, J. Aproximación a la Literacidad Crítica. Perspectiva, Florianópolis, v. 28, n. 2, p. 353-374, jul./dez. 2010.
CANCLINI, N. G. Culturas Híbridas – estratégias para entrar e sair da modernidade. Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. São Paulo: EDUSP, 1997. p. 283-350.
CHAUÍ, M. Notas sobre a Utopia. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 60, n. spe1, p. 7-12, jul. 2008.
CHAVARRO, D.; RÀFOLS, I.; TANG, P. To what extent is inclusion in the Web of Science an indicator of journal ‘quality’? Research Evaluation, [S. l.], v. 27, n. 2, p.106-118, 29 jan. 2018. https://doi.org/10.1093/reseval/rvy001.
CONGRESSO MUNDIAL SOBRE RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS. Declaração REA de Paris. Paris: UNESCO, 2012.
COSTA, A. R. et al. Contribuindo com o estado da arte sobre Recursos Educacionais Abertos para o ensino e a aprendizagem de línguas no Brasil. Veredas On-line, Juiz de Fora, v. 20, n. 1, p. 1-20, ago. 2016.
COSTA, Fabricio Veiga. Liberdade de cátedra do docente nos cursos de bacharelado em Direito: um estudo crítico da constitucionalidade do projeto de lei escola sem partido. Revista Jurídica - Unicuritiba, Curitiba, v. 50, n. 1, p. 374-397, jan. 2018.
FAIRCLOUGH, N. El análisis crítico del discurso y la mercantilización del discurso público: las universidades. Tradução Elsa Ghio. Discurso & Sociedad, [on-line], v. 2, n. 1, p.170-186, 2008.
FAIRCLOUGH, N. Language and power. London: Longman, 1989.
FOUCAULT, M. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
FONTANA, M. V. L.; LEFFA, V. J. LMOOCs: reflexões preliminares para o desenvolvimento de MOOCS comunicativos. Calidoscópio, São Leopoldo, v. 16, n. 3, p.460-468, 30 dez. 2018. https://doi.org/10.4013/cld.2018.163.10.
FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se complementam. São Paulo: Cortez, 1989.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 54. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016
HALL, S. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 2, n. 22, p.15-46, 1997.
HALLIDAY, M. A. K.; MATTHIESSEN, C. M. I. M. An Introduction to functional grammar. 3. ed. London: Routledge, 2013. https://doi.org/10.4324/9780203431269.
HORKHEIMER, Max. Teoría Crítica. Buenos Aires: Amorrortu, 1974.
HILTON, J. et. al. The four R’s of openness and ALMS analysis: frameworks for Open Educational Resources. Open Learning: the journal of open and distance learning, [S. l.], v. 25, n. 1, p. 37-44, 2010. https://doi.org/10.1080/02680510903482132.
LEFFA, V. J.; COSTA, A. R.; BEVILÁQUA, A. F. O prazer da autoria na elaboração de materiais didáticos para o ensino de línguas. In: FINARDI, K. R. et al. Transitando e transpondo (n)a Linguística Aplicada. Campinas: Pontes Editora, 2019. p. 267-297.
LEFFA, V. J. Nem tudo o que balança cai: Objetos de Aprendizagem no ensino de línguas. Polifonia, Cuiabá, v. 12, n. 2, p.15-45, 2006.
LITTO, F. M. Recursos educacionais abertos. In: LITTO, F. M; FORMIGA, M. (org.). Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education, 2009.
MOITA LOPES, L. P da. Linguística Aplicada e vida contemporânea: problematização dos construtos que têm orientado a pesquisa. In: MOITA LOPES, L. P. da. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006a. p. 85-107.
MOITA LOPES, L. P da. Uma Linguística Aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo como linguista aplicado. In: MOITA LOPES, L. P. da. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006b. p. 13-44
MORE, T. Utopia. Prefácio: João Almino; Tradução: Anah de Melo Franco. Brasília: Editora Universidade de Brasília: Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, 2004. (Clássicos IPRI).
PENYCOOK, A. Uma Linguística Aplicada transgressiva. In: LOPES, L. P. da M. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. p. 67-84.
PRETTO, N. de L. Professores-autores em rede. In: PRETTO, N. de L.; ROSSINI, C.; SANTANA, B. Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas. Salvador: Edufba; São Paulo: Casa da Cultura Digital, 2012. p. 91-108.
RAJAGOPALAN, K. Por uma Linguística Crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola, 2003.
SANTOS, A. I. dos. O estado da arte, desafios e perspectivas para o desenvolvimento e inovação. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2013.
SANTOS, B. de S. Aula 1: Por que as epistemologias do Sul? In: SANTOS, B. de S. Na oficina do sociólogo artesão: aulas 2011-2016. Seleção, revisão e edição Maria Paulo Meneses e Carolina Peixoto. São Paulo: Cortez, 2018. p. 24-54.
SOARES, M. B. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação [on-line], [S. l.], v. 1, n. 25, p. 5-17, abr. 2004. https://doi.org/10.1590/S1413-24782004000100002.
VAN DIJK, T. A. Discurso e Poder. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2017.
VETROMILLE-CASTRO, R. et al. Objetos de Aprendizagem de Línguas: uma proposta. In: VETROMILLE-CASTRO, R.; HEEMANN, C.; FIALHO, V. R. Aprendizagem de línguas – a presença na ausência: CALL, Atividade e Complexidade. Pelotas: Educat, 2012. p. 242-256.
ROTHER, E. T. Revisão sistemática X revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 5-6, jun. 2007. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001.
SARAIVA, K.; VARGAS, J. R. de. Os perigos da escola sem partido. Revista Teias, [on-line], [S. l.], v. 18, n. 51, p. 68-84, 6 dez. 2017. https://doi.org/10.12957/teias.2017.30651.
SIEMENS, G et al. The MOOC Model for Digital Practice. 2010. Disponível em: http://www.elearnspace.org/Articles/MOOC_Final.pdf. Acesso em: 05 jun. 2020.
THE NEW LONDON GROUP. Multiliteracies: Literacy learning and the design of social futures. London: Routledge, 2000.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Letrônica
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Letrônica implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Letrônica como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.