Aquilo que não pode deixar de ser dito: o efeito de pré-construído do discurso machista
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2020.2.36120Palavras-chave:
Análise do Discurso, Pré-construído, GêneroResumo
Este trabalho propõe-se a um gesto de interpretação assentado nos princípios teóricos da Análise de Discurso de tradição francesa. Com interesse particular na noção de pré-construído, elaborada por Paul Henry e desenvolvida por Michel Pêcheux, objetiva-se pesquisar como ele é reproduzido como um saber que todo mundo sabe, à revelia da formação discursiva com a qual o sujeito se identifica. Assim, o pré-construído é entendido como um saber universal; mesmo que o sujeito não se identifique com esse saber, ele pode invadir seu discurso. Atraídas pelas relações de gênero estabelecidas em nossa formação social, buscamos identificar irrupções do discurso hegemônico patriarcal sob a forma de pré-construídos em discursos tidos como subversivos. O corpus selecionado para análise é constituído por materialidades verbais e não verbais e foi coletado no site de rede social Facebook. Para a análise dos aspectos imagéticos, tem-se por base os estudos de Quevedo (2012), que vê na imagem efeitos similares aos do texto escrito.
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