A importância da reflexão arendtiana acerca da crise da autoridade para uma possível interpretação política da sentença nietzscheana "Deus está morto"

Autores

  • José Roberto Carvalho da Silva

DOI:

https://doi.org/10.15448/1983-4012.2018.2.31961

Palavras-chave:

Autoridade. Estado. Crise. Morte de Deus.

Resumo

O esforço consiste em demonstrar a importância da reflexão de Arendt acerca da crise da autoridade para uma possível interpretação política da sentença nietzscheana “Deus está morto”. A pensadora expõe o seu conceito de autoridade na obra Entre o passado e o futuro, no capítulo “Que é autoridade?”, distinguindo-o de persuasão e violência. As duas últimas, respectivamente, necessitam de argumento e força para surtirem algum efeito no mundo, enquanto a autoridade recorre tão-somente à sua própria tradição. Entretanto, segundo o diagnóstico arendtiano, a autoridade entra em crise no mundo moderno, pois se dissolve a tradição na qual ela se ancorava. Com base nisso, o artigo apresenta a crítica de Nietzsche à tradição, considerando a “morte de Deus” como o fim de sua autoridade. Será pensado em Zaratustra como, após a “morte de Deus”, o homem moderno encontra para este um substituto. Trata-se do Estado que, sem uma tradição para legitimar sua autoridade, de autoritário passa a ser totalitário.

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Referências

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Publicado

2018-12-13

Como Citar

da Silva, J. R. C. (2018). A importância da reflexão arendtiana acerca da crise da autoridade para uma possível interpretação política da sentença nietzscheana "Deus está morto". Intuitio, 11(2), 101–122. https://doi.org/10.15448/1983-4012.2018.2.31961