Notas sobre o subsolo contrarrevolucionário de Budapeste
DOI:
https://doi.org/10.15448/1983-4012.2020.1.36652Palavras-chave:
Práxis. Materialismo Histórico. Questões de Método. SartreResumo
Fundada sobre a liberdade ontológica na obra O ser e o nada (1943), a psicanálise existencial tem o propósito de compreender o ser a partir de sua liberdade em situação. A obra “Questões de método” (1957), por sua vez, marca o período do pensamento satriano conhecido como “virada dialética”. Esta mudança se caracteriza fundamentalmente pela introdução de uma nova abordagem metodológica: o método progressivo-regressivo. Este método almeja conflitar dialeticamente as totalizações históricas buscando a inteligibilidade do macrocosmo sociocultural. Esta virada se dá em função da crise do pensamento marxista de sua época. Ao encravar o existencialismo no coração da filosofia marxista, e assim afirmar o marxismo enquanto filosofia insuperável de nosso tempo, Sartre aponta que o marxismo se tornou dogmático (crítica já presente na obra A transcendência do ego de 1934) ao não partir da realidade material e dissociar teoria e prática. O famoso caso do metrô de Budapeste, relembrado por Sartre, aponta nesta direção: “o metrô de Budapeste era real na cabeça de Rákosi; se o subsolo da cidade não permitia sua construção era porque o subsolo era contra-revolucionário”. Na 2ª tese sobre Feuerbach (1845) Marx já alerta: é na prática que o homem deve mostrar o caráter terreno de seu pensamento. Sartre repõe a questão entre subjetividade e objetividade, liberdade e História acendendo-nos um farol que nos ilumina ainda hoje. Nosso estudo tem a intenção de mostrar a atualidade da crítica sartriana ao materialismo dogmático, bem como a necessidade de partir do homem concreto e da materialidade, aqui e agora, para compreender, criticar e agir sobre a realidade histórica que nos circunda.Downloads
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