Sigrid Pôrto de Barros
Uma intelectual-mediadora no campo dos museus
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-864X.2021.3.39915Palavras-chave:
História da Educação em Museus, Campo dos museus, Escola Ativa, Intelectual Mediador, Sigrid Pôrto de BarrosResumo
O trabalho analisa indícios da trajetória de uma conservadora de museus, Sigrid Pôrto de Barros, no campo dos museus brasileiro. Centra-se na década de 1950, quando se tornou funcionária do Museu Histórico Nacional, até a década de 1970, momento em que foi chefe da Seção de Pesquisa e Assistência Pedagógico-Museográfica da Divisão de Atividades Educacionais e Culturais do Museu. Embora seja uma profissional pouco reconhecida na historiografia do campo, sua atuação evidencia uma carreira voltada para a consolidação da função educativa dos museus, com ênfase no atendimento do público escolar infantil por meio de estratégias de execução nos museus dos princípios da Escola Ativa. Para a investigação foram analisados relatórios, escritos da profissional e outras fontes que favoreçam a compreensão de como a educação em museus era debatida no período. O conceito de intelectual mediador (GOMES; HANSEN, 2016) embasa a construção argumentativa da pesquisa. A análise revela que profissionais do campo dos museus, parte expressiva composta por mulheres no Brasil, estavam atualizadas com os debates sobre educação e suas possíveis articulações com os museus, e que suas atuações legitimaram essas instituições como espaços de aprendizado, função que se tornou marca expressiva no papel contemporâneo dos museus.
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