Corporativismo à Brasileira: entre o autoritarismo e a democracia

Autores

  • Valéria Marques Lobo Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-864X.2016.2.22514

Palavras-chave:

corporativismo, autoritarismo, democracia

Resumo

O artigo analisa a relação entre corporativismo e democracia, de uma perspectiva histórica. No plano mais geral, a literatura a respeito desse tema destaca que, embora o corporativismo tenha suas origens associadas a contextos autoritários, formas corporativas de intermediação de interesses adaptaram-se a conjunturas democráticas. No caso brasileiro, embora tenha sua gênese vinculada ao propósito de controle estatal sobre o conflito social, durante o primeiro governo Vargas, seu desenvolvimento coincide com o arrefecimento do autoritarismo nos últimos anos do Estado Novo. Desde então, atravessou diferentes sistemas políticos, conviveu com distintas constituições, e tem parte importante de seus dispositivos presentes ainda hoje. Por outro lado, a despeito de ser alvo frequente de críticas, emanadas da direita à esquerda do espectro político brasileiro, nenhum de seus críticos revelou uma preferência intensa pela superação do modelo. Diante disto, indaga-se a respeito da pertinência das proposições orientadas para sua supressão ou se, de outra forma, não seria mais viável postular o aprimoramento dos dispositivos corporativos ainda presentes, visando o aperfeiçoamento da democracia no país.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Valéria Marques Lobo, Universidade Federal de Juiz de Fora

Professora Associada do Departamento de História

Referências

ABREU, Luciano Aronne. Autoritarismo e corporativismo no Brasil. Anais do XI Encontro Regional da Anpuh-RS. Rio Grande: FURG, 2012.

ALVES, Maria Helena Moreira. Estado e oposição no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1984.

BOITO Jr, Armando. O sindicalismo de estado no Brasil: uma análise crítica da estrutura sindical. Campinas: Ed. da UNICAMP/SP-HUCITEC, 1991.

BOSCHI, R.R. Elites industriais e democracia. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

CAMARGO, Aspásia; DINIZ, Eli. Continuidade e mudança no Brasil da Nova República. São Paulo: Vértice/Revista dos Tribunais, 1989.

DELGADO, Lucília N. O PTB: do Getulismo ao Trabalhismo. São Paulo: LTr, 2011.

DINIZ, E. Empresariado, Estado e capitalismo no Brasil: 1930-1945. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

DUARTE, Nestor. A ordem privada e a organização política nacional. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1939.

FAORO, Raimundo. Os donos do poder. Porto Alegre: Globo, 1958.

FORTES, A. et al. (Org.). Na luta por direitos. Campinas: Ed. UNICAMP, 1999.

FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Nacional, 1975. GOMES, Angela Castro. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: FGV, 2005a.

______. Autoritarismo e corporativismo no Brasil: o legado de Vargas. Revista USP, São Paulo, n. 65, 105-119, mar-maio 2005b.

______. Burguesia e trabalho. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2014.

LAVAREDA, A. A democracia nas urnas. Rio de Janeiro: IUPERJ/Rio Fundo, 1991.

LOBO, Valéria M. Democracia e corporativismo no Brasil, 1995. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte 1995.

______. Fronteiras da cidadania. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2010.

______. Por que tecelões e metalúrgicos vão aos tribunais? – posição da indústria e reclamações ao judiciário trabalhista entre as décadas de 1940 e 1960. Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 5, n. 10, 183-198, jul.-dez. 2013.

MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

MARTINHO, Francisco Carlos Palomanes. Estado Novo, Ditadura Militar, Corporativismo e Identidade Nacional. IX Congresso Internacional da Brazilian Studies Association (BRASA). New Orleans/Loisiania: Tulane University, mar. 2008.

MARTINS, L. A revolução de 1930 e seu significado político. In: Revolução de 30 – Seminário Internacional. Brasília: Ed. da UNB, 1983.

MELLO, João Manoel Cardoso. O capitalismo tardio. São Paulo: Brasiliense, 1984.

MICHELS, Robert. Sociologia dos partidos políticos. Brasília: Ed. da UNB, 1982.

MOORE JR, Barringthon. As origens sociais da ditadura e da democracia. Lisboa: Cosmos, 1975.

NORONHA, Eduardo. O sistema legislado de relações de trabalho no Brasil. Dados, Rio de Janeiro, v. 43, n. 2, 2000.

OFFE, Claus. A Democracia partidária competitiva e o Welfare State Keynesiano. In: OFFE, C. (Org.). Problemas estruturais do estado capitalista. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.

______. Trabalho & sociedade: problemas estruturais e perspectivas para o futuro da sociedade do trabalho. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1991.

OFFE, Claus; WIESENTHAL, Helmut. Duas lógicas da ação coletiva: anotações teóricas sobre classe social e forma organizacional. In: OFFE, Claus. Problemas estruturais do estado capitalista. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.

OLIVEIRA, F. A economia brasileira: crítica da razão dualista. Petrópolis, Vozes/CEBRAP, 1981.

PANITCH, Leo. Os Sindicatos e o Estado no Capitalismo Avançado. Revista de Cultura e Política, Rio de Janeiro, CEDEC/Paz e Terra, n. 5-6, abr.-jun. e jul.-set. 1981.

PELAEZ, C. M. As Consequências Econômicas da Ortodoxia Monetária Cambial e Fiscal no Brasil entre 1889 e 1945. Revista Brasileira de Economia. Rio de Janeiro, p. 50-82, jul.-set. 1971.

PZERWORSKI, A. Capitalismo e social democracia. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

REIS FILHO, Daniel Aarão. O colapso do colapso do populismo: ou a propósito de uma herança maldita. In: FERREIRA, J. (Org.). O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 319-377.

REIS, Fabio Wanderley. Consolidação democrática e construção do Estado. In: REIS, F. W.; O’DONNELL, G. (Org.). Democracia no Brasil: dilemas e perspectivas. São Paulo: Vértice, 1988.

SANDOVAL, Salvador. Os trabalhadores param. São Paulo: Ática, 1994.

SANTANA, M. A.; RAMALHO, J.R. Trabalho e tradição sindical no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

SANTOS, Wanderlei Guilherme. Ordem burguesa e liberalismo político. São Paulo: Duas Cidades, 1978.

SCHMITTER, Philippe C. Still the century of corporatism? The Rewiew of Politics, v. 36, n. 1, p. 85-131, jan. 1974.

SCWARTZMAN, Simon. Bases do autoritarismo brasileiro. Rio de Janeiro: Campus, 1982.

SILVA, S. Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil. São Paulo: Alfa-Ômega, 1976.

SINGER, P. A crise do “Milagre”. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. STEPAN, A. Estado, corporativismo e autoritarismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

TAVARES, M. C. Da substituição de importações ao capitalismo financeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.

TOLEDO, Caio Navarro. ISEB: fábrica de ideologias. São Paulo: Ática, 1982.

VELHO, Otávio Guilherme. Capitalismo autoritário e campesinato. São Paulo: DIFEL, 1976.

VIANNA, Luis Werneck. Liberalismo e Sindicato no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 1999.

VILLELA, A. E SUZIGAN, W. Política do governo e crescimento da economia brasileira: 1889-1945. Rio de Janeiro: IPEA-INPES, 1973.

Downloads

Publicado

2016-04-09

Como Citar

Lobo, V. M. (2016). Corporativismo à Brasileira: entre o autoritarismo e a democracia. Estudos Ibero-Americanos, 42(2), 527–552. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2016.2.22514

Edição

Seção

Dossiê: Corporativismo histórico no Brasil e na Europa