O corporativismo na História e nas Ciências Sociais – uma reflexão crítica partindo do caso português

Autores

  • Álvaro Garrido Universidade de Coimbra

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-864X.2016.2.22506

Palavras-chave:

corporativismo, História, Ciências Sociais, Portugal, Estado Novo

Resumo

Este artigo, ostensivamente teórico, procura uma reflexão crítica sobre as hermenêuticas do corporativismo enquanto fenômeno social dotado de espessura histórica. O debate mobiliza a vasta bibliografia produzida pelas Ciências Sociais a propósito do fenômeno corporativo. Entre os denominadores comuns dessa literatura salienta-se a desvalorização da historicidade das ideias e instituições corporativistas na sua ligação umbilical aos fascismos. Recuperando essa íntima relação, interpretam-se historicamente os principais significados do movimento corporativista da Europa do entre-guerras. Ancorados no lastro histórico dos corporativismos fascistas, propõe-se alguns desafios de interpretação sobre a experiência portuguesa do Estado Novo, cuja longevidade e alto grau de institucionalização sempre despertaram o interesse de historiadores e de outros cientistas sociais.

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Publicado

2016-04-09

Como Citar

Garrido, Álvaro. (2016). O corporativismo na História e nas Ciências Sociais – uma reflexão crítica partindo do caso português. Estudos Ibero-Americanos, 42(2), 387–408. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2016.2.22506

Edição

Seção

Dossiê: Corporativismo histórico no Brasil e na Europa