Enfrentando a berlinda

usos públicos da História e patrimônio cultural no sertão cearense

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-864X.2021.2.38714

Palavras-chave:

História pública, Identidade, Memórias, Patrimônio, História regional e local

Resumo

A experiência interventiva em comunidades rurais cearenses, a partir do trabalho com a metodologia do Inventário Participativo e do debate em torno de categorias como memória, patrimônio e identidade, se constitui em mote privilegiado para refletirmos sobre os usos presentes do passado na produção de narrativas pelos movimentos sociais. A primeira parte do artigo identifica e analisa problemáticas concernentes à região do Médio Jaguaribe cearense, com foco nas comunidades rurais do município de Potiretama. Em seguida, escrutinando os problemas oriundos da construção da Barragem do Figueiredo, interpomos algumas questões em relação às possibilidades do ofício do historiador, possuindo como eixo a pergunta: é possível avançarmos da postura analítica para a propositiva no campo histórico/historiográfico? Considerando a contribuição do patrimônio cultural como uma variante de apropriação do passado e sua transmissão, demonstramos as possibilidades de usos públicos da História e suas formas de apresentação que, neste caso, auxiliaram nos processos de luta e resistência das populações do campo, tais como: a construção de museu comunitário, criação de trilhas históricas e arqueológicas, oficinas de pintura e audiovisual, entre outros.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mário Martins Viana Júnior, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil.

Doutor em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, SC, Brasil; professor da Universidade Federal do Ceará, (UFC), em Fortaleza, CE, Brasil.

Antônio Gilberto Ramos Nogueira, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil.

Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em São Paulo, SP, Brasil; professor da Universidade Federal do Ceará, (UFC), em Fortaleza, CE, Brasil.

Referências

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

ALBERTI, Verena. Ouvir Contar: textos em história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

ALMEIDA, Diego Gadelha de. (Des)envolvimento e lógica destrutiva no Tabuleiro de Russas. In: ALMEIDA, Diego Gadelha; VIANA JÚNIOR, Mário Martins, CHAVES, Rosa Sérvio; GOIS, Sarah Campelo Cruz (org.). História, memória e conflitos territoriais no Ceará: comunidades do Tabuleiro de Russas. 1. ed. Fortaleza: EdUECE, 2019. v. 1, p. 129-142.

ALMEIDA, Juliele Rabêlo de; MENESES, Sônia (org.). História Pública em debabe: Patrimônio, educação e mediações do passado. São Paulo: Letra e Voz, 2018.

ASSMANN, Aleida. Espaços de recordação: formas e transformações da memória cultural. Campinas: UNICAMP, 2011.

BENJAMIN, Walter. Teses sobre filosofia da história. In: KOTHE, Flávio R. (org.). Sociologia. São Paulo: Ática, 1985

BURSZTYN, Marcel. O poder dos donos. Planejamento e clientelismo no Nordeste. Rio de Janeiro, Fortaleza: BNB, 2008.

CANDAU, Joel. Memória e identidade. São Paulo: Contexto, 2011. 219 p.

CAUVIN, Thomas. A ascensão da História Pública: uma perspectiva internacional. Revista NUPEM, Campo Mourão, v. 11, n. 23, p. 8-28, maio/ago. 2019.

CERRI, Luis Fernando. Ensino de história e consciência histórica. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011.

COBA CONSULTORES DE ENGENHARIA E AMBIENTE E VBA CONSULTORES. Relatório de impacto ambiental da Barragem Figueiredo, [2003?].

FAGUNDES, Bruno Flávio Lontra. É possível fazer tábula rasa do passado e do presente dos historiadores? In: Lucília de Almeida Neves; Marieta de Moraes Ferreira (org.). História do Tempo Presente. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2014. v. 1, p. 15-34.

FAGUNDES, Bruno Flávio Lontra. Entre tradição, inovação e renovação: sobre cursos de História brasileiros. Revista Saeculum, [S. I.], n. 32, p. 159-181, jan./jun. 2015.

FAGUNDES, Bruno Flávio Lontra; MELO, Ricardo Marques de; KOBELINSKI, Michel. História pública brasileira e internacional: seu desenvolvimento no tempo, possíveis consensos e dissensos. Revista do NUPEM, [S. I.], v. 11, p. 29-47, 2019.

FICO, Carlos. História do Tempo Presente, eventos traumáticos e documentos sensíveis: o caso brasileiro. Varia hist., [S. I.] v. 28, n. 47, p. 43-59, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752012000100003&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 10 maio 2021.

FRISCH, Michael. A Shared Authority: Essays on the Craft and Meaning of Oral and Public History. New York: State University of New York Press, 1990.

FRISCH, Michael. A história pública não é uma via de mão única, ou, De A Shared Authority à cozinha digital, e vice-versa. In: MAUAD, Ana Maria; ALMEIDA, Juniele; SANTHIAGO, Ricardo (org.). História Pública no Brasil: Sentidos e itinerários. São Paulo: Letra e Voz, 2016. p. 57-70.

GODINHO, Paula. Movimentos sociais rurais: questões de teoria e métodos. In: FREIRE, Dulce; FONSECA, Inês; GODINHO, Paula (coord.). Mundo Rural. Transformação e resistência na Península Ibérica (século XX), Lisboa: Edições Colibri, 2000.

GODINHO, Paula. O futuro é para sempre – experiência, expectativa e práticas possíveis. Lisboa: Letra Livre: Através, 2017.

GOMES, Alexandre; VIEIRA, João Paulo. A rede cearense de museus comunitários: processos e desafios para a organização de um campo museológico autônomo. Cadernos do CEOM, Chapecó, n. 41, p. 489-414, 2014.

GONÇALVES, Janine. Da educação do público à participação cidadã: sobre ações educativas e patrimônio cultural. MOUSEION, Canoas, n. 19, p. 83-97, dez. 2014.

GONÇALVES, Janice; NOGUEIRA, Antonio Gilberto Ramos. Apresentação do Dossiê: Memória, Ética e Reparação. Revista Percursos, Florianópolis, v. 20, n. 42, p. 4-7, 2019.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

HILL, Jonathan. Etnicidade na Amazônia Antiga: reconstruindo identidades do passado por meio da arqueologia, da linguística e da etno-história. ILHA, [S. I.], v. 15, n. 1, p. 35-69, jan./jun. 2013.

JANOTTI, Maria de Lourdes Mônaco. O Coronelismo: uma política de compromissos. São Paulo: Brasiliense, 1992.

MALERBA, Jurandi. Os historiadores e seus públicos: desafios ao conhecimento histórico na era digital. Revista Brasileira de História, [S. I.], v. 37, n. 74, p. 135-154.

MAUAD, Ana Maria. Na mira do olhar: um exercício de análise da fotografia nas revistas ilustradas cariocas, na primeira metade do século XX. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 133 174, jan./jun. 2005.

MAUAD, Ana Maria. Fontes de memória e o conceito de escrita videográfica: a propósito da fatura do texto videográfico Milton Guran em três tempos. História oral, [S. I.], v. 1, n. 13, p. 141-151, 2010.

MAUAD, Ana Maria. Sobre as imagens na História, um balanço de conceitos e perspectivas. Maracanan, [S. I.], v. 12, p. 25-32, 2016.

MENEGUELLO, Cristina; BORGES, Viviane. Patrimônio, memória e reparação: a preservação dos lugares destinados à hanseníase no estado de São Paulo. Patrimônio e Memória, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 345-374, jul./dez. 2018.

MORAES, Kleiton de Sousa. O progresso descobre o sertão: a Inspetoria de Obras Contra as Secas (1909-1918). Rio de Janeiro: Alameda, 2018.

MOREIRA, Carolina Rodrigues. “Pai Nosso revolucionário”: A experiência de luta e fé da cáritas diocesana de Limoeiro do Norte no Vale do Jaguaribe/CE (1992-2013). In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – ANPUH, 30., 2019, Recife. Anais [...]. Recife: UFPE, 2019. Disponível em: https://www.snh2019.anpuh.org/resources/anais/8/1565311804_ARQUIVO_PainossorevolucionarioAexperienciadelutaefedaCaritasDiocesanadeLimoeirodoNortenoValedoJaguaribe.pdf. Acesso em: 10 maio 2021.

NEVES, Frederico de Castro. O Nordeste e a historiografia brasileira. Ponta de Lança, São Cristóvão, v. 5, n. 10, abr./out. 2012.

NEVES, Lucilia de Almeida; FERREIRA, Marieta de Moraes (org.). História do Tempo Presente. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2014.

NOGUEIRA, Antonio Gilberto Ramos; RAMOS FILHO, Vagner Silva. Afinal, o que é patrimônio? Conceitos e suas trajetórias. In: NOGUEIRA, Antonio Gilberto Ramos; RAMOS FILHO, Vagner Silva. Curso Formação de Mediadores de Educação para Patrimônio. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2020. v. 1.

NOGUEIRA, Antonio Gilberto Ramos. Literatura de cordel: folclore, coleção e patrimônio imaterial. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, [S. l.], v. 72, p. 262-275, 2019.

NOGUEIRA, Antonio Gilberto Ramos. Inventários, espaço, memória e sensibilidades urbanas. Educar em Revista, Curitiba, n. 58, p. 37-53, 2015.

NOGUEIRA, Antonio Gilberto Ramos. O campo do patrimônio cultural e a história: itinerários conceituais e práticas de preservação. Antíteses, Londrina, v. 7, n. 14, p. 45-67, 2014.

PALITOT, Estevão Martins (org.). Na mata do sabiá: contribuições sobre a presença indígena no Ceará. Fortaleza: Museu do Ceará/Imoper, 2009.

PINHEIRO, Francisco José. Notas sobre a formação social do Ceará (1680-1820). Fortaleza: Fundação Ana Lima, 2008.

POULOT, Dominique. Cultura, História, valores patrimoniais e museus. Varia hist., [S. l.], v. 27, n. 46, p. 471-480, 2011.

PUNTONI, Pedro. A guerra dos bárbaros: povos indígenas e colonização do sertão nordeste do Brasil (1650-1720). São Paulo: Edusp: Hucitec, 2002.

PROST, Antoine. Doze lições sobre a história. Rio de Janeiro: Autêntica, 2008.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 3, p. 3-15, 1989.

QUEIRÓS, Agnelo Fernandes de. Os grafismos rupestres da Lagoa das Pedras Pintadas, Alto Santo, região do Jaguaribe, Ceará: documentação, estado de conservação e análise contextual. 2016. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Arqueologia) – Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2016.

RAMOS, Francisco Régis Lopes. A danação do objeto: o museu no ensino de História. Chapecó: Argos, 2004.

REVEL, Jacques (org.). Jogos de Escala: a experiência da microanálise. Tradução de Dora Rocha. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Unicamp, 2008.

ROUSSO, Henry. A memória não é mais o que era. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína. Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2000. p. 93-102.

SANTHIAGO, Ricardo. História Pública no Brasil. São Paulo: Letra e Voz, 2016.

SANTOS, Milton et al. (org.). Território: Globalização e Fragmentação. 4. ed. São Paulo: Hucitec: Anpur, 1998.

SILVA, Roberto Marinho Alves da. Entre dois paradigmas: combate à seca e convivência com o semi-árido. Soc. estado., Brasília, v. 18, n. 1-2, p. 361-385, dez. 2003.

SOUSA, Francisco Marcos Xavier de. Assentamento boa esperança, o MAB e a Barragem do Figueiredo, Iracema-CE: Territórios, Lutas, Conflitos e Sobrevivência. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2013.

SPECK, Katia; LAMPERT, Jociele. Arte educação pela pintura: a articulação do ensino com a prática artística do professor/artista/pesquisador. In: SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 21., 2016, Santa Catarina. Anais [...]. Florianópolis: Udesc, 2016. p. 1-2. Disponível em: http://www1.udesc.br/arquivos/id_submenu/2553/15.pdf. Acesso em: 10 maio 2021.

SCHWARCZ, Liliam Moritz. As Barbas do imperador, D. Pedro II: um Monarca dos Trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

VARINE, Hugues de. As raízes do futuro: patrimônio a serviço do desenvolvimento local. Tradução de Maria de Lourdes Parreiras Horta. Porto Alegre: Medianiz, 2013.

VIANA JÚNIOR, Mário Martins; MAUPEOU, Samuel Carvalheira de. Da produção camponesa familiar ao capitalismo: o perímetro irrigado tabuleiro de russas no Ceará (1988-2008). Tempos Históricos, [S. I.], v. 22, p. 120-145, 1. sem. 2018.

VINYES, Ricard (ed.). El Estado y la Me-moria. Gobiernos y ciudadanos frente a los traumas de la historia. Barcelona: RBA Libros; Young: James, 2009.

Downloads

Publicado

2021-05-27

Como Citar

Martins Viana Júnior, M., & Gilberto Ramos Nogueira, A. . (2021). Enfrentando a berlinda: usos públicos da História e patrimônio cultural no sertão cearense. Estudos Ibero-Americanos, 47(2), e38714. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2021.2.38714

Edição

Seção

História Pública na América Latina: mediações do passado, demandas sociais e tempo presente