A historiografia dos traumas coletivos e o Holocausto: desafios para o ensino da história do tempo presente

Autores

  • Francisco Carlos Teixeira da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Karl Schurster Universidade de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-864X.2016.2.23192

Palavras-chave:

holocausto, Segunda Guerra, trauma, ensino de História

Resumo

O presente trabalho tem como principal objetivo construir uma análise acerca do debate, hoje crescente, do Ensino de História. Mais especificamente,expandir para a pesquisa acadêmica brasileira, os estudos de um campo relativamente novo, denominado de “pedagogia do ensino dos traumas coletivos”, com ênfase no Holocausto. É latente a necessidade de revisitarmos os currículos, em quaisquer níveis de ensino, adequando-os às demandas sociais de nosso tempo presente. Buscaremos neste texto discutir o papel da instituição escolar, do professor e do material didático enquanto ferramenta de ensino que visa combater as manifestações de ódio presentes tanto na estrutura do Estado, quanto no corpo social. Existe hoje uma crescente necessidade de avaliação do que temos aprendido e, ainda mais, que temos ensinado sobre os eventos traumáticos. De forma especial, na educação brasileira, o ensino de traumas coletivos é tratado, em sua maioria, como nota explicativa em temas mais abrangentes, como o Holocausto em relação com a Segunda Guerra Mundial. O currículo e os instrumentos pedagógicos disponíveis no Brasil não dão o necessário suporte aos agentes do processo educacional. Desta feita, objetivamos ainda apresentar e problematizar os materiais didáticos do YadVashem, museu responsável pela memória do Holocausto, e a forma como e tem trabalhado o tema em Israel, seus métodos e objetivos. Nesse sentido, utilizaremos como fonte três materiais didáticos, desenvolvidos pelo YadVashem, distribuídos nos diferentes níveis da educação, de acordo com a filosofia espiral de ensino: “Tommy”, “Porque Naftali se llama Naftali” e “Cuatro vidas distintas y muy parecidas”.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Karl Schurster, Universidade de Pernambuco

Professor do PPG em Educação da Universidade de Pernambuco (UPE).

Referências

ADORNO, Theodor. W. Educação e Emancipação. In: ADORNO, Theodor. W. (Org.). Educação após Auschwitz. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. p. 119-138.

BAUER, Yehuda. Reflexiones sobre el holocausto. Jerusalén: E. D. Z. NativEdiciones, 2013.

CALVINO, Ítalo. O visconde partido ao meio. Trad. Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

DA SILVA, Marina Magalhães Barreto Leite. KIOKU: a memoria da Segunda Guerra no Japão. Curitiba: Prismas, 2015.

DANZIGER, Leila. Shoah ou Holocausto? A aporia dos nomes. Revista de Estudos Judaicos da UFMG, v. 1, n. 1, p. 50-58, 2007.

DE FELICE, Renzo. Il Fascismo. Le interpretazioni dei contemporanei e deglistorici. Bari: Laterza, 1970.

FERRO, Marc. A manipulação do Ensino de História nos meios de comunicação de massa. São Paulo: IBRASA, 1983.

FRIEDLANDER, Saul (Org.). En torno a los límites de la representación. El nazismo y la solución final. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes Editorial, 2007.

FONSECA, Selva Guimarães. Fazer e Ensinar História: anos iniciais do Ensino Fundamental. Belo Horizonte: Dimensão, 2009.

FONTANA, Josep. A História dos Homens. Trad. Heloisa Jochims Reichel e Marcelo Fernando da costa. São Paulo: EDUSC, 2004.

FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. Trad. José Otávio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago, 1997.

FRIEDRICH, Carl; BRZEZINSKI, Zbigniew. Totalitarian Dictatorshipsund Autocracy. Cambridge: University Press, 1956.

FRIEDMANN, Georges. Fim do povo judeu? São Paulo: Perspectiva, 1965.

GAY, Peter. O cultivo do ódio. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.

GITZ, Ilton; PEREIRA, Nilton Mullet. Ensinando sobre o Holocausto na Escola. Porto Alegre: Penso, 2014.

GOLDHIRSH, Ora. El día de recordacíon de la Shoá y del heroismo en el jardín de infantes. Jerusalém: Yad Vashem, 2008. Disponível em: <http://www.yadvashem.org/

yv/es/education/educational_materials/pdfs/propuesta5.pdf>.

GUTMAN, Israel. Holocausto y Memoria. Jerusalén: Centro Zalman Shazar de História Judia, 2003.

HUYSSEN, Andreas. Usos tradicionais do discurso sobre o Holocausto e o Colonialismo In: HUYSSEN, Andreas (Org.). Culturas do passado-presente. Rio de Janeiro: Contraponto, 2014. p. 177-194.

HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória. Rio de Janeiro: Ed. Aeroplano, 2000.

IMBER, Sulamit. The International School for Holocaust Studies. In: Haaretz, maio 2014. Disponível em: <http://www.haaretz.com/jewish-world/jewish-worldfeatures/

587655>. Acesso em: 21 maio 2014.

JASPERS, Karl. El problema de la culpa: sobre la responsabilidad politica de Alemania. Madrid: Paidos, 1998.

KASHTI, O. Who’ safraidof the Nakba? New research chall enges the way history is taught in Israeli high schools In: Haaretz, maio 2014. Disponível em:

haaretz.com/news/features/who-s-afraid-of-the-nakba-new-research-challenges-theway-

history-is-taught-in-israeli-high-schools.premium-1.517884>. Acesso em: 22 maio 2014.

LAGROU, Pieter. Mémoires de l’occupation nazie en Europe occidentale. Paris: Editions Complexe, 2001.

______. Mémories patriotiques et Occupation nazie. Paris: CNRS/IHTP, 2003.

LEVI, Primo. É isto um homem? Trad. Luigi Del Re. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

LEWIN, Helena. Intolerância e Holocausto na sala de aula: como estudar e ensinar. Rio de Janeiro: 6ª Jornada Interdisciplinar sobre o ensino do Holocausto, 2008.

MANN, Thomas; NOLTE, Ernst; HABERMAS, Jürgen. Hermano Hitler. El debate de los historiadores. México: Herder, 2012.

NOLTE, Ernst. “Historikerstreit”: Die Dokumentation der Kontroverse um die Einzigartigkeit der national sozialistischen Judenvernichtung. Piper Verlag, München 1987.

POULANTZAS, Nicos. Fascismo e Ditadura. Porto: Portucalense, 1973.

REICHEL, Peter. La fascination du Nazisme. Paris: E. Jacob, 2001.

ROLLEMBERG, Denise; VIZ QUADRAT, Samantha (Org.). A construção social dos regimes autoritários: Legitimidade, consenso e consentimento no século XX – Europa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. 3v.

ROUDINESCO, Elisabeth; PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Trad. Vera Ribeiro e Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

SEMELIN, Jaques. Purificar e destruir: usos políticos dos massacres e dos genocídios. São Paulo: DIFEL, 2009.

SERENY, Gitta. O trauma alemão. Experiência e reflexões. 1938-2000. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. O Retorno: é primavera em Zwickau, Alemanha In: Carta Maior, jan. 2012. Disponível em: .

TEIXEIRA, Anísio. Educação para a democracia: introdução à administração educacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997.

TIBURI, Marcia. Como conversar com um fascista. Reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro. Rio de Janeiro: Record, 2015.

TODOROV, T. Memória do Mal, tentação do bem. Indagações sobre o século XX. São Paulo: ARX, 2002

Downloads

Publicado

2016-06-09

Como Citar

Silva, F. C. T. da, & Schurster, K. (2016). A historiografia dos traumas coletivos e o Holocausto: desafios para o ensino da história do tempo presente. Estudos Ibero-Americanos, 42(2), 744–772. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2016.2.23192

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)