Sociabilidade, memórias e valores compartilhados: o cotidiano na Academia Brasileira de Letras durante a ditadura militar

Autores

  • Diogo Cunha Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-864X.2017.2.25129

Palavras-chave:

Academia Brasileira de Letras, Regime militar, Cotidiano, Sociabilidade, Patriotismo.

Resumo

Este artigo pretende analisar em que medida a Academia Brasileira de Letras (ABL) serviu como instância de legitimação para a ditadura militar brasileira. Concentramos nossa análise nas práticas cotidianas da ABL a fim de restituir a complexidade e a ambiguidade das suas relações com regime que se instaurou em 1964. Assim, examinamos as visitas que os acadêmicos recebiam e os discursos feitos pelos anfitriões e convidados nessa ocasião; os votos de pesar dirigidos pelos acadêmicos aos familiares de personalidades que haviam falecido; e os valores enaltecidos na construção de uma memória dos grandes homens. A análise mostrou que a ABL concorreu a legitimar o regime instaurado em 1964 através de uma intensa sociabilidade entre os “imortais” e os representantes do regime, assim como pela difusão de valores compartilhados entre eles, especificamente os de patriotismo e de civismo.

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Biografia do Autor

Diogo Cunha, Universidade Federal de Pernambuco

Pós-doutorando PNPD-CAPES (Departamento de Ciência Política)

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Publicado

2017-06-05

Como Citar

Cunha, D. (2017). Sociabilidade, memórias e valores compartilhados: o cotidiano na Academia Brasileira de Letras durante a ditadura militar. Estudos Ibero-Americanos, 43(2), 317–332. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2017.2.25129

Edição

Seção

Dossiê: História, cotidiano e memória social: a vida comum sob as ditaduras no século XX