A hipercontemporaneidade ensanguentada em Ana Paula Maia

Autores

  • Ricardo Araújo Barberena Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7726.2016.4.26163

Palavras-chave:

Literatura contemporânea, Hipermodernidade, Pulp fiction, Identidade

Resumo

A trilogia de Ana Paula Maia, composta por Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos, O trabalho sujo dos outros e Carvão animal, descreve cruelmente um grupo de personagens, situados num espaço caracterizado pela subalternidade, humilhação e exclusão social. Através de uma escritura pulp, Ana Paula Maia apresenta uma série de imagens abjetas que tematizam uma polpa de sangue, bichos, violência e esgoto. Alijados do status quo, esses habitantes dos subterrâneos da nossa sociedade, enquanto seres-refugo, desperdiçam as suas vidas fazendo o trabalho sujo para-os-outros. Brutalizadas e coisificadas, essas identidades marginais divertem-se pendurando porcos em ganchos ou contemplando os cães dilacerando-se. Esses homens-de-rinha esperam, sob um calor sufocante do subúrbio, a parte carnosa do real que está urdida sob a égide do resto mutilado do cotidiano: os pedaços dos corpos, dos porcos, dos cães, das esperanças.

********************************************************************

Bloodstained hyper contemporaneity in Ana Paula Maia

Abstract: The trilogy of Ana Paula Maia, composed of Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos, O trabalho sujo dos outros and Carvão animal describes a group of characters set in a space characterized by subordination, humiliation and social exclusion. Through pulp writing, Ana Paula Maia presents a series of abject images whose theme a pulp of blood, animals, violence and sewage. Priced out of the status quo, these inhabitants of the society underground, living as scrap, waste their lives doing the dirty work for others. Brutalized and objectified, these marginal identities have fun hanging pigs in hooks or contemplating dogs tearing each other up. These men – of – baiting expect, under a sweltering suburb, the fleshy part of real that is woven under the aegis of mangled rest of the everyday: the pieces of bodies, pigs, dogs, hopes.

Keywords: Contemporary literature; Hyper contemporaneity; Pulp fiction; Identity

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó: Argos, 2010.

BARTHES, Roland. Como viver juntos. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

COMPAGNON, A. Os antimodernos. De Joseph De Maistre a Roland Barthes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

ITURBE, Antonio G. A bibliotecária de Auschwitz. Rio de Janeiro: Agir, 2014.

LIPOVETSKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.

MAIA, Ana Paula. Carvão animal. Rio de Janeiro: Record, 2011.

MAIA, Ana Paula. Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos. Rio de Janeiro: Record, 2009.

McCRACKEN, Scott. Pulp: Reading popular fiction. Manchester: Manchester University Press, 1998.

RESENDE, Beatriz. Contemporâneos: expressões da literatura brasileira do século XX. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2008.

SARAMAGO, José. Ensaio sobre a Cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: UFMG, 2010.

VALÉRY, Paul. Monsieur Teste. São Paulo: Ática, 1997.

Downloads

Publicado

2016-12-31

Como Citar

Barberena, R. A. (2016). A hipercontemporaneidade ensanguentada em Ana Paula Maia. Letras De Hoje, 51(4), 458–465. https://doi.org/10.15448/1984-7726.2016.4.26163