“A Gaiola”, de Augusta Faro

(des)enclausuramento do feminino no cenário doméstico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7726.2021.2.40022

Palavras-chave:

Literatura marginal, Ficção fantástica, Vozes dissonantes, Subversão

Resumo

O texto  analisa o conto A gaiola, da escritora goiana contemporânea Augusta Faro, a partir de uma  estética  de gênero. Situa a narrativa no escopo da literatura feminina marginal, na medida em que, de certo modo, a produção encontra-se à margem do sistema literário canônico. Propõe, ainda, uma reflexão a respeito da condição feminina e violência de gênero, com ênfase nos diversos papeis atribuídos às mulheres e os diversos tipos  de violência por elas sofrido, evidenciando-se a possibilidade de ruptura  e desafio à logica perversa do patriarcado. A análise revela a quebra de estereótipos e a subversão de um padrão hegemônico gestado para o feminino a partir de personagens da quarta geração retratada que, opondo-se a um machismo estruturante, empodera-se, conquista a liberdade e a autonomia  de gestarem suas vidas e fazerem suas escolhas. Para uma interlocução, invocamos Betty Friedan (2020), Helleith Safiotti (2015), Júlio Cortázar (2006), Nádia Gotlib (1990/2004),  Ricardo Piglia (2004), Simone de Beauvoir (1990ª; 1990b), Wayne Booth (1980), dentre outras/os. Conclusivamente, o conto sob análise possibilita ao público leitor, em especial ao público feminino, uma reflexão acerca das diversas formas de aprisionamento da mulher e, de modo especial e com beleza estética,  possibilidades de ruptura e transgressão das perversas clausuras do feminino  ainda  vigentes e  tão atuais no presente  contexto sociológico, ideológico e moral.

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Biografia do Autor

Carla de Quadros, Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Salvador, BA, Brasil.

Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil. Mestre em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Professora Titular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Santo Antônio de Jesus, BA, Brasil; e da Rede de Educação do Estado da Bahia.

Sineia Silveira, Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Salvador, BA, Brasil.

Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil. Mestre em Memória, Cultura e Desenvolvimento Regional pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Professora Titular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus V, em Santo Antônio de Jesus, BA, Brasil.

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Publicado

2021-11-09

Como Citar

Quadros, C. de, & Silveira, S. (2021). “A Gaiola”, de Augusta Faro: (des)enclausuramento do feminino no cenário doméstico. Letras De Hoje, 56(2), 357–368. https://doi.org/10.15448/1984-7726.2021.2.40022

Edição

Seção

O Conto Brasileiro Contemporâneo de Autoria Feminina