Nós, o Povo: as redes das Casas do Povo nos alinhamentos corporativos (1933–1974)
DOI:
https://doi.org/10.15448/2178-3748.2016.2.24558Palavras-chave:
Estado Novo, Corporativismo, Casas do PovoResumo
A ênfase da investigação na produção discursiva nos planos ideológico, jurídico e propagandístico (e também em matéria económica) faz denotar o laconismo das pesquisas acerca do impacto dos organismos primários no mundo rural (Grémios da Lavoura e Casas do Povo) - na esteira dos trabalhos pioneiros de Manuel Lucena e de estudos recentes (Estevão, Freire, Garrido). Este artigo pretende explorar as dinâmicas sociais internas das Casas do Povo (1934-1973) e as inter-relações tecidas com os organismos corporativos primários, centrais e regionais (Grémios da Lavoura, Junta Central das Casas do Povo, 1945; Federação Distrital das Casa do Povo de Braga, 1957), através de um estudo intensivo, por amostragem (a rede em estudo é composta por mais de 100 Casas do Povo do Distrito de Braga), tendo como principais fontes os inquéritos às Casas do Povo, um dos mecanismos encontrados pelo Estado para conhecer e acompanhar estes organismos e o mundo rural. Procura-se assim contribuir para a problematização destas entidades enquanto veículos de disseminação política, jurídica e social da estrutura pretensamente massiva do corporativismo.
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