A Inquisição de Portugal e a ambiguidade em face ao conhecimento letrado no ocaso do Antigo Regime
DOI:
https://doi.org/10.15448/2178-3748.2014.2.16304Keywords:
Inquisição, cultura letrada, Libertinagem.Abstract
Este artigo pretende analisar a atuação do Tribunal do Santo Ofício de Portugal durante no ocaso do século XVIII, tendo como objetivo verificar como se dava a relação entre este tribunal e o saber letrado dos acusados descritos nos processos, denúncias e apresentações. Numa primeira parte, pretende-se desenvolver um diálogo com a historiografia sobre a ilustração portuguesa, a fim de se discutir como que reformas conduzidas pelo Estado português contribuíram para a formação de sociabilidades ilustradas, nas quais se destacam os chamados libertinos. Num segundo momento, o objetivo é verificar a ambiguidade das percepções dos inquisidores em relação ao letramento desses mesmos libertinos. A esse saber letrado nota-se a atribuição de características positivas e negativas conforme determinadas relações construídas entre eles e formulações consideradas heréticas.Downloads
References
Referências Bibliográficas
ABREU, Márcia; Sob o olhar de Príapo: narrativas e imagens em romances licenciosos setecentistas. In: Imagens na História, Capítulo, ed. 1, HUCITEC (Aderaldo &Rothschild). 2008. Pp. 344-73
______________; Os lugares dos livros: comércio livreiro no Rio de Janeiro Joanino. In: Floema - Ano III, n. 5 A, p. 7-30, out. 2009.
ARAÚJO, Ana Cristina. Cultura das Luzes em Portugal: temas e problemas. Lisboa, 2003.
ARENDT, Hannah. Man in the dark times. A Harvest book. Hardcourt, Brace & World, Inc. New York,1968.
BARATA, Alexandre Mansur. Sociabilidade Ilustrada & Independência no Brasil. Editora UFJF. Juiz de Fora, 2006.
BICALHO, Maria Fernanda Batista. Conquistas, Mercês e poder local: a nobreza da terra na América Portuguesa e a cultura política no Antigo Regime. In: Almanack Braziliense, nº 2, 2005.
BETHENCOURT, Francisco. Os Equilíbrios Sociais do Poder, In.: MATTOSO, José (dir.) História de Portugal: No Alvorecer da Modernidade. Lisboa: Editorial Estampa, 1993.
______________, Francisco. A Inquisição. In: Yvette Kace Centeno (coord.), Portugal: mitos revisitados, Lisboa: Edições Salamandra, 1993.
______________, Francisco. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália, séculos XVI-XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
BLANCO MARTINEZ, Rogelio. La Ilustración em Europa y em España. Ensayo Ediciones Endymion. Madrid, 1999.
BOSCHI, Caio César. A Universidade de Coimbra e a formação intelectual das elites mineiras coloniais. In: Achegas à história de Minas Gerais. Porto, Universidade Portucalense Infante D. Henrique, 1994.
BURKE, Peter. A República das Letras europeia, 1500-2000. In.: Estudos Avançados 25 (72), 2011.
CÂNDIDO, Antônio. Apresentação. In: FRANCO, Francisco de Melo. Medicina Teológica (1794). Coleção Memória, 13º volume. Ed. Giordano. São Paulo,1994.
CHARTIER, Roger. Origens Culturais da revolução francesa. Trad. George Schlesinger.– São Paulo: Ed. UNESP, 2009.
DARNTON, Robert. Boemia Literária e revolução. Tradução: Luís Carlos Borges. São Paulo. Companhia das Letras,1987.
ELIAS, Norbert. A sociedade de corte: investigação sobre a sociologia da realeza e da aristocracia de corte. Tradução: Pedro Süssekind. Prefácio: Roger Chartier. Rio de Janeiro, Editora Jorge Zahar. 2001
FURTADO, Júnia Ferreira. Sedição, heresia e rebelião nos trópicos: a biblioteca do naturalista José Vieira do Couto. In: DUTRA, Eliana de Freitas; MOLLIER, Jean-Yves (org.). Política, Nação e Edição; o lugar dos impressos na construção da vida política: Brasil, Europa e Américas nos séculos XVIII-XX. São Paulo: Anablume, 2006.
NEVES, Lúcia Bastos Pereira. Revolução: em busca de um conceito no Império Luso-Brasileiro (1789-1822). In: JUNIOR, João Ferez. JASMIN, Marcelo (org.).História dos conceitos: diálogos transatlânticos. Rio de Janeiro, 2002
NOVINSKY, Anita. Estudantes brasileiros “afrancesados” na Universidade de Coimbra. A perseguição de Antônio de Morais e Silva. In: A Revolução Francesa e seu impacto na América Latina. COGGIOLA, Osvaldo (org.). Edusp, São Paulo. 1990.
MARCOCCI, Giuseppe e PAIVA, José Pedro. História da Inquisição portuguesa: 1536-1821. 1ª edição. A Esfera dos Livros, editora. Lisboa, 2013.
MONCADA, Luís Cabral de. Um ‘iluminista’ português do século XVIII: Luís António Verney. In.: “Estudos de História do Direito”. Volume III. Coimbra, 1950.
PAIVA, José Pedro. Revisitar o processo inquisitorial do padre António Vieira. In: Revista Lusitania Sacra. 23 (Janeiro-Junho 2011)151-168.
RAMOS, Luís A. de Oliveira. Sob o signo das ‘Luzes’. Lisboa: Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1988.
ROWLAND, Robert. Cristãos novos, marranos e judeus no espelho da Inquisição. In: Topoi, v. 11, n. 20, jan.-jun. 2010. Pp. 172-188.
SARAIVA, Antônio José. Inquisição e Cristãos-Novos. Histórias de Portugal (coleção). Editorial Estampa. Lisboa, 1994. 6ª edição.
SCHWARTZ, Stuart. Cada um na sua lei: tolerância religiosa e salvação no mundo atlântico ibérico. Tradução: Denise Bottman. EDUSC/Companhia das Letras. Bauru. 2009.
VAINFAS, Ronaldo – Moralidades Brasílicas: deleites sexuais e linguagem erótica na sociedade escravista- In: SOUZA, Laura de Mello e.(org.). História da Vida Privada no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1997.
VILLALTA, Luiz Carlos. A Censura, a circulação e a posse de romances na América Portuguesa (1722-1822). In: ABREU, Márcia de Azevedo, Márcia Azevedo Abreu; SCHAPOCHNICK, Nelson. (Org.). Cultura letrada no Brasil: objetos e práticas. 1 ed. Campinas; São Paulo: Mercado de Letras; Fapesp, 2005
_______________, Leituras Libertinas. In: Revista do Arquivo Público Mineiro. Ano 48, v. 1. Jan/Dez. 2012. Belo Horizonte.
____________ , As reformas pombalinas e a instrução. In: FONSECA, Thais Nívea de Lima e (Org.). 250 Anos das Reformas Pombalinas. Belo Horizonte: Autêntica/ FAPEMIG, 2011
_____________, Montesquieu’s Persian Letters and reading practices in the Luso-Brazilian World. In: PAQUETE, Gabriel. (Org.). Enlightened Reform in Southern Europe and its Atlantic Colonies, c. 1750-1830. Farnham: Ashgate, 2009
_____________, As Imagens, o Antigo Regime e a Revolução no Mundo Luso-Brasileiro. (CONFERERÊNCIA PROFERIDA NA SEMANA DE HISTÓRIA DA UFJF, EM JUIZ DE FORA, MG). 2010. (APRESENTAÇÃO DE TRABALHO/CONFERÊNCIA OU PALESTRA). Disponível em “Blogue de História Lusófona- Ano VI, Março 2011 <http://www2.iict.pt/archive/doc/bHL_Ano_VI_04_-_Luiz_Carlos_Villalta__As_imagens_e_o_controle_da_difusao_de_ideias_em_Portugal_no_ocaso_do_Antigo_Regime.pdf> Acesso em 17/06/2013.
________________. Reformismo ilustrado, Censura e Práticas de Leitura: os usos do livro na América Portuguesa. São Paulo: FFLCH-USP,1999 ( Tese de doutoramento em História), USP- 1999.
Fontes
Arquivos Nacionais da Torre do Tombo, Processo nº 028/Cx. 1577/13638. Apresentação de Gonçalo Garcia.
ANTT, Processo nº 028/13-336. Processo contra José Antônio da Silva.
ANTT, Processo nº 028/09275, Apresentação de Maria Madalena Salvada.
ANTT. Processo nº028/13977. Denúncias contra Francisco Luiz de Mariz Sarmento
ANTT, Processo número,13367, Culpas contra Manuel Galvão
ANTT. Processo nº 028/06239. Processo contra Henrique de Jesus Maria.
ANTT. Processo nº028/13977. Denúncias contra Francisco Luiz de Mariz Sarmento.
ANTT, Processo nº 028/09744. Processo de Pedro Manoel Bernes.
ANTT, Inquisição de Lisboa, Processo 028/01810- Processo contra Rodrigo Sodré Pereira.
SILVA, Antônio de Morais. Diccionario da lingua portugueza - volume 2. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/en/dicionario/2/libertino, acessado no dia 21/05/2013. P. 221.
Paul Henri Thiry, Baron d'Holbach. System of Nature; or, the Laws of the Moral and Physical World (London, 1797), Vol. 1
CUNHA, Cardeal da. Regimento do Santo Officio da Inquisição dos Reinos de Portugal. Autor: Inquisidor Geral Cardeal da Cunha. Anno MCDDLXXIV. Organização: Manuel Gomes. Primeira edição fac-similada, Novembro/2000. Depósito Legal, nº 158 695/00.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright
The submission of originals to Oficina do Historiador implies the transfer by the authors of the right for publication. Authors retain copyright and grant the journal right of first publication. If the authors wish to include the same data into another publication, they must cite Oficina do Historiador as the site of original publication.
Creative Commons License
Except where otherwise specified, material published in this journal is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license, which allows unrestricted use, distribution and reproduction in any medium, provided the original publication is correctly cited.