A Inquisição de Portugal e a ambiguidade em face ao conhecimento letrado no ocaso do Antigo Regime
DOI:
https://doi.org/10.15448/2178-3748.2014.2.16304Palavras-chave:
Inquisição, cultura letrada, Libertinagem.Resumo
Este artigo pretende analisar a atuação do Tribunal do Santo Ofício de Portugal durante no ocaso do século XVIII, tendo como objetivo verificar como se dava a relação entre este tribunal e o saber letrado dos acusados descritos nos processos, denúncias e apresentações. Numa primeira parte, pretende-se desenvolver um diálogo com a historiografia sobre a ilustração portuguesa, a fim de se discutir como que reformas conduzidas pelo Estado português contribuíram para a formação de sociabilidades ilustradas, nas quais se destacam os chamados libertinos. Num segundo momento, o objetivo é verificar a ambiguidade das percepções dos inquisidores em relação ao letramento desses mesmos libertinos. A esse saber letrado nota-se a atribuição de características positivas e negativas conforme determinadas relações construídas entre eles e formulações consideradas heréticas.Downloads
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