Narradores e seus leitores em Memorial do Convento e A Viagem do Elefante
DOI:
https://doi.org/10.15448/1983-4276.2022.1.42476Palavras-chave:
Narrador, Metaficção Historiográfica, Literatura ComparadaResumo
Neste artigo, faz-se a análise dos narradores de Memorial do Convento e A Viagem do Elefante, de José Saramago, por meio da comparação entre os métodos narrativos que aproximam leitor e narradores. Em comum, há a recorrência a recursos estilísticos, como a metalinguagem e as marcas da oralidade, que buscam estabelecer uma comunicação com o leitor. No entanto, em Memorial do Convento, encontra-se um escritor de fôlego, cujas estratégias exigem repertório e releitura. Em A Viagem do Elefante, a linguagem é menos sofisticada e as reflexões do narrador vão além da consciência crítica, pois ele explica os fatos e correlaciona-os, a fim de ampliar o alcance de sua mensagem. Para a realização das análises, utiliza-se amparo crítico de Hutcheon (1991), Adorno (2008), Bakhtin (2010), Benjamin (2010), Genette (1979) e Friedman (2002), assim como de parte da fortuna crítica dedicada às metaficções historiográficas de Saramago, principalmente Cerdeira (2018), Raoni (2002) e Cruz (2013).
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