O entrelaçar da história e da ficção em Só as mulheres sangram
DOI:
https://doi.org/10.15448/1983-4276.2021.2.35687Palavras-chave:
Feminismo negro, Literatura afro-brasileira, Questões identitáriasResumo
Neste estudo, problematizamos as relações entre a história e a ficção em quatro, dos nove, contos que compõem a narrativa afro-brasileira Só as mulheres sangram, escrita por Lia Vieira (2017). A obra aponta à vulnerabilidade social da população negra no Brasil, e às heranças escravagista, colonial e patriarcal. Para desvendar tais questões a pesquisa, bibliográfica e analítica, tem como base teórica as relações entre a História e a Literatura (PESAVENTO, 2003; RICOUER, 1997; GINZBURG, 2007); a concepção de literatura afro-brasileira (DUARTE; 2016); e a Teoria do conto (GOTLIB, 2012; MARIA, 2004). A análise permitiu concluir que os contos mantêm diálogo constante com a realidade histórica na qual se inserem. Ao dar ênfase à afetividade e a ancestralidade do povo negro, bem como à emancipação feminina, tais narrativas valorizam a identidade e o lócus enunciativo desses sujeitos, fomentando, assim, reflexões sobre a necessidade de enfrentamento das desigualdades e dos fluxos hegemônicos.
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