O tempo, a cronicidade, o risco

intra-ações e resistências distribuídas na vida com hiv

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-4301.2024.1.46225

Palavras-chave:

Dispositivo crônico intra-ativo da aids, Resistências multiespécie, História do hiv no Brasil, Análise neomaterialista dos discursos

Resumo

Este artigo parte de uma análise neomaterialista dos discursos para analisar a distribuição de agência, de efeitos e de resistências no que descrevo como o dispositivo crônico intra-ativo da aids no Brasil. Meu objetivo é descrever a relação entre uma suspeição constante à eficácia do tratamento, enunciada como “resistência” e supostamente contrária ao debate médico-científico, e a produção de um discurso de infecção crônica nos documentos do Ministério da Saúde do Brasil, desta e no discurso dos usuários da TARV, numa leitura da distribuída das resistências. Para tanto, inicialmente postulo a existência de resistências multiespécie e a necessidade de colocar em suspeição o exclusivismo humano. Depois, descrevo em linhas gerais as linhas de força do dispositivo crônico, tomando como corpus recortes das políticas públicas e de anotações do diário de campo da pesquisa desenvolvida por mim e por minha equipe (aprovada pelo Conselho de Ética da UFSC, processo 73646023.6.0000.0121). Ao analisar os recortes material-discursivos desse emaranhado, noto séries de relações entre o hiv, os remédios, os corpos e as formas de subjetividade, segundo estratégias de inscrição do tempo e da cronicidade, por um lado, e de normalização e reinscrição das práticas de exceção, por outro. Concluo, por fim, retomando minha hipótese de relações disjuntivas entre as séries, solicitadas politicamente, ainda, para produzir modos de vida considerados da ordem do risco e do perigo. 

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Biografia do Autor

Atilio Butturi Junior, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

Doutor em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (2012). Realizou estágio pós-doutoral no IEL/Unicamp (2014-2015), sob supervisão do professor doutor Kanavillil Rajagopalan, e estágio pós-doutoral na Faculdade de Filosofia da Ciência da Universidade Nova de Lisboa (2017-2018), com bolsa da Capes-Brasil. É professor Associado da Universidade Federal de Santa Catarina, líder do Grupo de Estudos no Campo Discursivo (UFSC CNPq) e membro dos Grupos de Pesquisa A condição Corporal (PUC-SP CNPq), Cartografias do Contemporâneo (UFU | CNPq) e do Laboratório Pós-Humanismo e Humanidades Digitais (Unicamp). Desde 2015, é editor-chefe da revista Fórum Linguístico, docente do Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC (que coordenou entre 2018 e 2020). Atualmente, é coordenador do projeto “É só mais uma crônica”, financiado pela Fapesc, com pesquisa voltada ao dispositivo crônico da aids no Brasil e à construção de uma análise neomaterialista dos discursos.

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Publicado

2024-12-03

Como Citar

Butturi Junior, A. (2024). O tempo, a cronicidade, o risco: intra-ações e resistências distribuídas na vida com hiv. Letrônica, 17(1), e46225. https://doi.org/10.15448/1984-4301.2024.1.46225

Edição

Seção

DOSSIÊ: CONTRADISCURSOS DE RESISTÊNCIA EM DIFERENTES AMBIENTES DE INTERAÇÃO